Ibovespa fecha em alta de 0,63% com decisões do Fed e aprovação da PEC dos Precatórios; dólar vai a R$ 5,70

Banco Central americano manteve juros próximos a zero, mas anunciou que vai acelerar retirada de estímulos à economia

Mitchel Diniz

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O Ibovespa teve uma sessão de forte volatilidade com os mercados em todo o mundo repercutindo o resultado da reunião do Comitê de Mercado Aberto do Banco Central dos EUA (Fomc, na sigla em inglês). Como já era esperado, o Federal Reserve manteve a taxa de juros no país entre zero e 0,25% ao ano, porém sinalizou que essa realidade deve mudar muito em breve. Essa perspectiva mexeu com as Bolsas lá fora e acabou impactando os negócios por aqui também.

“O mercado acabou reagindo bem, a princípio, porque veio bem dentro do esperado, tirando a ansiedade pré-reunião dos investidores. Eu acho que seria surpresa só se o Fed sinalizasse um adiantamento no aumento dos juros ou finalizar de vez a recompra dos títulos”, afirmou Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Não finalizou de vez, porém dobrou o ritmo de retirada dos estímulos da economia americana. O Federal Reserve vai cortar em US$ 30 bilhões por mês a compra de títulos públicos que vinha fazendo desde o início da pandemia. O BC americano já vinha reduzindo as compras mensalmente em US$ 15 bilhões. Essa postura foi vista como hawkish por diversos analistas.

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Marcos Mollica, gestor do Opportunity Total, observa que o Federal Reserve indicou fazer três altas de juros em 2022, enquanto o consenso era duas elevações por ano. Serão outras três em 2023 e duas em 2024. “Com isso, o Fed indica uma antecipação das altas sem mudar significativamente a taxa terminal, de 1,75% para 2,25%, o que atenua um pouco o impacto da decisão no mercado”, afirmou Mollica.

Em entrevista após o término da reunião do Fomc, o chairman do Fed, Jerome Powell, disse que o tapering (retirada de estímulos) deve ser finalizado em março, mas que os juros só vão subir quando for necessário. Os analistas acreditam que isso não vai demorar a acontecer.

Para Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria, o Fed sinaliza que a economia americana está reagindo de forma rápida. “Se a economia americana está indo bem, com geração de emprego indo bem e a inflação começa a preocupar, é completamente natural que o FOMC eleve os juros em março. Se os estímulos estão diminuindo, é porque a economia não está mais precisando deles”, afirma.

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Vale lembrar que os juros mais altos nos EUA aumentam a rentabilidade dos títulos do Tesouro americano, que passam a atrair capital de investimentos de risco e de mercados emergentes, além de fortalecer o dólar em relação a outras moedas.

Pec dos Precatórios e indicadores domésticos

Nas últimas horas de negociações, o Ibovespa também contou com o apoio da aprovação da PEC dos Precatórios, em segundo turno, na Câmara. Foram 332 votos a favor, 141 contra e 1 abstenção. O texto-base é o mesmo que foi modificado e aprovado pelo Senado. Essa foi uma boa notícia para o mercado, pois o tema está dando seus passos finais antes do início do recesso parlamentar.

Não que os investidores simpatizem com a Proposta de Emenda à Constituição, que vai adiar o pagamento de dívidas judiciais do governo e abrir espaço no Orçamento Público para financiamento do Auxílio-Brasil, substituto do Bolsa Família. É que, para os analistas, a alternativa é “menos pior” do que um plano B que poderia furar o Teto de Gastos e piorar a situação fiscal do país de maneira mais rápida.

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Os indicadores econômicos domésticos continuam fracos. O Banco Central divulgou hoje o IBC-Br, sobre o desempenho da economia no último mês de outubro. Conhecido popularmente como “prévia do PIB”, o índice registrou queda de 0,4% na comparação com setembro, refletindo os dados mais recentes da economia, como os do varejo e serviços, que vieram piores que o esperado.

Números de fechamento

Diante dessa agenda carregada de dados e acontecimentos, o Ibovespa fechou a quarta-feira em alta de 0,63% aos 107.431 pontos. O volume negociado na sessão de hoje ficou em R$ 29,3 bilhões. O Ibovespa futuro para fevereiro de 2022 subiu 0,9% aos 108,410 pontos.

O dólar comercial foi beneficiado pelas sinalizações do Fed, fechando em alta mesmo após o Banco Central brasileiro vender US$ 950 milhões em leilão à vista. A moeda americana subiu 0,25%, a R$ 5,707 na compra e R$ 5,708 na venda. O dólar futuro para janeiro de 2022 fechou em ligeira queda de 0,03%, a R$ 5,701.

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No mercado de juros futuros, os contratos voltaram a subir: na sessão estendida, o DI para janeiro de 2023 avança cinco pontos-base, para 11,54%; DI para janeiro de 2025 subia quatro pontos-base, a 10,50%; e o DI para janeiro de 2027 operava estável, a 10,37%.

Bolsas internacionais e commodities

As Bolsas em Nova York foram as mais beneficiadas pelas sinalizações do Fed. Depois que os investidores tomaram conhecimento sobre os próximos planos da autoridade monetária, os índices, que caminhavam para a terceira sessão consecutiva de baixa, inverteram sinal e fecharam com ganhos expressivos.

O Dow Jones fechou em alta de 1,08%, a 35.926 pontos; o S&P 500 avançou 1,63%, a 4.709 pontos; e a Nasdaq fechou em alta de 2,15%, a 15.565 pontos

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As Bolsas europeias fecharam antes do término da reunião do Fed e não acompanharam o rali de Nova York. O índice Stoxx 600, que reúne ações de empresas de 17 países europeus fechou em alta moderada, de 0,26%. Até o final desta semana, os Bancos Centrais Europeu e da Inglaterra também se reúnem para decidir sobre medidas de estímulo, diante do avanço da inflação.

Porém, há os riscos da variante ômicron do coronavírus, que continuam sendo monitorados pelos investidores.

Os preços do petróleo no mercado internacional também inverteram sinal e fecharam em alta. O barril do Brent avançou 0,24%, a US$ 73,88 o barril, enquanto o WTI subiu 0,2% a US$ 70,87. Na sessão estendida, os preços acentuam ganhos após as decisões do Federal Reserve.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados