Ibovespa interrompe sequência de 7 altas semanais apesar de subir 1% hoje; dólar tem valorização a R$ 5,19

Mercado termina sessão com ganhos, mas não é capaz de superar correção depois de um prolongado rali

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira (23), último pregão antes do Natal, mas não evitou a primeira queda semanal em oito semanas. Já o dólar, que voltou a ser demandado como hedge (proteção) a posições em Bolsa, teve sua maior alta semanal em três meses.

A principal notícia negativa desta semana foi a nova cepa do coronavírus, que se disseminou no Reino Unido e levou a novos lockdowns na Europa, tornando ainda mais incerta a recuperação econômica no continente.

Hoje, contudo, o ânimo por conta das vacinas, alta de 2% do petróleo e estímulos nos Estados Unidos acabaram ofuscando esses temores relacionados à Covid. As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) subiram em torno de 2,5% e, junto com bancos, ajudaram a manter o tom positivo na Bolsa.

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Uma outra boa notícia hoje foi que o governo de São Paulo e o Instituto Butantan anunciaram que a CoronaVac, vacina produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, apresentou eficácia após os resultados dos estudos da fase 3 de testes clínicos, a última antes da aprovação final.

O Ibovespa teve alta de 1,00%, aos 117.806 pontos com volume financeiro negociado de R$ 19,7 bilhões. Na semana, entretanto, o principal índice da B3 caiu 0,18%.

Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,73% a R$ 5,1993 na compra e a R$ 5,1998 na venda. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2021 tinha alta de 1,12% a R$ 5,214 no after-market.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu dois pontos-base a 2,87%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de três pontos-base a 4,27%, o DI para janeiro de 2025 recuou cinco pontos-base a 5,81% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de cinco pontos-base a 6,61%.

No radar macroeconômico, uma intervenção de última hora do presidente americano, Donald Trump chegou a ameaçar tirar ânimo das bolsas, mas o impulso comprador do rali de fim de ano prevaleceu.

Trump pediu mudanças no projeto de lei para o pacote de estímulos no valor de US$ 900 bilhões. Ele classificou a medida como uma “desgraça” inadequada, e exortou os legisladores a fazerem mudanças, incluindo pagamentos mais generosos aos americanos.

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Entre as alterações pleiteadas, o líder da Casa Branca pede que o valor do pagamento direto a americanos seja ampliado dos atuais US$ 600 para US$ 2 mil. “Também peço ao Congresso que retire os itens desnecessários dessa legislação e que me mande uma lei adequada”, instou.

Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, disse que a fala de Trump não é um blefe e preocupa porque o presidente pode vetar o projeto, porém teria que arcar com as consequências dentro do próprio partido, uma vez que os republicanos possuem essa demanda por gastos federais.

Já Sérgio Vale, economista-chefe e sócio da MB Associados, vê menos risco na situação e lembra que em menos de um mês Trump estará fora do governo. “Pode ser que o auxílio atrase, mas acabará saindo com [o presidente eleito democrata, Joe] Biden.”

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Além disso, seguem as dúvidas a respeito da capacidade dos negociadores europeus e britânicos conseguirem firmar um acordo comercial pós-Brexit antes de 2020 acabar. Ontem, o negociador-chefe da União Europeia, Michel Barnier, afirmou que o bloco realizava um “esforço final” para chegar a um resultado. Mas continuam a existir discordâncias sobre o tema da pesca.

Hoje, mais de 60% da pesca em águas britânicas é feita por navios estrangeiros, à medida que barcos da União Europeia têm acesso as águas dos países membros. Isso continua a valer para as águas britânicas ao menos até o final do ano, mas o Reino Unido deseja limitar esse acesso.

No Brasil, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, detalhou que o Ministério da Saúde negocia com o Instituto Butantan a expansão do contrato de aquisição da CoronaVac para 100 milhões de doses, a serem entregues no primeiro semestre de 2021. De acordo com o secretário, o contrato com o Butantan está praticamente fechado.

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Já na política, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou na terça que a agenda prioritária para 2021 envolve os temas de reorganização do Estado e das contas públicas.

Dentre as propostas citadas pelo líder como essenciais estão as reformas tributária e administrativa, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial e a autonomia do Banco Central, e o pacto federativo, além das privatizações. Ele também repetiu aquele que afirma ser o mantra do presidente Jair Bolsonaro (sem partido): “Não tem aumento da carga tributária, não tem fura teto e não tem prorrogação do orçamento de guerra”.

Entre as commodities, o valor do minério de ferro despencou 6% na China após a mudança nas regras de negociação para conter o movimento dos especuladores. A tonelada do minério na bolsa de Dalian encerrou o pregão em US$ 156,95 depois de chegar a cair 9,1%. A commodity mais que dobrou de valor em 2020, o que impulsionou o rali das ações da Vale (VALE3).

Pandemia, vacinação e restrições no Brasil

O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de terça, o avanço da pandemia em 24h no país.

A média móvel de novos casos no Brasil em sete dias encerrados na terça foi de 49.395 diagnósticos, um recorde desde que o consórcio começou a sistematizar os dados, no início de junho, e alta de 18% frente 14 dias antes. Apenas em 24 horas foram confirmados 55.799 casos.

A média móvel de mortes em sete dias foi de 776, o maior valor desde 17 de setembro, quando foi registrada média de 779 mortes. Foram 21% casos a mais do que a média de 14 dias antes. Apenas em 24 horas foram registradas 963 mortes.

Na terça, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou à comissão externa da Câmara dos Deputados sobre ações contra a Covid que a fundação espera receber em janeiro o ingrediente ativo do imunizante desenvolvido pela parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford, e iniciar a entrega de doses da vacina em fevereiro.

“Esse é o nosso cronograma de entregas, a partir dessa semana de fevereiro, de 8 a 12, estaremos entregando um milhão de doses de vacinas ao PNI (Programa Nacional de Vacinação)”, afirmou Trindade. A vacina é uma das principais apostas do governo federal para imunizar a população brasileira.

Na terça, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, afirmou que o Brasil deve receber 150 milhões de doses de vacinas contra Covid-19 no primeiro semestre de 2021, somando os imunizantes Pfizer/BioNTech, Sinovac/Butantan e AstraZeneca/Fiocruz.

Além disso, o secretário detalhou que o Ministério da Saúde negocia com o Instituto Butantan a expansão do contrato de aquisição da CoronaVac para 100 milhões de doses, a serem entregues no primeiro semestre de 2021. De acordo com o secretário, o contrato com o Butantan está praticamente fechado.

Na semana passada, o Ministério da Saúde apresentou o Plano Nacional de Imunização. Na ocasião, o ministro da pasta, general Eduardo Pazuello, anunciou que as primeiras entregas devem ocorrer em janeiro, com um quantitativo de 24,5 milhões de doses juntas dos três laboratórios no mês.

A Anvisa anunciou na terça que está fazendo o acompanhamento das chegadas de voos vindos do Reino Unido nos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e do Galeão, no Rio de Janeiro, após o surgimento de uma nova variante do coronavírus em solo britânico que se mostrou mais transmissível.

Entre as ações adotadas estão a leitura de mensagem sonora no voo já em solo brasileiro, fiscalização do interior da aeronave antes do desembarque, orientação de passageiros e tripulantes sobre o monitoramento deles no Brasil e solicitação às companhias aéreas de informações sobre tripulantes e passageiros.

Além disso, o governo de São Paulo determinou o aumento de restrições de funcionamento de negócios em todo o estado durante o Natal e o réveillon. Apenas serviços essenciais poderão funcionar nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1, 2 e 3 de janeiro, similar ao estabelecido pela classificação de fase vermelha no estado.

Agenda do governo e contas públicas

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou na terça que a agenda prioritária para 2021 envolve os temas de reorganização do Estado e das contas públicas.

Dentre as propostas citadas pelo líder como essenciais estão as reformas tributária e administrativa, a PEC emergencial e a autonomia do Banco Central, e o pacto federativo, além das privatizações. Ele também repetiu aquele que afirma ser o mantra do presidente Jair Bolsonaro (sem partido): “Não tem aumento da carga tributária, não tem fura teto e não tem prorrogação do orçamento de guerra”.

Segundo informações de bastidores publicadas na terça pelo jornal Folha de São Paulo, o aumento de despesas obrigatórias, impulsionadas pela inflação, deve levar o Ministério da Economia a cortar entre R$ 10 bilhões e R$ 20 bilhões no Orçamento do próximo ano, segundo integrantes da pasta cujo nome não foi divulgado.

Além disso, a Câmara aprovou na terça o texto principal de projeto da chamada lei cambial, que altera a legislação brasileira sobre o mercado de câmbio e é considerado prioritário pelo Banco Central para a elevação de investimentos.

O projeto de modernização cambial dispõe sobre o mercado de câmbio brasileiro, o capital brasileiro no exterior, o capital estrangeiro no país e a prestação de informações ao BC. Por acordo entre os partidos, os deputados decidiram aprovar o texto-base nesta terça e deixar a análise das emendas, que podem alterá-lo, para 2021.

Radar corporativo

A Cielo aprovou o pagamento de R$ 151 milhões em juros sobre o capital próprio, com um valor bruto por ação de R$ 0,05595195275.

O montante será pago no dia 17 de fevereiro de 2021 com base na posição acionária de 29 de dezembro. Ou seja, os papéis passarão a negociar na forma “ex-JCPs” a partir de 30 de dezembro de 2020.

A Uega (Usina Elétrica a Gás de Araucária) firmou um acordo com a Petrobras para suprimento de gás natural de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2021, informou em comunicado a Copel, detentora da unidade paranaense.

O contrato prevê o fornecimento de 2,15 milhões de metros cúbicos de combustível por dia, sem obrigatoriedade de retirada. Com isso, a Uega permanecerá disponível ao (SIN) Sistema Interligado Nacional e poderá ser despachada a critério do ONS (Operador Nacional do Sistema), afirmou a Copel.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
PRIO3 9.68499 65.46
AZUL4 6.86136 37.69
GOLL4 5.27897 24.53
USIM5 4.79599 14.64
EMBR3 4.13625 8.56

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BEEF3 -2.53759 10.37
SUZB3 -2.08044 56.48
MRFG3 -2.07636 14.62
KLBN11 -1.94024 25.27
RADL3 -1.69425 24.95

A Petrobras celebrou novos contratos de longo prazo com a Braskem para o fornecimento de nafta petroquímica para unidade industrial em São Paulo e de etano e propano para fábrica no Rio de Janeiro, informou a petroleira na terça.

Segundo a estatal, o contrato de nafta tem valor estimado de R$ 19 bilhões e entrará em vigor na quarta, com validade até o final de 2025. Ele prevê o fornecimento de até 2 milhões de toneladas da matéria-prima por ano. Já o acordo de etano e propano, estimado em R$ 7,6 bilhões, passará a valer em 1º de janeiro de 2021 e também possui vencimento no final de 2025.

O Conselho de Administração da companhia Furnas aprovou um acordo judicial para reaver à elétrica Light R$ 496 milhões referentes a pagamentos indevidos recebidos pela subsidiária da Eletrobras em 1986, informou a estatal na terça. O acordo prevê que o pagamento será realizado em três parcelas, sendo uma de R$ 336 milhões até 28 de dezembro deste ano, uma de R$ 40 milhões até 5 de dezembro de 2021 e outra de R$ 120 milhões até 18 de março de 2022.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.