Ibovespa interrompe ciclo de cinco altas semanais e fecha abaixo dos 113 mil pontos; dólar acumula queda de 7,8% no ano

Aversão ao risco dos investidores, com ameaça de guerra na Ucrânia, derrubou índices em Wall Street e contaminou Bolsa brasileira

Mitchel Diniz

(Getty Images)

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O Ibovespa fechou próximo às mínimas do dia, em mais uma sessão pautada por temores de uma guerra na Ucrânia. A aversão do investidor por ativos de risco voltou a derrubar os índices em Wall Street e contaminou a Bolsa brasileira, que interrompeu um ciclo de cinco altas semanais.

Aos 112.879 pontos, o Ibovespa terminou a sexta-feira (18) em queda de 0,57%, com um giro financeiro de R$ 24,9 bilhões. Na semana, o índice recuou 0,6%. Vale lembrar que, até ontem, a Bolsa brasileira vinha de uma sequência de sete sessões em alta, resistindo às preocupações com a situação no leste europeu.

Mas as tensões estão cada vez mais acirradas, com confronto de separatistas pró-Rússia dentro do território ucraniano e relações diplomáticas entre os países cada vez mais estremecidas.

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Para Rodrigo Franchini, o fator risco impacta os negócios, mas o fator preço também começa a influenciar o desempenho da Bolsa. “O preço dos ativos brasileiros ainda é atrativo, mas não tanto quanto estava quando o índice tinha 105 mil pontos”, afirma.

Ele acredita que o fluxo estrangeiro na Bolsa pode continuar, mas diz que o investidor vai olhar melhor para os critérios de avaliação dos ativos brasileiros. “Naturalmente você tem uma reprecificação de Bolsa e de critérios de avaliação de entrada. E isso leva a uma redução de fluxo, que se soma aos atuais riscos globais”, diz Franchini.

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Para Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria, o fluxo de investimento estrangeiro continua consistente, em cerca de US$ 5 bilhões no mês de fevereiro.

“O que traz a correção dos mercados é muito mais a incerteza do que de fato uma notícia ruim. A incerteza é que é difícil de precificar e o que vimos esta semana foi uma ajuste dessas incertezas, pois a semana começou com a expectativa de que as tensões seriam resolvidas”, afirma.

Espinhel também lembra que estamos em uma temporada quente de balanços corporativos e esses resultados acabam interferindo nos preços.

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Entre as maiores altas do Ibovespa, Cielo (CIEL3) disparou na frente, subindo 12,3%. As ações foram impulsionadas pela notícia de venda da fatia da empresa na Merchant e- Solutions, por até US$ 290 milhões.

A pior queda do índice hoje foi Rumo (RAIL3), que apresentou os resultados referente ao quarto trimestre. Apesar dos fortes volumes no trimestre, analistas destacaram margens impactadas pelo aumento nos custos de combustível. RAIL3 caiu 8,81%.

O dólar comercial fechou em baixa de 0,52%, a R$ 5,14 na compra e na venda. A moeda americana teve a 6ª semana seguida de queda e no acumulado do ano já se desvalorizou 7,8%.

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Os juros futuros oscilaram entre perdas e ganhos ao longo do dia e terminam sessão estendida em ligeira queda: DIF23, -0,02 pp, a 12,36%; DIF25, -0,06 pp, a 11,40%; DIF27, -0,04 pp, a 11,30%; DIF29, -0,01 pp, a 11,47%.

Em Nova York, as Bolsas tiveram uma sessão de forte volatilidade acompanhando informações desencontradas sobre a situação na fronteira ucraniana. O Dow Jones fechou em baixa de 0,68%, aos 34.079 pontos; o S&P 500 caiu 0,71%, a 4.348 pontos; e a Nasdaq recuou 1,23%, a 13.548 pontos.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados