Tensão entre Rússia e Ucrânia pode ter desfecho diplomático, mas deve durar meses, avalia UBS

Para os analistas do branco, guerra colocaria em xeque crescimento da Rússia e outras nações da Zona do Euro

Mitchel Diniz

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Nos últimos dias, tem ganhado destaque no noticiário as manchetes sobre a possibilidade de um conflito entre Ucrânia e Rússia. Os analistas do banco UBS ainda acreditam que é possível evitar uma invasão russa ao país vizinho e afirmam que esforços diplomáticos acabarão levando a uma diminuição das tensões, mas destacam que a situação ainda deve se arrastar por muito tempo. “Isso pode levar vários meses, com grandes chances de tensões acirradas como a que nós estamos vivenciando agora se repetirem”, escreveram.

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Mesmo assim, o UBS avalia que os dois países vão perceber que um conflito militar tem “um custo econômico e político muito alta para valer a pena”. Os analistas avaliam que sanções do Ocidente poderiam prejudicar seriamente a perspectiva de crescimento econômico da Rússia no longo prazo, além de inflamar sentimentos dentro da própria população, provocando protestos como os de 2020 em Belarus, os do início de 2021 na própria Rússia e, mais recentemente, os do Cazaquistão.

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“A União Europeia sofreria consequências consideráveis, levando em conta que a energia russa representa quase 40% de suas importações de gás e 30% de suas importações de petróleo”, explica o texto do UBS.

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Apesar disso, o banco acha improvável que os fluxos de distribuição de energia sejam interrompidos de forma significativa, mesmo no caso de uma invasão militar. “Uma interrupção prolongada das exportações de energia para a Europa prejudicaria significativamente a economia russa”, afirma.

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O UBS ressalta que, apesar da recente volatilidade, o ambiente ainda é de crescimento econômico robusto e de lucros. O banco mantém perspectiva positiva para o mercado de ações em 2022, mas admite que pode vir a mudar recomendações sobre empresas da Zona do Euro no caso de uma escalada militar.

Como se proteger nesse cenário?

“Setores como energia, financeiro, ações de valor e commodities estão posicionados de forma a se beneficiar de um crescimento econômico robusto e relativamente bem isolados dos riscos primários do mercado”, dizem os analistas do banco.

O UBS afirma que os investidores podem aproveitar essa perspectiva de crescimento e se proteger de potenciais cenários de risco adotando algumas estratégias. Em primeiro lugar, diversificar e manter uma visão de longo prazo, pois movimentos de baixa motivados por stress geopolítico tendem a ser curtos para carteiras bem diversificadas.

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Outra forma de se proteger, segundo o banco, é fazer alocações em ações de commodities e energia, de maneira a fazer um hedge político.

“Os preços da energia provavelmente subiriam no caso de uma escalada na situação e, independentemente do que acontecer na Ucrânia, esperamos que os preços do petróleo subam ainda mais este ano graças ao aumento da demanda e oferta um pouco restrita”, diz o banco.

O UBS, contudo, alerta para taxas de juros mais altas, e aconselha os investidores a se posicionar em ativos que podem performar bem em uma situação de política monetária restritiva.

“Por exemplo, o setor financeiro normalmente se beneficia com o aumento dos juros, graças a uma maior margem de juros líquida”, escreveram os analistas do banco. “Também esperamos que ações de valor tenham desempenho melhor do que setores de crescimento, como o de tecnologia, que tem sofrido com o aperto monetário”, concluem.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados