Ibovespa Futuro fecha em queda de 13% e dólar futuro bate R$ 4,82 após derrubada de veto de Bolsonaro à ampliação do BPC

ETF de ADRs brasileiros também continuou em queda depois do fechamento, dando maus sinais para o mercado amanhã

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Depois do Ibovespa fechar em queda de 7,64% com as novidades no cenário do coronavírus, o noticiário político derrubou ainda mais o mercado brasileiro no after-market. O contrato futuro do Ibovespa para abril fechou às 18h03 (horário de Brasília), em queda de 13,02%.

Fora isso, não bastasse a queda de quase 10% no pregão regular, o MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), principal ETF (fundos de gestão passiva que acompanham algum índice e são negociados em Bolsa) das ADRs (na prática, as ações de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos) brasileiras, cai 5,66% no after-market da Bolsa de Nova York, enquanto os índices futuros dos EUA ficaram perto da estabilidade no mesmo horário, depois da baixa no pregão regular: o S&P futuro subiu 0,20%, o Nasdaq registrou alta de 0,21% e o Dow Jones Futuro teve variação positiva de 0,12%.

Esse movimento negativo no after-market reflete o resultado da votação no Congresso, que derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro ao Projeto de Lei 3.055/97. O PL trata do aumento de um quarto do salário mínimo para meio salário mínimo no limite da renda familiar per capita para idosos e pessoas com deficiência terem acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). Houve 137 votos a favor do veto.

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O impacto econômico estimado dessa medida é de R$ 217 bilhões em dez anos, segundo Bruno Bianco, secretário especial da previdência. O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse ao Estado de S. Paulo que a queda do veto pode significar o fim do teto de gastos. Já os analistas da XP Política destacam que o veto equivale a um desconto de cerca de 20% no impacto fiscal da reforma da Previdência aprovada no ano passado.

Portanto, o mercado não teve paz depois do dia de pânico provocado pela falta de ações concretas do governo americano para mitigar o impacto econômico do coronavírus e pela declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o Covid-19 é uma pandemia.

O próprio presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a derrubada de veto é uma decisão equivocada, especialmente em um dia de nervosismo como foi hoje. “De fato, o impacto é grande, num momento difícil. Num momento em que economia brasileira começa a dar sinais de que não vai crescer aquilo que estava projetado no início do ano, num dia da decisão da OMS de decretar pandemia, com as bolsas caindo muito, com nervosismo muito grande dos atores econômicos”, disse a jornalistas.

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“É uma decisão que eu acho mais atrapalha do que ajuda nesse momento de crise na saúde e crise que já vai começar a afetar a economia brasileira”, avaliou o congressista.

Amanhã, a expectativa é de que a Bolsa volte a cair no pregão regular para refletir essa queda brusca no after-market.

O câmbio também foi impactado. O dólar futuro para abril subiu 3,63% e bateu novo recorde, chegando a R$ 4,8235 após a derrubada do veto ao BPC. Durante a tarde, parte da apreciação mais forte da moeda americana ante o real foi atribuída à falta de atuação do Banco Central com venda de dólares à vista, algo que a autoridade monetária havia feito na segunda e na terça.

Depois do fechamento, o BC anunciou um leilão de US$ 1,5 bilhão à vista para esta quinta-feira (12).

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.