Ibovespa fecha em queda de 1,3% e volta aos 117 mil pontos pressionado por resultados; dólar sobe a R$ 5,43

Mercado encerra com perdas em meio a resultados, exterior e noticiário político carregado em Brasília

Ricardo Bomfim

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (4) puxado principalmente pelas ações do Itaú Unibanco (ITUB4), que registrou um dos piores desempenhos do índice na sessão depois de divulgar seu resultado no primeiro trimestre. Os investidores ainda acompanham com atenção o noticiário político, em dia cheio para Brasília.

Sobre o Itaú, apesar do maior banco privado do país superar as projeções ao entregar um lucro recorrente de R$ 6,398 bilhões, analistas não se animaram muito com os números e apontaram que “faltou qualidade” no balanço, com diversos itens não recorrentes e preocupação com inadimplência. As ações da instituição financeira fecharam em queda de 4,27%.

Além disso, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que recebeu também outro ex-ministro da pasta, Nelson Teich.

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Enquanto isso, o relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresenta neste momento seu parecer sobre as mudanças no sistema tributário do País. A reunião ocorre após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), estabelecer a última segunda-feira (3) como prazo limite para a apresentação do texto na comissão extraoficial.

Ele deve apresentar um relatório completo da reforma, apesar de Lira indicar que deve fatiar a reforma para avançar com sua aprovação.

No exterior, as bolsas americanas encerraram o dia em baixa à exceção do índice Dow Jones, de blue chips da economia tradicional. Os índices dos Estados Unidos tiveram uma piora repentina em meio a um forte volume pela manhã, algo que ditou o ritmo de Wall Street pelo restante do pregão.

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Não há um fator claro para o que pode ter levado a esse forte movimento de queda, mas segundo destacou a Bloomberg, alguns operadores especulam sobre as tensões militares entre a China e Taiwan, um lockdown mais forte em Cingapura e a decisão da Ferrari de adiar suas metas financeiras.

O Ibovespa caiu 1,26%, a 117.712 pontos com volume financeiro negociado de R$ 31,92 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,22% a R$ 5,43 na compra e a R$ 5,431 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em junho cai 0,38% a R$ 5,435 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu cinco pontos-base a 4,78%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de 12 pontos-base a 6,52%, o DI para janeiro de 2025 avançou 17 pontos-base a 8,02% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de 17 pontos-base a 8,65%.

Ainda nos Estados Unidos, governadores caminham para o relaxamento das medidas restritivas conforme a vacinação avança no país. O governador Andrew Cuomo, de Nova York, anunciou na segunda que a maior parte das restrições de ocupação serão retiradas nas cidades de Nova York, Nova Jersey e Connecticut. O serviço 24 h de metrô deverá ser retomado neste mês.

O governador do estado da Flórida, Ron DeSantis, assinou uma ordem executiva que suspende as restrições de saúde restantes no estado.

As bolsas asiáticas fecharam com resultados variados entre si, enquanto grandes mercados do Japão e da China continuam fechados para feriados.

Investidores continuam a monitorar a crise da pandemia do coronavírus na Índia, que mantém um forte ritmo de contaminações, acima de 350 mil por dia. Na segunda, a Organização Mundial de Saúde alertou que um de cada três novos casos registrados no mundo vem da Índia. Apesar disso, os índices Nifty 50 e BSE Sensex tiveram ganhos de 0,16% às 12h40 do horário local.

Covid no Brasil

Na segunda (3), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 2.375, queda de 16% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registradas 1.054 mortes.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h. A média móvel de novos casos em sete dias foi de 60.140, queda de 6% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 37.451 casos.

32.316.507 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 15,26% da população. A segunda dose foi aplicada em 16.279.037 pessoas, ou 7,69% da população.

O Ministério da Saúde começou na segunda a enviar aos estados 500 mil doses da vacina contra a Covid produzida pela parceria entre as farmacêuticas BioNTech e Pfizer.

A pasta decidiu recomendar aos gestores de saúde em estados e municípios que façam um intervalo de 12 semanas entre a primeira e a segunda doses da vacina contra Covid-19 da Pfizer, como forma de ampliar o alcance da vacinação.

O intervalo é superior ao período de 21 dias recomendado pela Pfizer na bula do imunizante, com base nos testes de segurança e eficácia da vacina.

A FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos) está se preparando para autorizar o uso dessa mesma vacina em adolescentes com idades entre 12 e 15 anos no início da semana que vem, segundo reportagem do jornal americano The New York Times.

Até o momento, a CoronaVac, produzida no país pelo Instituto Butantan, continua sendo a vacina mais aplicada no Brasil. Segundo levantamento do portal G1, ao menos sete capitais têm faltas de estoque do imunizante: Aracaju, Belo Horizonte, Belém, Campo Grande, Porto Alegre, Porto Velho e Recife.

Na segunda, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que o governo discute uma recomposição das dotações orçamentárias voltadas ao desenvolvimento de vacinas próprias contra a Covid-19.

“Reforço aqui que a junta orçamentária tratará deste tema”, disse Waldery durante audiência pública em comissão do Congresso que acompanha a questão da Covid, acrescentando que o tema é “prioritário”.

Uma das alternativas possíveis, segundo ele, é realocação de recursos de outras despesas, que teriam que ser canceladas. O próprio acompanhamento da evolução das receitas e despesas orçamentárias pode indicar espaços para gastos adicionais, afirmou.

O governo também anunciou na segunda que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vai sancionar projeto de lei aprovado pelo Congresso estabelecendo medidas de apoio ao setor de eventos com veto à previsão de redução de tributos para as empresas.

O projeto cria o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) que prevê, entre outras iniciativas, alíquota zero de PIS/Pasep, Cofins, da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e do IRJP (Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas) por um período de 60 meses, de acordo com a Agência Senado.

Segundo o secretário especial de Produtividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, uma redução de tributos para o setor demandaria aumento de taxação para outros segmentos, “algo que o presidente sempre falou que é contra”.

“Isso, neste momento, nós vamos ter que vetar por um motivo muito simples: não existia uma estimativa que coubesse dentro das compensações tributárias que precisariam ser feitas. O volume de compensações tributárias, que deveria ser feito caso tudo fosse sancionado, teria aumento de imposto sobre outros setores”, disse Costa, ao lado de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Poderão aderir ao Perse empresas de hotelaria, cinemas, casas de eventos, casas noturnas, de espetáculos, e buffets sociais e infantis, além de empresas que realizam congressos, show e espetáculos, entre outras.

Reforma tributária

O relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), deve ler seu parecer sobre as mudanças no sistema tributário do País nesta terça-feira. Em uma reunião da Comissão Mista que debate as proposta de emenda à Constituição (PECs) 45 e 110, além de um projeto de lei do governo, ficou agendada a sessão para a terça, às 15 horas, para a leitura do relatório.

Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu um ultimato para o relator apresentar seu relatório. Aguinaldo Ribeiro não se manifestou publicamente, mas nos bastidores resistia em apresentar o texto sem saber o rumo da reforma na Câmara e quais os planos de Lira.

Ele deve apresentar um relatório completo da reforma, apesar de Lira indicar que deve fatiar a reforma para avançar com sua aprovação.

“Quando a gente não pode comer um boi inteiro, comemos em parte. Então, conversei com os líderes da Câmara. Vou ainda conversar com os líderes da oposição, para ajustar. Conversei já com a Economia, com Rodrigo Pacheco (DEM-MG) [presidente do Senado], com o presidente da República e vou conversar com os dois relatores e presidentes das comissões nas Casas. A ideia é realmente fatiar”, disse Lira ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), na semana passada.

A reforma tributária é apontada por economistas como uma medida fundamental para retomada da economia do País e para atração de investimento, principalmente, no pós-pandemia. A pauta tem se tornado o principal tema da Câmara, enquanto o Senado mergulha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, para apurar a atuação do governo na crise sanitária.

Ainda em destaque, segundo reportagem de capa do jornal Folha de S. Paulo, o presidente Jair Bolsonaro vem sendo pressionado pelo Congresso a acelerar a criação de um programa social que substitua o auxílio emergencial. A pressão ocorre em um momento em que o ritmo lento de vacinação continua a manter distante a perspectiva de volta à normalidade. Quando assumiu seu mandato, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prometeu ritmo de vacinação de 1 milhão de pessoas por dia “a curto prazo”. Mas, até o momento, essa marca só foi atingida na média de sete dias em 29 de abril, com 1.008.110 pessoas. Nos três dias seguintes, os números caíram.

Em evento com empresários em São Paulo na segunda, Queiroga afirmou que “18% da população brasileira” teria recebido as duas doses de vacina contra a Covid. Mas apenas 7,49% haviam sido imunizados até então, segundo os dados de secretarias estaduais de Saúde sistematizados por veículos de imprensa.

Congressistas governistas alertaram o governo que, caso a ampliação do Bolsa Família, promovida pelo ministro da Economia Paulo Guedes, não seja viabilizada até julho, passarão a defender em público a prorrogação do auxílio emergencial até novembro. O último aumento do Bolsa Família ocorreu em julho de 2018, ainda durante o governo de Michel Temer.

O plano de reformulação do Bolsa Família travou no final de 2020, e ainda não foi apresentado ao Congresso, e não há perspectiva de formalização de uma nova proposta pelo governo Bolsonaro. À Folha, o Ministério da Cidadania afirmou que pretende anunciar alterações no Bolsa Família apenas após o pagamento da última parcela, em agosto. O Bolsa Família atende a 14,6 milhões de lares, com benefício médio em R$ 190 por mês. Mas há 1,5 milhão de famílias na fila de espera.

Além disso, o jornal O Estado de S. Paulo estampa como reportagem de capa a informação de que uma comissão será instalada nesta terça na Câmara para estudar uma reforma na legislação federal que poderá permitir a volta do financiamento empresarial de campanhas políticas, que vigoraria já nas Eleições de 2022.

O movimento ocorre menos de seis anos após o STF (Supremo Tribunal Federal) ter proibido esse tipo de financiamento. A comissão é patrocinada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e prevê fixar teto de R$ 500 mil a R$ 1 milhão por empresa, valor que poderia ser doado para um único candidato ou dividido entre mais concorrentes. Essa medida não extinguiria, no entanto, o fundo eleitoral, mantido com verba pública.

Radar corporativo

A temporada de resultado segue sendo destaque. O Itaú Unibanco (ITUB4) registrou um lucro líquido recorrente de R$ 6,398 bilhões no primeiro trimestre deste ano, uma alta de 18,7% ante os R$ 5,388 bilhões apresentados no quarto trimestre de 2020 e de 63,5% sobre os R$ 3,912 bilhões de um ano antes. Já o lucro líquido contábil do maior banco privado do país ficou em R$ 5,414 bilhões, uma alta de 59% sobre os R$ 3,401 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.

Maior companhia de aluguel de veículos e gestão de frotas do país, a Localiza divulgou nesta segunda-feira que teve lucro líquido de R$ 482,3 milhões no primeiro trimestre, mais que o dobro do desempenho do mesmo período do ano passado. A empresa, que apresentou no fim do ano passado uma oferta de compra da rival Unidas, apurou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 805,8 milhões, crescimento de 27,4% na comparação anual.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
PRIO3 3.70128 95.26
FLRY3 2.55082 25.73
JBSS3 2.42098 30.46
QUAL3 2.41187 27.6
MRFG3 2.22576 19.29

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BIDI11 -7.69496 214
LWSA3 -5.13369 26.61
ELET6 -4.58468 35.38
ITUB4 -4.26523 26.71
ELET3 -4.23913 35.24

A PetroRio teve prejuízo de R$ 39,76 milhões nos primeiros três meses, revertendo lucro de R$ 46,2 milhões frente mesmo período em 2020. As receitas no trimestre subiram 194% na comparação anual, a R$ 655 milhões.

Já a Pague Menos registrou um lucro líquido de R$ 44,2 milhões no primeiro trimestre de 2021, um crescimento de 380% na comparação anual.

Entre outros resultados, a Alpargatas, dona da marca Havaianas, teve lucro líquido atribuído aos acionistas de R$ 140,2 milhões no trimestre, 73,6% acima do registrado na comparação anual. A companhia firmou ainda um memorando de entendimentos vinculante para aquisição de 100% do capital social da Ioasys. O valor atribuído ao ativo é de até R$ 200 milhões, com pagamento ao longo de cinco anos, que será pago parte em dinheiro e parte em ações da Alpargatas.

Depois do fechamento da Bolsa, Bradesco divulgará seu resultado. Copasa, Assaí, Minerva e Iguatemi também revelarão seus números.

Fora da temporada de balanços, a Petrobras assinou contrato com a São Francisco Energia, subsidiária da Global Participações em Energia, para a venda das três usinas termelétricas (UTEs) movidas a óleo combustível localizadas no Polo Camaçari (BA), por R$ 95 milhões.

A holding de energia Energisa informou que a São João Energética foi condenada a pagar à empresa o valor histórico de R$ 110,2 milhões. O montante deve ser corrigido pelo IPCA e acrescido de juros de 1% ao mês, a contar de 22 de outubro de 2016. A São João também terá que ressarcir os custos e despesas incorridas que a holding teve com a arbitragem. Segundo a Energisa, a sentença em arbitragem sigilosa ainda está sujeita a eventual pedido de esclarecimentos a ser apresentado pelas partes.

Já os acionistas da Vale escolheram, na segunda-feira, José Duarte Penido como novo presidente do Conselho de Administração da companhia. Indicado pelo comitê de nomeação da mineradora, ele disputou a vaga com Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras. O novo chairman da Vale foi CEO da Samarco de 1992 a 2003, além de ter comandado o conselho da Fibria Celulose por dez anos.

As ações da Infracommerce têm sua estreia nesta terça-feira na B3.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.