Ibovespa fecha em queda de 0,72%, aos 104.107 pontos, com greve de servidores federais e inflação no radar

Pressão de funcionalismo público por aumentos e alta da inflação pesaram na performance da bolsa brasileira

Vitor Azevedo

(Shutterstock)

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O Ibovespa fechou o pregão desta quarta-feira (29) em queda de 0,72%, aos 104.107 pontos. O principal índice da bolsa brasileira operou descolado do exterior, com Dow Jones e S&P 500 avançando, respectivamente, 0,25% e 0,14%, ambas em recordes históricos para fechamentos, dando continuidade ao rali de fim de ano – a Nasdaq, porém, fechou estável, subindo apenas 0,01%.

A performance da bolsa do Brasil é explicada, em grande parte, por notícias do cenário interno. Em destaque, está a movimentação de servidores públicos federais por reajuste salarial, o que é visto como uma ameaça ao fiscal. O Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate), que conglomera a elite do funcionalismo público, confirmou hoje que realizará uma paralização em janeiro, tendo ainda a possibilidade de uma greve em fevereiro.

Pesou também o fato de o IGP-M de dezembro ter apontado uma alta de 0,87%, maior do que o consenso e voltando a acelerar. “O resultado acima do esperado de mais um indicador de inflação refletiu diretamente na alta da curva de juros e explica a segunda queda consecutiva do mercado brasileiro no seu penúltimo pregão do ano”, comentou Rafael Ribeiro, analista da Clear.

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A curva de juros subiu em bloco. O contrato DI futuro para fevereiro de 2023 teve alta de 0,16 ponto porcentual, para 11,83%; o para fevereiro de 2025, de 0,14 p.p., para 10,69%; e o de fevereiro de 2029, de 0,08 p.p, para 10,68%.

Por fim, especialistas apontam também que o pouco volume de negociação, que ficou em R$ 15,361 bilhões, também acabou por pressionar a performance do índice.

“A baixa liquidez acentua qualquer tipo de movimentação. Com menos players no mercado, se há uma pressão compradora ou vendera, ela tende a ter um impacto maior do que em dias de maior liquidez, em que há uma diluição das negociações. Isso trás algumas oscilações anormais”, explicou Henrique Esteter, especialista de mercado do InfoMoney.

O dólar comercial fechou em alta de 0,94%, negociado a R$ 5,93 na compra e na venda, com máxima de R$ 5,699 e mínima de R$ 5,626.. O futuro, por sua vez, subiu 1,30%, a R$ 5,701. O dia foi marcado por disputas entre comprados e vendidos na moeda envolvendo a definição da última Ptax do ano, que acontece nesta quinta. A moeda brasileira andou descolada de seus pares internacionais – o DXY, que mede a força da moeda americana frente a uma cesta desses ativos, caiu 0,29%.

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Pesou também na performance da moeda brasileira a divulgação do fluxo cambial negativo da semana de Natal, que foi de US$ 861 milhões, totalizando US$ 7,12 bilhões no mês de dezembro. O superávit primário do Governo Central, de R$ 3,9 bilhões em novembro, não foi suficiente para conter a pressão vendedora.

Dólar pesa sobre setores de aéreas e de turismo, piores quedas do Ibovespa

A alta do dólar acabou por impactar as companhias aéreas e de turismo, que foram as principais quedas do Ibovespa. CVC Brasil (CVCB3) recuou 7,33%, vendida R$ 13,14.. Azul (AZUL4), teve baixa de 7,34% a R$ 23,86. Gol (GOLL4) caiu 6,72%, a R$ 16,66.. “A alta do dólar é sempre ruim para esses empresas. Grande parte dos custos delas é dolarizado”, explica Esteter.

Segundo ele, pesou também as notícias de que a Ômicron, cada vez mais, se espalha pelo mundo. “Eu destacaria hoje, porém, os dados dos últimos dias em relação à Ômicron em países como o Reino Unido e a França. O crescimento dos números está bem forte. Mexe com o bom humor para o setor aéreo de maneira global”, completou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje que o crescimento dos casos no mundo – ontem, pela primeira vez, foi registrado mais de um milhão de infectados em um único dia – é perigoso, pois aumenta a chance de surgimento de novas variantes de Covid-19 totalmente resistentes às vacinas.

Do lado das altas, Via (VIIA3) e BrMalls (BRML3) foram destaque, com altas de, respectivamente de 1,41%, a R$ 5,02, e de 0,49%, a R$ 8,16.%. A primeira companhia estende um rali iniciado há cerca de uma semana, no qual já valorizou mais de 8%. A segunda surfa na notícia de que planeja combinar seus negócios com a Aliansce Sonae (ALSO3) – que confirmou a existência das conversas pela manhã.

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