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Ibovespa fecha em baixa pelo terceiro dia seguido e perde 3% na semana; dólar cai para R$ 5,37

Noticiário político voltou a azedar humor dos investidores nesta sexta-feira (18)

Mitchel Diniz

(Getty Images)

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Foi mais uma sessão de volatilidade em que o Ibovespa chegou a ensaiar recuperação, se reaproximando dos 112 mil pontos. Mas o humor do investidor segue abalado pelas incertezas quanto à condução da economia no próximo governo Lula. As especulações sobre a futura equipe do presidente eleito voltaram a pressionar a Bolsa para baixo.

Novamente, os investidores mostraram descontentamento com uma possível indicação de Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda. O candidato derrotado ao governo de São Paulo tem sido apontado como favorito ao cargo em conversas de bastidor, principalmente por ter acompanhado Lula na COP-27, no Egito.

Mesmo sem qualquer confirmação oficial, o rumor ajudou a Bolsa cair outra vez nesta sexta-feira.

“É uma sinalização ruim de que deve prevalecer mesmo um político no Ministério da Economia. E a partir disso, o temor é de que possa ser um temor de que não haverá responsabilidade fiscal”, explica Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos.

O mercado de ações também segue repercutindo a PEC da Transição, proposta que chegou ao Senado prevendo gastos permanentes de R$ 175 bilhões com programas sociais fora do Teto Fiscal.

Falas do presidente eleito também não ajudaram a melhorar o clima no mercado. Depois de Lula ter falado que é mais importante pensar em responsabilidade social, Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, economistas que apoiaram o candidato na última eleição, publicaram uma carta o alertando sobre os riscos fiscais.

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Nesse clima bem pouco amistoso entre governo de transição e mercado financeiro, o Ibovespa descolou do exterior e fechou em baixa de 0,76%, aos 108.870 pontos. O giro financeiro da sessão de hoje foi de R$ 33 bilhões, de acordo com o site da B3. Na semana, o índice acumulou queda de 3%. Desde o começo do mês, a  Bolsa perdeu mais de 7 mil pontos.

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Os juros futuros voltaram a disparar entre 20 e 40 pontos nos negócios de hoje, jogando nova pressão negativa sob ações do setor de consumo. Via (VIIA3), Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3) e Petz (PETZ3) terminaram o dia entre as cinco maiores baixas do índice.

Dentre as blue chips, Petrobras (PETR3;PETR4) recuou refletindo uma baixa no preço internacional do petróleo.

“Conforme os casos de Covid-19 aumentam na China, há risco de demanda menor, fazendo com que o petróleo caia, levando a ação junto”, afirma Komura. O analista diz que a pressão baixista sobre o mercado continua e a previsão é de mais volatilidade na semana que vem.

“Vamos acompanhar se haverá uma mudança no discurso do Lula ao voltar de viagem, porque o mercado não pode ser totalmente ignorado assim”, concluiu o analista.

O dólar comercial fechou em baixa hoje. Depois de tocar R$ 5,330, na mínima do dia, a moeda americana encerrou a sexta-feira valendo R$ 5,374 na compra e R$ 5,375 na venda. Na semana, o dólar acumulou leve alta de 0,75%.

Nos Estados Unidos, as Bolsas fecharam com tendências mistas. Os investidores seguem acompanhando sinalizações do Federal Reserve sobre as próximas altas de juros, atentos a falas de dirigentes do BC americano.

O Dow Jones subiu 0,60%, aos 33.747 pontos; S&P 500 avançou 0,48%, aos 3.965 pontos; Nasdaq fechou em leve alta de 0,01%, aos 11.146 pontos.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados