Ibovespa fecha em alta de 1,63% e supera os 106 mil pontos pela 1ª vez desde março com otimismo sobre vacina; dólar cai

Mercado começa semana com uma boa valorização, reflexo das boas notícias no campo internacional

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta de 1,63% nesta segunda-feira (16) e atingiu seu maior patamar de fechamento desde março impulsionado por dados fortes da China e notícias sobre a vacina da farmacêutica Moderna.

De acordo com a executivos da companhia, sua vacina contra o coronavírus tem mais de 94% de eficácia, acima dos 90% da profilaxia da Pfizer e da BioNTech. Os resultados para ambas as vacinas vêm de análises preliminares de grandes estudos clínicos e ainda não foram publicadas em nenhuma revista científica.

Já na Ásia, a China registrou um crescimento de 6,9% na sua produção industrial na base de comparação anual, número acima dos 6,5% projetados pelo Wall Street Journal. Ainda no continente, o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão avançou 5% no terceiro trimestre, o primeiro crescimento em quatro trimestres e a maior expansão desde 1980, período em que há dados comparáveis.

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Também houve a assinatura da Parceria Econômica Regional Compreensiva entre 15 países asiáticos. É o maior acordo comercial do mundo, com uma população de 2,2 bilhões de pessoas e cerca de 30% do PIB mundial.

Por aqui, as eleições municipais ficaram marcadas pela vitória do DEM e pela derrota dos candidatos apoiados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

Outra notícia relevante é que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o lançamento de um programa fiscal com aumento de gastos públicos pode ter um efeito contracionista na economia, ao invés de favorecer o crescimento.

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Os investidores ainda têm a expectativa pela retomada da agenda de reformas, uma vez passadas as eleições municipais, que marcaram um fortalecimento dos partidos de centro. “A tendência é de semanas de ‘readaptação’, com a tentativa de algum avanço na pauta apresentada por Ricardo Barros [líder do governo na Câmara], que deve ser discutida em reuniões no início da semana. Ela inclui, ainda sem definição, o programa de recuperação fiscal dos estados, liberação de estoque de fundos, Medida Provisória da Casa Verde e Amarela, autonomia do Banco Central e marco regulatório da Cabotagem”, avalia a equipe de análise da XP Investimentos.

Em meio a tudo isso, o Ibovespa teve alta de 1,63%, a 106.429 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 51,12 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre ações. A última vez em que o índice encerrou um pregão acima dos 106 mil pontos foi no dia 4 de março, quando o benchmark terminou a sessão cotado em 107.224 pontos.

Ao mesmo tempo, o dólar comercial caiu 0,69% a R$ 5,436 na compra e a R$ 5,437 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro registrava baixa de 0,73%, a R$ 5,422 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu seis pontos-base a 3,28%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de cinco pontos-base a 4,87%, o DI para janeiro de 2025 ficou estável em 6,68% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de três pontos-base a 7,38%.

Já nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump chegou a admitir que o democrata Joe Biden havia vencido as eleições, embora ainda sustentasse as acusações de fraude nas urnas. No entanto, Trump voltou atrás e disse que seu tuíte anterior não significava uma desistência.

Lá na maior economia do mundo, a marcha da segunda onda preocupa, com o país chegando a 11 milhões de infectados. Na última sexta-feira (13), os EUA também reportaram 187 mil novos casos em 24 horas, um recorde até o presente momento.

Contudo, a equipe do presidente eleito, Joe Biden, negou a possibilidade de um novo lockdown. Isso acalmou investidores que temiam uma postura mais dura do democrata, grande crítico da condução de Trump na crise.

Seguiu também o rali das ações de empresas que sofreram com o coronavírus e agora atraem compras nas apostas de que sairá logo uma vacina eficaz e de distribuição global contra a Covid-19. Os papéis da United Airlines subiram 4,8% em Nova York.

Entre os indicadores, os economistas do mercado financeiro esperam uma queda menor do PIB em 2020, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. De -4,8% na semana passada, agora os especialistas projetam uma contração de 4,66% na atividade econômica brasileira. Para 2021 a mediana das expectativas se manteve em um crescimento de 3,31%.

Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) as expectativas foram elevadas de um aumento de 3,2% em 2020 para uma expansão maior, de 3,25% para este ano. Já para 2021 as estimativas são de que o IPCA suba a 3,22%, contra os 3,17% projetados na semana passada.

Em relação ao dólar a mediana das projeções caiu de R$ 5,45 para R$ 5,41 para o final de 2020. Para 2021 essas estimativas se mantiveram em R$ 5,20.

Por fim, para a taxa básica de juros, Selic, as expectativas mantiveram-se em 2,00% ao ano para 2020 e em 2,75% ao ano para 2021.

Eleições municipais

A eleição municipal de domingo foi marcada por um grande número de abstenções, atingindo a marca de 23,1%. Em 2016, a abstenção fora de 17,58%.

Sete capitais já escolheram seus prefeitos no primeiro turno. Alexandre Kalil (Belo Horizonte, PSD), Marquinhos Trad (Campo Grande, PSD), Rafael Greca (Curitiba, DEM), Gean Loureiro (Florianópolis, DEM), Álvaro Dias (Natal, PSDB), Cinthia Ribeiro (Palma, PSDB), se reelegeram; em Salvador, Bruno Reis (DEM), foi eleito.

No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), atual prefeito, vai disputará o segundo turno com Eduardo Paes (DEM); em São Paulo, a disputa é entre Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL); Em Porto Alegre, a disputa será entre Sebastião Melo (MDB) e Manuela d’Ávila (PCdoB). Veja a lista completa de resultados aqui.

De 13 candidatos a prefeito apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nove já estão fora do pleito, outros dois foram eleitos, e mais dois disputam o segundo turno.

Investidores acompanham com atenção as chances de retomada da agenda do governo após o 1º turno das eleições municipais.

Sinais de aceleração da Covid no Brasil

Segundo dados da Info Tracker, uma ferramenta desenvolvida por pesquisadores de Unesp e USP que monitora o avanço da pandemia em São Paulo, entre 7 e 13 de novembro houve alta de 9% nas internações em hospitais de São Paulo.

Na Baixada Santista, a alta foi de 23%. Na região norte da Grande SP, a alta foi de 37%. Os dados são obtidos em boletins epidemiológicos municipais, e processados por meio de modelagem matemática e inteligência artificial.

Na semana passada, o noticiário acompanhou informações de que o número de contaminações vinha crescendo em hospitais particulares, em diferentes proporções.

Os dados divulgados pelo Info Tracker podem ser um sinal de aceleração do número de novos casos de covid. “Não é uma pequena oscilação. É uma alta consolidada, que envolve uma análise desde agosto. Pode ser um indício de que vamos acabar emendando [uma onda da Covid com a outra]”, afirmou no domingo (15) à Folha Wallace Casaca, professor da Unesp e pesquisador do CeMEAI-USP (Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria).

Segundo dados coletados pelo consórcio de veículos de imprensa, o Brasil registrou entre sábado e domingo 138 novas mortes relacionadas à covid-19, totalizando 165.811. Treze estados e o Distrito Federal apresentaram tendência de aceleração na média de mortes. Cinco tiveram tendência de queda, e outros oito permaneceram estáveis.

Foram contabilizados 12.489 novos casos no período. Esses dados não incluem Minas Gerais, que não atualizou as informações da pandemia até as 20h de domingo.

Radar corporativo

Na sexta-feira, o colegiado da Comissão de Valores Mobiliários decidiu que fundadores da empresa de software Linx SA poderão votar na assembleia de acionistas que decidirá, na terça (17), sobre uma oferta de aquisição feita pela StoneCo Ltd.

A decisão do colegiado reverteu uma decisão anterior tomada em outubro pela superintendência de relações com empresas da CVM que determinava que os três fundadores da Linx, incluindo o presidente Alberto Menache, não poderiam votar.

O grupo de energia e infraestrutura Cosan informou na sexta que o líquido somou R$ 303,8 milhões no terceiro trimestre, recuo de 62,9% em base anual. O lucro ajustado, que desconsidera efeitos não recorrentes, foi de R$ 272,8 milhões, recuo de 43,7% na mesma comparação.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização da companhia (Ebidta) em base ajustada foi de R$ 1,7 bilhão, aumento de 6,2% frente ao mesmo trimestre de 2019.

A elétrica estatal mineira Cemig registrou um lucro líquido de R$ 545,4 no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de quase R$ 282 milhões do mesmo período do ano anterior.

Segundo a concessionária CCR, o tráfego de veículos em estradas sob sua concessão entre 6 e 12 de novembro foi 2,3% maior do que em igual período de 2019, em bases comparáveis. A CCR administra o Sistema Anhanguera/Bandeirantes, que liga a capital paulista ao interior do Estado, e a Via Dutra, principal ligação terrestre entre Rio de Janeiro e São Paulo.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.