Vacina da Moderna possui 94,5% de eficácia, apontam resultados preliminares

Dados ainda são analises da fase 3 e não foram publicados em jornais científicos, mas apontam números satisfatórios para as agencias reguladoras

Allan Gavioli

Vista de fachada dos escritórios da Moderna Therapeutics, em Massachusetts (REUTERS/Brian Snyder)

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SAÕ PAULO – A empresa de biotecnologia Moderna, Inc., disse, nesta segunda-feira (16), que sua vacina experimental foi 94,5% eficaz na prevenção da Covid-19, de acordo com uma análise preliminar de seu ensaio clínico. A notícia chega uma semana depois que a Pfizer e a BioNTech disseram que sua vacina tinha mais de 90% de eficácia.

Os resultados para ambas as vacinas vêm de análises preliminares de grandes estudos clínicos e ainda não foram publicadas em nenhuma revista científica. O estudo da Moderna de fase três contava com 30 mil voluntários, em que metade recebeu duas doses da vacina com 28 dias de intervalo, a outra metade recebeu duas doses de um placebo no mesmo esquema.

Houve 95 casos de doença Covid-19 entre os participantes do estudo e apenas cinco desses casos estavam no grupo vacinado, enquanto os outros noventa que ficaram doentes estavam no grupo que recebeu o placebo. Destes, ocorreram 11 casos graves da doença.

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Os resultados indicam que a vacina está induzindo o tipo de resposta imune que protege as pessoas caso fossem expostas ao coronavírus, já que o número de infectados no “grupo vacina” foi muito menor se comparado ao grupo de controle que recebeu o placebo.

“Esta análise provisória positiva de nosso estudo de Fase 3 nos deu a primeira validação clínica de que nossa vacina pode prevenir a doença Covid-19, incluindo doenças graves”, disse Stéphane Bancel, diretor executivo da Moderna, em um comunicado.

Semelhanças entre as vacinas

As vacinas da Moderna e da Pfizer utilizam a mesma tecnologia para fazer suas vacinas, baseadas em uma molécula conhecida como mRNA, ou RNA mensageiro. Essa molécula contém instruções genéticas para fazer proteínas dentro das células.

Para a vacina, os pesquisadores criaram um mRNA com o código para fazer a proteína spike do coronavírus. A proteína é a chave para as células infectantes do vírus. É também o que pode fazer com que o sistema imunológico de alguém produza anticorpos contra o vírus, mas sem causar infecção, uma vez que o restante do vírus está ausente.

É importante lembrar que só das duas vacinas de mRNA estarem apresentando resultados bons já é algo notável para a ciência como um todo. Isso se dá porque o procedimento de utilizar o mRNA para vacinas é um feito inédito na história humana.

“O fato de mais uma vacina de RNA mostrar proteção inaugura uma nova era de vacinas, com vacinas genéticas que podem ser produzidas muito mais rapidamente. Estaremos menos vulneráveis numa próxima vez”, explicou Natalia Pasternak, pHd em Microbiologia e diretora-presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), ao InfoMoney

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Natalia ainda lembra que é mais fácil sintetizar uma vacina de RNA, já que não há necessidade de cultivar o vírus nem de purificar proteína, basta ter a sequência do vírus. Ainda sim, a cientista vê com bons olhos esse avanço.

Recentemente, após os resultados preliminares da vacina da Pfizer, médicos disseram ao InfoMoney que, embora o anúncio seja animador, esses especialistas ressaltam que o resultado é parcial e a vacina ainda deve demorar para chegar à população – e o mesmo vale para os resultados da vacina da Moderna.

Técnicas parecidas, protocolos diferentes

Os estudos Moderna e Pfizer foram conduzidos usando protocolos ligeiramente diferentes. Para serem contados como um caso Covid-19, os participantes do estudo Moderna precisavam ter pelo menos dois sintomas da doença, além de um teste positivo para o vírus.

O estudo da Pfizer exigiu apenas um sintoma e um teste positivo. Além disso, a Moderna esperou 14 dias após a segunda injeção para começar a contar os casos; O estudo da Pfizer começou a contar a partir de uma semana após a aplicação.

As vacinas também diferem em seus requisitos de armazenamento. A Moderna diz que sua vacina pode ser armazenada com segurança em freezers a cerca de -4 C°, uma temperatura facilmente alcançada por um freezer doméstico.

A vacina da Pfizer exige um armazenamento em freezers especializados, capazes de resfriar abaixo de -70 C°, algo que dificulta a logística de distribuição e armazenamento dos imunizantes. A Moderna também diz que sua vacina permanecerá potente por até 30 dias em temperaturas normais de refrigeração, o que deve facilitar a distribuição.

Corrida pelas vacinas

Tanto a a Pfizer quanto a Moderna ainda estão coletando dados de segurança que a FDA, órgão regulador de medicamentos nos EUA, afirmou serem necessários para a consideração de uma autorização de uso de emergência que permitiria às empresas distribuir a vacina durante a pandemia.

O Dr. Antony Fauci, infectologista chefe da Casa Branca, já chegou a expressar um otimismo cauteloso sobre a vacina Moderna, chamando o ensaio de ‘bastante promissor’.

“Eu dizia que ficaria satisfeito com uma vacina 75% eficaz. De forma aspiracional, você gostaria de ver 90, 95%, mas eu não esperava por isso. Achei que seria bom, mas 94,5 por cento é muito impressionante”, disse o médico.

Os efeitos colaterais observados para a vacina Moderna na análise interina incluíram dor no local da injeção, fadiga e dores nos músculos e nas articulações. O conselho de segurança e monitoramento de dados não identificou “nenhuma preocupação significativa com a segurança”. A Moderna disse que pretende registrar “nas próximas semanas” junto ao FDA a autorização da vacina da empresa para uso emergencial.

A eficácia mínima de uma vacina exigida pelo FDA é de 50%, logo, a vacina da Moderna é uma ótima candidata para a aprovação do órgão. Natalia, no entanto, acredita que os prazos para uma aprovação pelo órgão regulador americano ainda deve demorar alguns meses.

“Sobre prazos não muda muito, tanto Pfizer como Moderna precisam esperar dois meses depois da ultima dose para pedir autorização de uso emergencial pra FDA”, explicou a pesquisadora.

O projeto federal americano “Operação Warp Speed”, feito ​​para acelerar o desenvolvimento de vacinas Covid-19 nos EUA, concedeu à Moderna um financiamento de US$ 1,5 bilhão em agosto para aumentar a fabricação e entregar 100 milhões de doses de vacinas ao país, o suficiente para 50 milhões de pessoas. O governo tem a opção de comprar até 400 milhões de doses a mais.

A Moderna disse, também nesta segunda-feira, que espera ser capaz de enviar cerca de 20 milhões de doses de vacinas nos EUA até o final de 2020. No próximo ano, a empresa disse que espera ser capaz de produzir de 500 milhões a 1 bilhão de doses em todo o mundo.

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.