Ibovespa fecha com leve queda de 0,19%; dólar sobe mais de 1% e vai a R$ 5,52

Entre PIB mais fraco que o esperado na China e balanços positivos nos EUA, Bolsa brasileira ficou no zero a zero

Mitchel Diniz

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SÃO PAULO – O Ibovespa mostrou que a volatilidade se tornou uma espécie de “novo normal” para a Bolsa brasileira. O índice fechou praticamente estável o primeiro pregão desta semana, depois de reproduzir um comportamento visto em sessões anteriores. Operou em baixa na primeira metade das negociações, zerou perdas e chegou a operar em leve alta, sem conseguir ampliar ganhos.

Para os analistas, o Ibovespa está no meio de um cabo de guerra. O que tende a puxar o índice para cima são os resultados trimestrais das empresas nos Estados Unidos, que têm surpreendido positivamente. “Só na primeira semana, mais de 80% dos resultados vieram acima das expectativas do mercado. Isso mostra que as empresas estão voltando com mais força da pandemia e se elas faturam mais, elas também valem mais na Bolsa”, destaca Rodrigo Franchini, sócio do escritório Monte Bravo.

Aqui no Brasil, onde os fundamentos nem sempre pautam o mercado, os investidores lidam com riscos fiscais e políticos. São as forças que tendem a puxar o Ibovespa para baixo, com uma mão adicional vinda da China, que apresentou indicadores piores do que o esperado nesta segunda-feira. O PIB chinês cresceu 4,9% no terceiro trimestre, abaixo da expectativa de alta de 5,2%. A produção industrial também veio abaixo do previsto, com alta de 3,1% em setembro, frente à expectativa de alta de 4,5%.

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“Já se esperava que o Ibovespa reagisse mal. Somos um país emergente e exportamos muitas commodities [matérias-primas], portanto se a China que é nossa parceira comercial estiver indicando desaceleração, podemos ter impacto aqui”, afirma Peterson Silva, estrategista de alocação da Ébano Investimentos.

O Ibovespa terminou o dia em ligeira queda de 0,19% aos 114.428 pontos. O volume negociado ficou em R$ 29,3 bilhões. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro de 2021 opera entre perdas e ganhos no after market aos 114.880 pontos, ligeira queda de 0,1%.

O dólar comercial voltou a subir forte e fechou com alta de 1,21% a R$ 5,520 na compra e R$ 5,521 na venda. O dólar futuro para novembro de 2021 avança 1% nos negócios do after market, cotado a R$ 5,529.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2023 subiu quatro pontos-base, a 9,36%; DI para janeiro de 2025 teve alta de três pontos-base, a 10,27%; e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de cinco pontos-base, a 10,66%.

Internamente, os analistas chamam atenção para dois aspectos. Primeiro, a maior percepção de risco fiscal. João Roma, ministro da Cidadania, disse, em entrevista à TV Brasil, que o Auxílio Brasil, programa de transferência de renda que deve substituir o Bolsa Família em novembro, deve beneficiar perto de 17 milhões de pessoas e ficar na média em R$ 300 ao mês. Os dois números são maiores do que o programa atual, que atende 14,6 milhões de pessoas, com pagamento mensal de R$ 190 na média.

“O auxilio ser anunciado sem ter contrapartidas não é nada bom. A curva de juros subiu de novo e, não à toa, o dólar bateu 5,50 outra vez”, diz Franchini.

“Há também dúvidas sobre a atuação do governo em relação ao auxílio-emergencial, se será ou não mantido”, complementa Silva.

Nesta segunda, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo deverá resolver nesta semana detalhes sobre a extensão do auxílio emergencial e também de medidas referentes ao preço do diesel no país.

Outro receio é político. Os investidores estão atentos aos impactos que o relatório final da CPI da Covid pode vir a ter na votação da PEC dos precatórios e de outras reformas estruturais, como a do Imposto de Renda.

A inflação é outro agravante. No relatório Focus do Banco Central, as instituições financeiras revisaram para cima as projeções para a inflação deste ano, pela 28ª semana consecutiva, e em 2022, pela 13ª semana. Agora, os economistas estimam alta de 8,69% do IPCA ao final de 2021 (acima dos 8,59% estimados anteriormente) e de 4,18% no próximo ano, também acima dos 4,17% previstos na semana passada.

As expectativas para a atividade econômica brasileira foram reduzidas e agora os economistas esperam expansão de 5,01% do PIB este ano, ante projeção de crescimento de 5,04% na semana passada. Para 2022, as estimativas também tiveram piora e agora apontam para expansão de 1,50% do PIB, ante 1,54% no levantamento anterior.

Nos Estados Unidos, houve um movimento de realização de lucros na primeira metade da sessão, depois da pontuação robusta que os índices de ações alcançaram na semana passada. Mas as Bolsas voltaram a engatar ganhos no período da tarde. O Dow Jones fechou bem próximo da estabilidade com ligeira queda de 0,1%. O S&P 500 subiu 0,34% e a Bolsa de tecnologia Nasdaq avançou 0,84%.

Netflix, Johnson & Johnson, Tesla e United Airlines divulgam seus números trimestrais nesta semana. Nos balanços, investidores se atentam a comentários sobre problemas nas cadeias produtivas e inflação.

Os preços do petróleo voltaram a recuar hoje. O barril do WTI negociado para novembro 2021 era negociado com ligeira alta de 0,16% a US$ 82,38. O do Brent caía 0,81% a US$ 84,17.

Os dados da produção industrial americana relativos à setembro vieram abaixo e pressionaram os índices para baixo. O indicador teve queda de 1,28%, no menor patamar desde fevereiro, diante da continuidade da crise da cadeia de suprimentos. O resultado frustrou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta mensal de 0,2%.

Na Europa, as bolsas fecham mais cedo, por isso não acompanharam a virada dos mercados. O Stoxx 600, que reúne empresas de 17 países europeus em setores-chave, recuou 0,5%. A Bolsa de Paris (CAC-40) teve queda de 0,81% e a de Frankfurt (DAX) caiu 0,72%.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados