Ibovespa fecha abaixo de 107 mil pontos e tem pior semana do ano; dólar inverte alta e vai a R$ 5,62

Queda só foi amenizada depois que Paulo Guedes mostrou que continua no Ministério da Economia

Mitchel Diniz

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SÃO PAULO – O Ibovespa  ensaiou uma virada, mas não conseguiu sair do terreno negativo. O principal índice do mercado de ações brasileiro terminou a sexta-feira com o pior fechamento do ano e acumulou um tombo de 7,28% na semana, com a maior queda no período no ano. Com os temores dos últimos cinco dias, a Bolsa volta ao patamar de novembro do ano passado.

Agora, as atenções permanecem voltadas à situação fiscal do país, ainda muito incerta. A única certeza é que o governo quer pagar ao menos R$ 400 de Auxílio Brasil às famílias beneficiadas pelo programa que deve entrar em vigor no mês que vem. E também quer socorrer caminhoneiros prejudicados pelo aumento dos combustíveis com um “auxílio-diesel”, benefício que pode abocanhar R$ 4 bilhões do orçamento público.

Paulo Guedes segue ministro da Economia depois de uma debandada na pasta e agora tem um novo secretário: Esteves Colnago, atual chefe de relações institucionais do Ministério da Economia, vai, oficialmente, ocupar a vaga deixada por Bruno Funchal, que abdicou ontem do cargo com outros dois integrantes da equipe econômica.

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A notícia que Paulo Guedes também desembarcaria do governo fez o Ibovespa cair quase 5%, mas depois que ele apareceu ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em tom de desmentido, o mercado reagiu de forma positiva. Apreço dos investidores pelo ministro? Não exatamente.

“Qual nome no mercado assumiria o Ministério da Economia para ser uma âncora fiscal e ao mesmo tempo passar pelo crivo do Bolsonaro? Não tem”, explica Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria. Ele diz que Guedes já foi mais importante na visão do mercado, mas perdeu a credibilidade enquanto âncora fiscal. “Ele não é mais uma referência de saúde fiscal. Guedes fica, mas aparentemente, o teto de gastos não”, diz Espinhel.

Em coletiva ao lado de Bolsonaro, Guedes afirmou o contrário, dizendo que os fundamentos fiscais não foram abalados e continuam sólidos. “Eu digo sempre que qualquer notícia tem sinal, tem informação e tem barulho. Nós tivemos muito barulho”, disse ele, ao anunciar o novo secretário depois da debandada em seu ministério.

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A saída dos secretários aconteceu no momento em que ocorrem articulações no Congresso para que o teto do orçamento público acomode as despesas com o Auxílio Brasil. A comissão especial que analisa a PEC dos precatórios concluiu na quinta-feira a votação do texto que adia o pagamento de parte das dívidas judiciais do governo e altera a regra de correção do teto de gastos. Combinadas, as mudanças vão abrir R$ 83,6 bilhões no teto em 2022, segundo cálculos do governo, segundo o Broadcast. O governo Jair Bolsonaro terá esse espaço à disposição no ano em que o presidente buscará a reeleição.

“O mercado precifica que o teto vai ser revisto em algum momento, ainda que não tenha sido rompido ainda. E entende que foi aberta uma brecha para que passem outras coisas”, afirma Enrico Cozzolino, analista da Levante.

O Ibovespa terminou sessão em queda de 1,34% aos 106.296 pontos, pior fechamento do ano. O Ibovespa futuro recua 1,14% nos negócios do after market aos 107.390 pontos.

O dólar comercial chegou a bater os R$ 5,72 na máxima dia, mas inverteu sinal e fechou em queda de 0,71% a R$ 5,627 na compra e na venda. O dólar futuro para novembro de 2021 recua 0,217% a R$ 5,621 nos negócios do after market. 

A alta dos juros futuros também desacelerou com a aparente conciliação entre Guedes e Bolsonaro. No after market, O DI para janeiro de 2023 tinha alta de 34 pontos-base, a 10,91%; DI para janeiro de 2025 subia 14 pontos-base a 11,64%; e o DI para janeiro de 2027 registrava alta de 11 pontos-base, a 11,91%.

Nos Estados Unidos, as Bolsas fecharam com tendências mistas. O S&P 500 que vinha renovando máximas históricas há dias seguidos, hoje recuou 0,11%. O índice Dow Jones avançou 0,21%, enquanto a Nasdaq caiu 0,82%.

Os preços do petróleo voltaram a subir com força hoje. O Brent, negociado para dezembro de 2021, avançou 1,54%, a US$ 85,91/ barril. O WTI subiu 2,05% a US$ 84,19/ barril.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados