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Ibovespa cai 1,33%, após IPCA mais forte do que o esperado e com alta dos yields nos EUA

Inflação mais alta do que o esperado afasta expectativa de cortes de juros maiores por parte do Banco Central e derruba empresas ligadas ao consumo

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 1,33% nesta quinta-feira (8), aos 128.216 pontos, destoando do exterior em um dia marcado pela alta da curva de juros brasileira. 

As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira com alta firme no Brasil, de quase 10 pontos-base em alguns vencimentos, reagindo aos dados da inflação brasileira piores que o esperado e ao novo avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior, em meio às apostas de que o Federal Reserve cortará juros apenas mais à frente.

O IPCA de janeiro subiu 0,42%, acima do consenso de 0,34%, e acendeu um alerta em economistas – apesar de a maioria ver as pressões como temporárias. 

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“O IPCA de janeiro combinou uma headline acima do esperado e abertura qualitativa também ruim, com piora nos serviços, o que trouxe a indagação sobre o impacto sobre as futuras decisões do Copom e um ciclo de cortes da Selic menos intenso”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. “Com dúvidas se o dado pontualmente ruim pode impactar no ritmo de queda e na taxa terminal da Selic, o Ibovespa foi pressionado pelas ações dos bancos e empresas sensíveis ao ciclo econômico”.

Entre as maiores quedas do índice ficaram, com isso, as ações ordinárias da MRV (MRVE3), com cerca de menos 9,30% (também com rebaixamento pelo UBS BB), as da Lojas Renner (LREN3), com aproximadamente menos 3,5%, e as da EzTec (EZTC3), com menos 3,3%.

“Entre outros ativos em queda, temos ações mais sensíveis a mudanças nas taxas de juros. Com um IPCA mais alto, é de se esperar que o Banco Central não acelere o corte de juros, podendo até manter um pouco mais alto por um tempo maior”, avalia Andre Fernandes, head de renda variável da A7 Capital.

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Especialistas destacam também que, além do IPCA, a curva de juros foi pressionada pela alta dos treasuries yields, os rendimentos pagos pelos títulos do tesouro dos EUA. Hoje, o presidente do Federal Reserve de Richmond, Thomas Barkin, diz precisar de mais tempo antes de apoiar cortes nos juros, o que ajudou a alimentar o temor de que o ciclo de queda por lá possa demorar mais para começar.

Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam próximos da estabilidade, com altas de, respectivamente, 0,13%, 0,06% e 0,24%. Apesar da alta dos juros nos EUA, os índices continuam, majoritariamente, com tendência de alta, repercutindo a temporada de balanços. 

O dólar comercial, com a alta dos treasuries, fechou com avanço de 0,54% frente ao real, a R$ 4,994 na compra e a R$ 4,995 na venda. 

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“Juros DI e dólar sobem em resposta a um IPCA acima da expectativa, principalmente por conta da média dos núcleos dessazonalizada voltando a subir na parte de serviços subjacentes, que caso engate uma nova tendência de alta, poderemos ver esse IPCA surpreendendo negativamente o mercado nas próximas apurações”, diz Fernandes.