Guararapes (GUAR3), Dexco (DXCO3) e Grupo Mateus saltam, 3R (RRRP3) e Petz (PETZ3) caem forte: a reação do mercado aos balanços

Além de MRV, IRB e CSN, outras ações tiveram forte reação aos resultados do quarto trimestre; confira as análises

Lara Rizério Mitchel Diniz Rodrigo Tolotti

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Além das reações fortes de IRB (IRBR3) e MRV (MRVE3), com alta, e de CSN (CSNA3), em baixa, após os resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22), as ações de outras companhias que divulgaram seus números do período têm reação expressiva na Bolsa.

As ações de 3R (RRRP3), Moura Dubeux (MDNE3), CSN Mineração (CMIN3), São Carlos (SCAR3) e SLC (SLCE3) tiveram quedas respectivas de 6,09% (R$ 31,33), 5,45% (R$ 5,20), 4,92% (R$ 4,83), 3,03% (R$ 14,06) e 1,69% (R$ 47,00) após os balanços. Petz (PETZ3), por sua vez, chegou quase a zerar as perdas no intraday, mas teve uma piora com o maior sentimento de aversão ao risco na reta final do pregão para o mercado em geral e fechou com baixa forte de 7,09%, a R$ 6,29.

Já entre as altas, ainda que longe das máximas, estiveram Guararapes GUAR3), dona da Riachuelo, que subiu 5,91% (R$ 5,02), Grupo Mateus (GMAT3) avançou 6,15% (R$ 5,70), Dexco (DXCO3) disparou 8,80% (R$ 7,05) e Log-in (LOGN3) subiu 7,44%, a R$ 36,53.

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Confira as análises para esses e outros resultados:

Dexco (DXCO3)

As ações da Dexco disparavam apesar do resultado considerado fraco, com analistas reiterando visão positiva para os ativos. A empresa de louças e produtos para construção civil registrou lucro líquido de R$ 217,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 62,5% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2021.

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O JP Morgan avalia que o quarto trimestre da Dexco foi fraco e destacou o fluxo de caixa livre negativo da companhia no período. Entregas mais fracas impactaram as principais divisões da companhia. O trimestre foi marcado por uma sazonalidade atípica, com eleições e Copa do Mundo durante o período.

“Os volumes menores geraram custos mais altos no período, pressionando as margens”, escreveram os analistas.  O JP Morgan também ressaltou a visão da administração da empresa, que prevê um cenário mais desafiador para 2023.

“Acreditamos que os consensos do mercado vão ser reduzidos depois dos últimos resultados, abaixo do esperado, e o guidance de um ano desafiador”, escreveram os analistas.

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A casa tem classificação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 12 para DXCO3.

O Bradesco BBI ressalta que a Dexco está focada em melhorar a performance do que pode controlar, como redução de custos, ganhos de produtividade, ajustes de estratégias comerciais e maiores exportações.

“A margens devem se manter sob pressão no curto prazo, com alguma recuperação esperando ao longo do ano”, escreveram os analistas da casa. O BBA manteve perspectiva neutra para DXCO3, com preço-alvo de R$ 8.

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O Goldman Sachs acredita que a situação da Dexco pode piorar ainda mais. Contudo, fez avaliações positiva sobre o negócio de painéis de madeira, que avaliou como resiliente, melhorando sua rentabilidade.

“Porém, com o mercado imobiliário no Brasil se mantendo altamente incerto (com juros ainda elevados) e a performance fraca de outras divisões, falta clareza sobre quando e a que níveis a rentabilidade chegará nos segmentos”, escreveram os analistas.

O Goldman Sachs tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 10,91.

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A Eleven avalia que a deterioração do poder de compra dos consumidores e cenário macro desafiador impactou a geração de caixa da companhia (a empresa queimou R$ 54,5 milhões no quarto trimestre).

Após o resultado, a casa reduziu o preço-alvo para ações da Dexco, de R$ 26 para R$ 17, mas manteve recomendação de compra. “Negociando a 5,5 vezes o Ebitda esperado para 2023, que implica em um desconto de quase 40% para a média dos últimos 5 anos, acreditamos que está em um ponto interessante de entrada e mantemos a nossa recomendação”, aponta a casa.

Os resultados da empresa vieram em linha com as projeções do Santander. A casa reiterou recomendação neutra para o papel e vê ganhos persistentemente mais fracos no primeiro trimestre de 2023. Há risco de revisão para baixo do Ebitda previsto para a companhia no período, até então de R$ 1,7 bilhão. O preço-alvo é de R$ 10.

Petz (PETZ3)

O resultado da Petz, cujo lucro recuou 32,6% no 4º trimestre de 2022, para R$ 24,9 milhões, foi considerado “relativamente fraco” pelo Bradesco BBI. A casa observa que os números vieram bastante em linha com o que o mercado esperada.

Os analistas destacaram a queda de 100 pontos-base na margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita líquida) da companhia em 2022 como um todo, o que já vinha sendo antecipado, dado resultados decepcionantes já no terceiro trimestre do ano passado.

Os principais responsáveis por esse desempenho continuam os mesmos, na visão do BBI: menor rentabilidade do canal on-line e a expansão rápida de lojas. As projeções de margem Ebitda da Petz para 2023, em 8,8%, também vieram levemente abaixo das expectativas mais otimistas do BBI, de 9,4%.

Uma estabilização da rentabilidade, por sua vez, deve ajudar na geração de fluxo de caixa livre, com margens maiores no on-line, mais eficiência nas operações físicas, melhor produtividade em serviços e uma aceleração das sinergias com as companhias adquiridas.

“De maneira geral, nos mantemos otimistas com o caso, dado o potencial de expansão de lojas no logo prazo e melhora da rentabilidade”, escreveram os analistas.

“Contudo, acreditamos que a companhia vai ter alguns desafios de execução para manter rentabilidade caso as operações digitais sigam em franca expansão”.

O BBA manteve avaliação outperform para PETZ3, com preço-alvo de R$ 100.

O Santander avaliou o quarto trimestre da Petz como um período fraco, resultado de uma contínua erosão na rentabilidade da companhia e dos negócios recém-adquiridos.

“A performance desses negócios foi fraca, de maneira geral, dentro do esperado, com Zee Dog continuando a sofrer com as turbulências do cenário macroeconômico em sua divisão internacional”, diz a análise.

“Enquanto isso, no Brasil, a natureza mais discricionária de seus produtos prejudicou vendas, levando a uma desalavancagem operacional e a um outro trimestre de Ebitda negativo”.

O Santander também disse que é preciso observar se os esforços da Petz para organizar as estruturas de negócio em 2023 serão suficientes para reverter as tendências recentes de desaceleração das receitas e corrosão da rentabilidade.

A casa tem recomendação outperform para o papel e preço-alvo de R$ 12.

O Itaú BBA faz avaliação semelhante a das outras casas, destacando que as vendas mesmas lojas da Petz vieram com crescimento fraco de um dígito e as margens fracas se estenderam por mais um trimestre.

“Os números do quarto trimestre foram fracos, dando continuidade a tendências que viemos nos últimos trimestres. Adicionalmente, a Petz registrou uma pequena melhora na dinâmica de volumes recentemente, mas ainda não temos clareza sobre a produtividade das lojas no curto prazo”, escreveram os analistas.

“Esperamos que a produtividade das lojas e a evolução da rentabilidade sejam o foco do investidor daqui em diante e, no curto prazo, ainda não é possível ver indicações de uma recuperação robusta”.

O Itaú BBA reiterou recomendação outperform para o papel pois não vê a empresa exposta a fundamentas sólidos e sem perspectiva de mudanças no longo prazo. O preço-alvo da casa para PETZ3 é de R$ 9.

Para o Morgan Stanley, os resultados recentes deram desfecho a um ano marcado por forte crescimento de receita, mas de margens pressionadas.

A casa destacou que, entre os planos da empresa para 2023, estão a desaceleração de abertura de lojas e um foco maior em eficiência de custos. “As prioridades indicam que a administração está focada em crescimento sustentável e rentável”, escreveram os analistas.

A casa tem avaliação equal weight para os papéis da Petz, enquanto aguarda tendência de melhora nas margens. O preço-alvo é de R$ 8,50.

A XP avaliou os resultados como mistos e ligeiramente acima das expectativas. Considerou que as vendas mesmas lojas foram sólidas, ainda que tenham desacelerado sequencialmente em função do forte plano de expansão da empresa e pelas aquisições feitas.

A casa tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 10 para PETZ3.

3R Petroleum (RRRP3

A 3R Petroleum reportou prejuízo líquido de R$ 38,97 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo lucro de R$ 19,8 milhões do mesmo intervalo de 2021.

Em 2022, o lucro líquido somou R$ 127,7 milhões, crescimento de 8,0 vezes (698,7%) comparado ao ano anterior.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 112,6 milhões no 4T22, um crescimento de 36,3% em relação ao 4T21.

Para a XP, a 3R apresentou resultados piores do que o esperado, com Ebitda ajustado 14% abaixo da sua estimativa.

Além disso, os analistas da casa ainda veem os resultados 3R afetados por vários fatores pontuais relacionados à incorporação de novas operações que esperam desaparecer ao longo de 2023.

O Itaú BBA ressaltou que a companhia apresentou  um resultado marcado pela incorporação de novos ativos ao portfólio da empresa.

A receita líquida alcançou R$ 445 milhões (em linha com as suas expectativas e 11% abaixo na comparação com
o trimestre anterior) e foi impactada pela queda no preço do petróleo em relação ao último trimestre, ausência de
vendas em Papa Terra e manutenções no campo de Macau e Reconcavo, sendo parcialmente impulsionada pela
contribuição de três meses de Peroá e Fazenda Belém neste trimestre.

Entretanto, a incorporação dos novos ativos também contribuiu para um aumento no lifting cost (custo operacional
médio para extrair cada barril de petróleo), resultando em um aumento de 24% em relação ao trimestre anterior.
“De todo modo, mantemos nossa recomendação de ‘compra’ para RRRP3, com preço-alvo de R$ 82 ao fim de
2023, diante de um ainda elevado desconto na ação”, destaca o BBA.

Os analistas de mercado destacam ainda que, agora,  todas as atenções estão voltadas para a aquisição de Potiguar da Petrobras (PETR4), após o anúncio de suspensão temporária de venda dos ativos da estatal para análise.

“Nosso cenário base ainda é que a 3R fechará esse negócio, mas reconhecemos que a ação apresentará alta volatilidade até que haja uma visão final sobre o assunto. No entanto, notamos que os patamares de valuation já estão em níveis deprimidos, então vemos uma assimetria aqui e mantemos nossa recomendação de compra”, avalia a XP. A casa ressalta que a aquisição está em fase final de conclusão, restando agora basicamente apenas a aprovação do Ibama.

Grupo Mateus (GMAT3)

De um lado, um sólido crescimento de vendas, mesmo diante de um cenário adverso para o consumo. Do outro lado, o maior ambiente promocional devido ao plano de expansão, que segue pressionando as margens da companhia. As análises para os números do quarto trimestre do Grupo Mateus foram mistas.

Apesar da alta de 49% no lucro líquido, que chegou a R$ 311 milhões, alguns analistas avaliaram que os números do Grupo Mateus foram mistos, com destaque para uma forte geração de caixa compensada negativamente por uma rentabilidade pressionada para os próximos meses.

Essa foi a principal avaliação do Itaú BBA, que ressalta que já sabia que a empresa usaria o quarto trimestre para limpar seu estoque e melhorar a dinâmica de capital de giro, o que, segundo os analistas, fez com perfeição. “Por outro lado, o custo desta ‘limpeza’ foi maior do que as expectativas, levando a um resultado operacional (Ebitda) 14% abaixo das nossas projeções”, completam.

Analistas em geral destacaram o aumento da receita do Grupo, que avançou 37% e atingiu R$ 6,1 bilhões, com um sólido crescimento de vendas mesmas lojas de 11,7%. Por outro lado, a XP aponta que a rentabilidade baixa foi o destaque negativo ao ser puxada pela forte pressão na margem bruta ajustada, em função das fortes iniciativas promocionais, baixa na avaliação de estoques e margens mais baixas na unidade do Nordeste, em virtude do processo de maturação das lojas.

“No entanto, a alavancagem operacional compensou parcialmente a pressão sobre a margem bruta, resultando em uma margem Ebitda ajustada (ex-IFRS) de 5,0%”, afirmam os analistas da corretora.

Para o Credit Suisse, os resultados foram mistos porque “os ajustes necessários de capital de giro melhoraram significativamente o ciclo de conversão de caixa em detrimento da lucratividade da empresa, levando a margem Ebitda para níveis recordes de baixa”.

“No futuro, questionamos a consistência dos níveis de capital de giro e CCC, sem sabermos a recuperação da margem bruta, seguindo a indicação da administração de uma perspectiva de margem Ebitda estável em 2023”, concluem.

A Eleven foi quem se mostrou mais otimista, apontando que, mesmo diante de um cenário adverso para o consumo, “o Grupo Mateus reportou novamente um sólido crescimento de vendas, além de uma melhora de 29% t/t no ciclo de caixa”. Mesmo diante de algumas pressões, os analistas reiteraram a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 11,00.

Por fim, o Itaú BBA reforça que a sustentabilidade da melhoria no capital de giro e a recuperação das margens (rentabilidade) devem ser os principais pontos de interesse dos investidores. “Estamos dispostos a dar à empresa o benefício da dúvida – especialmente considerando a afirmação de que os níveis de rentabilidade se normalizaram em janeiro e fevereiro”, e com isso eles reiteraram a recomendação de “compra” para GMAT3, com preço-alvo de R$ 9.

SLC (SLCE3)

A SLC Agrícola  reportou lucro líquido de R$ 132,4 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 31,4% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2021, informou a companhia nesta quarta-feira (8).

O Ebitda ajustado totalizou R$ 589,6 milhões no 4T22, um aumento de 2,2% em relação ao 4T21. A margem Ebitda ajustada atingiu 30,3% entre outubro e dezembro, alta de 6,9 pontos percentuais (p.p.) frente a margem registrada em 4T21.

O Ebitda da SLC ficou 9% acima da projeção do BBA, diante de margens (rentabilidade) mais altas do que o esperado.

“Ressaltamos que a empresa avançou em sua posição de hedge (mecanismo de proteção de preços) para a safra 2022/23, mas ainda não começou a travar preços para a safra 2023/24 devido à expectativa de preços ainda mais altos no curto prazo. Neste contexto, mantemos nossa recomendação de ‘compra’ para SLCE3, com preço-alvo de R$ 58 ao fim de 2023”, avalia o BBA.

O Bradesco BBI, por sua vez, apontou que a SLC divulgou os resultados do 4T22 com Ebitda amplamente em linha com as estimativas de consenso da casa e da Bloomberg. O destaque fica para o anúncio da bonificação de ações que pode melhorar marginalmente a liquidez das ações e potencialmente reduzir o imposto sobre ganhos de capital para os acionistas no caso de eles venderem seu investimento na SLC no futuro. Os acionistas receberão a título de bonificação de ações uma nova ação ordinária para cada dez.

Dito isso, o BBI mantém recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para as ações, com preço-alvo de R$ 41,00, pois continua mais negativo do que o mercado no tema de preço das commodities agrícolas, que impulsionam o desempenho das ações da SLC. “Esse cenário de baixa para os preços é sustentado pelo aumento das taxas de juros nos EUA, desaceleração da demanda chinesa por produtos agrícolas, provável melhora do clima que deve impulsionar a produção global e queda dos preços da energia”, avalia.

Guararapes (GUAR3)

A Guararapes, dona da Riachuelo, reportou lucro líquido de R$ 102,257 milhões no quarto trimestre de 2022. A cifra é 66,4% menor que a registrada um ano antes. No acumulado de 2022, a companhia obteve lucro de R$ 51,980 milhões, queda de 88,5% em relação a 2021.

O Ebitda consolidado ajustado foi de R$ 389,499 milhões no 4T22, queda de 13,9% em bases anuais. A receita líquida consolidada do período ficou em R$ 2,590 bilhões, alta de 4% em relação ao quarto trimestre de 2021.

Para a XP, a Guararapes apresentou resultados fracos, com Ebitda 18% abaixo das suas estimativas, devido a resultados mais fracos na Midway, resultado de maiores provisões.

Na financeira, houve (i) uma venda de carteira de créditos vencidos por R$ 50 milhões; (ii) as taxas de inadimplência apresentaram uma pequena estabilização à medida que a o nível de inadimplência nos cartões de crédito já mostram algum alívio, quase compensando o aumento dos empréstimos pessoais; e (iii) a taxa de cobertura aumentou para 93,7% (+1,4 ponto percentual no trimestre).

Já a operação de varejo sofreu com as temperaturas mais baixas ao longo do período, além de efeitos negativos da Copa do Mundo que levaram as vendas a fecharem o trimestre estáveis no ano (SSS, ou vendas mesmas lojas em queda de 3%). No entanto, a companhia destacou um forte desempenho nas categorias de produtos feminino, infantil e beleza, com casa e eletrônicos sendo os destaques negativos, além de uma evolução positiva de vendas do trimestre, especialmente após o final da Copa do Mundo.

Para o Bradesco BBI, a companhia reportou resultados mistos, mas amplamente em linha com o esperado, com pequenos pontos positivos no varejo e uma queda nos serviços financeiros –mas, no geral, seguindo as projeções.

A receita de varejo registrou um crescimento estável em relação ao ano anterior e um crescimento de 10% em relação a 2019 (ligeiramente acima do estimado pelo Bradesco BBI), uma continuação dos números mornos do 3T22 (cerca de 9% em relação a 2019). A margem bruta do varejo caiu 1,30 ponto percentual na comparação anual (1,50 p.p. abaixo do estimado), devido principalmente ao provisionamento de perda de estoque e ociosidade da fábrica relacionada à iniciativa de centralização da produção executada no trimestre.

Para o banco, a Guararapes foi capaz de mostrar uma melhor rentabilidade no varejo, apesar do desempenho do Ebitda dos serviços financeiros (próximo do breakeven) permanecer um empecilho (embora um pouco melhor do que o Ebitda negativo da Renner na Realize). Além disso, houve os impactos exógenos negativos (Copa do Mundo e clima), o que de certa forma justifica os fracos números de receita de varejo do trimestre e leva a pensar que este trimestre não é necessariamente uma leitura precisa do desempenho da empresa nos próximos trimestres.

“Acreditamos que a gestão está no caminho certo, otimizando despesas e protegendo o caixa (até venderam um jato corporativo no trimestre), dado o ambiente difícil de crédito e consumo discricionário. A desalavancagem da dívida durante o 4T22 foi um tanto tímida, a nosso ver, mas ajuda, de certa forma, a amenizar as preocupações com o risco de balanço, embora boa parte da geração de caixa do trimestre tenha sido devido ao desconto de recebíveis, que não é a melhor fonte de geração de caixa (mas fundamental em tempos difíceis)”, avaliam.

Assim, o banco não descartou uma reação positiva hoje dos ativos devido a alguma redução de riscos no balanço e progresso na lucratividade do varejo, embora isso possa ser amenizado por preocupações com serviços financeiros e receita fraca.

“Acreditamos que as preocupações persistentes com as oportunidades de crescimento, o risco do balanço patrimonial e a sustentabilidade dos serviços financeiros permanecem legítimas, e o principal gatilho para a revisão seria uma normalização dos lucros atualmente deprimidos, o que esperamos apenas em 2024”, destacam. A recomendação segue neutra, com preço-alvo de R$ 7,20 ao final de 2023.

Log-in (LOGN3)

A Log-in reportou lucro líquido de R$ 288,5 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 1.271,7% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2021.

O lucro líquido foi positivamente impactado em R$ 197,1 milhões pelo reconhecimento de ativo fiscal diferido decorrente do aumento de estimativa de créditos fiscais mensurados pela companhia em dezembro de 2022.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 164,5 milhões no 4T22, um crescimento de 65,9% em relação ao 4T21.

O Goldman Sachs manteve avaliação neutra sobre a empresa após o resultado, mesmo reconhecendo que que o Ebitda de R$ 165 milhões obtido pela companhia tenha ficado 22% acima do que a casa previa.

A casa afirma ver melhores retornos em outras empresas do setor de energia, transporte e logística, sob cobertura de seus analistas. O preço-alvo é de R$ 35,40.

Lavvi (LAVV3)

A Lavvi registrou um lucro líquido atribuído ao controlador de R$ 32,5 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), alta de 32% frente o 4T21. Em 2022, o lucro totalizou R$ 114,89 milhões no ano, uma queda de 35% frente o ano anterior. A construtora divulgou seus números na noite desta quarta-feira (8).

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) atingiu R$ 24 milhões, um ganho de 1% em relação 4T21. Em 2022, alcançou R$87 milhões (queda anual de 51%). A receita líquida no trimestre somou R$ 147,25 milhões, avanço anual de 35%. No ano, a cifra foi de R$ 555 milhões (-9% frente 2021).

A XP destacou os resultados como neutros, explicados pela diminuição na margem bruta para 34,4% (-4,9 ponto percentual na base anual), afetada por (i) maiores descontos; (ii) mix de receita com margens menores; (iii) comparação mais difícil com 4T21. Além disso, a receita líquida aumentou (+35% na base anual), devido a vendas líquidas robustas, e o lucro líquido aumentou, ajudado também por maiores receitas financeiras.

Já para o Itaú BBA, a Lavvi teve um resultado positivo. A receita líquida aumentou tanto no comparativo trimestral quanto no comparativo anual e superou as estimativas do banco , refletindo a venda de empreendimentos em estágios avançados de conclusão. “Observe que as receitas do projeto Eden ainda não foram contabilizadas (previsto para começar no 1T23)”, avaliam os analistas, que mantêm recomendação marketperform para os ativos.

A Eleven reforça ainda que a companhia apresentou baixo nível de distrato (1% das vendas brutas), o que considera positivo dado cenário de aperto monetário, mitigando a queda na geração de receita.

No entanto, a receita líquida no acumulado do ano apresentou retração de 9% versus 2021, estando 12% abaixo das estimativas da casa. Esta retração é justificada pela ausência do empreendimento Villa Versace, Eden e Galleria Klabin
do percentual de conclusão (POC). Além disso, a retração na margem bruta em 5 pontos percentuais na base anual se deve ao cenário de pressão de custos, com lançamento de projetos que apresentaram perda de rentabilidade conforme a evolução das obras.

Com uma geração positiva de caixa operacional excluindo a aquisição de novos terrenos de R$ 65 milhões, os analistas da Even destacaram esperar uma reação positiva para as ações LAVV3 frente ao resultado apresentado. Porém, mantêm, recomendação neutra com preço-alvo de R$ 7,00 pois a companhia está negociando a múltiplos similares ao de Cyrela ( CYRE3).

Moura Dubeux (MDNE3)

A construtora Moura Dubeux registrou lucro líquido de R$ 10,202 milhões no quarto trimestre de 2022, queda de 28,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado de 2022, o lucro foi de R$ 105,057 milhões, alta de 23,7%, na mesma base de comparação.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e a amortizações (Ebitda) ajustado foi de R$ 19,151 milhões no quarto trimestre, queda de 6,3% em relação a um ano antes.

A receita líquida somou R$ 207,324 milhões no período, alta de 45,3%.

A Eleven avalia que o resultado foi impactado pela concentração dos lançamentos no fim do trimestre, não refletindo em uma boa performance de vendas. Além disso, a geração de receita líquida significativamente abaixo das estimativas da casa é explicada pela ausência de receita do fee de comercialização de terrenos.

As vendas líquidas apresentaram retração de 19,4% no ano e de 23,9% no trimestre, justificadas também pela maior concentração de lançamentos sob regime de incorporação, que possui curva de comercialização mais lenta. A geração de caixa somou R$ 68,4 milhões em 2022, sendo o terceiro trimestre consecutivo positivo.

“Apesar do aumento pontual de distratos na comparação com as vendas brutas, atingindo 11,6%, consideramos ainda um nível bastante confortável. Além disso, a companhia conta com baixo nível de estoque pronto, representando 4,7% do
estoque total”, avalia a Eleven, que tem recomendação de compra, com preço alvo de R$ 11,00, com a avaliação de que a ação está excessivamente descontada e em um ponto de entrada interessante.

O BBA vê os números como neutros. A receita líquida ficou em linha com as suas estimativas e praticamente estável no trimestre. No entanto, a margem bruta foi menor do que o esperado, pressionada por margens menores no segmento de condomínios devido a menores receitas com fees de comercialização. “Destacamos, porém, uma melhora na margem de incorporação”, avalia o banco, que também tem recomendação equivalente à compra para a ação.

São Carlos (SCAR3)

A São Carlos Empreendimentos reportou prejuízo líquido recorrente de R$ 3,1 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), uma redução de 63,2% na comparação com o mesmo intervalo de 2021.

Já o Ebitda recorrente totalizou R$ 67 milhões no 4T22, um crescimento de 23,8% em relação ao 4T21. A margem Ebitda recorrente atingiu 79,9% entre outubro e dezembro, alta de 12,1 pontos percentuais (p.p.) frente a margem registrada em 4T21.

A receita líquida somou R$ 86,6 milhões no quarto trimestre deste ano, crescimento de 6,8% na comparação com igual etapa de 2021.

O BTG Pactual viu os números como neutros, em linha com suas expectativas, com uma receita líquida mais fraca do que o esperado compensada por menores despesas gerais e administrativas. A receita líquida ficou 4% abaixo de sua projeção mas, com o Ebitda em linha, a margem Ebitda ficou 4,5 p.p. acima do esperado.

O banco pondera que a alavancagem é alta (8 vezes a dívida líquida/Ebitda), o macro é difícil (altas taxas de juros) e as perspectivas para escritórios (especialmente escritórios “B”) são ruins. E embora a ação seja negociada com um grande desconto em relação ao valor presente líquido, o valuation não é atraente em uma base relativa e, por isso, segue com  recomendação neutra.

O Bradesco BBI também aponta que os resultados foram impulsionados por uma forte redução de despesas, mas vê o balanço com impacto neutro para a tese na empresa.

“A São Carlos conseguiu entregar um 4T22 positivo na frente operacional, enquanto seus resultados foram impulsionados por uma forte redução de despesas, o que mais do que compensou o resultado financeiro sequencialmente negativo. Olhando para o futuro, pensamos que a empresa deveria concentrar seus esforços na redução de vacância no segmento de escritórios e na continuidade da expansão do Best Center, além da desalavancagem que deveria ser alimentada pela venda de ativos, para a qual a empresa teve um forte início em 2023”, avalia o BBI, que tem recomendação neutra para SCAR3.

RNI (RDNI3

A RNI teve um lucro líquido de R$ 6 milhões no quarto trimestre, avanço de 195%, além de uma receita de R$ 176 milhões, avanço de 4% na base anual.

Para a Genial, os resultados foram bons, mas impulsionados por outras receitas. A surpresa veio na linha de outras receitas operacionais, que atingiu R$ 11 milhões, mas que foi parcialmente compensada por um menor ganho na variação monetária da carteira (R$ 13m, -32% na comparação trimestral), levando a um lucro líquido praticamente em linha com o que esperado pela casa (+1%).

A margem bruta continua se recuperando, atingindo um patamar já saudável de 26,3%, muito graças ao aumento de 11% no ano nos preços dos produtos dentro do PCVA.

Mesmo com o aumento de preços, a RNI conseguiu manter o seu patamar de vendas sobre oferta (VSO) próximo dos 20% ao longo de 2022. No entanto, dado que seus 3 lançamentos do trimestre aconteceram menos de 5 semanas para o final do ano, a VSO deste trimestre veio machucada, reduzindo para 16%. Além disso, o número de finais de semanas para efetivar vendas foi reduzido mais ainda pelo Natal e final da copa do mundo. Desconsiderando estes efeitos, a VSO seria próxima aos 20% desejados pela companhia. Este estoque novo e ainda em estágio muito inicial de vendas deve levar a uma VSO mais forte no 1T23, avaliam os analistas.

“Este trimestre e o ano de 2022 em si nos deixam mais confiantes de que a RNI segue em plena recuperação, justificando nossa recomendação de compra para RNI baseada em um desconto excessivo dos papéis”, avaliam os analistas da Genial. Contudo, eles ponderam que,  dada a baixa liquidez do papel na bolsa, alguns investidores institucionais podem não conseguir se posicionar facilmente na companhia. Isto, no entanto, não impede investidores menores de conseguirem comprar o papel sem mover significativamente o preço do papel.

CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3)

A CSN  a CSN Mineração divulgaram seus resultados do 4T22 ontem após o fechamento do mercado.

A CSN lucrou R$ 197 milhões no quarto trimestre de 2022, baixa anual de 81%, enquanto a CSN Mineração lucrou R$ 871,3 mi no quarto trimestre, alta de 23,8% frente o 4T21.

Segundo a Genial, os números vieram em linha com a expectativa da casa de um trimestre mais fraco para a siderurgia, com a mineração se destacando por um trimestre sazonalmente mais forte, aumentando sua participação dentro da receita e ajudando a arrefecer a desaceleração que o cenário macro causou na holding.

A Genial ressalta que esses foram os pontos principais para a holding CSN: siderurgia mantém dinâmica negativa;
siderurgia vem com preços em queda no mercado interno e externo; siderurgia sente impacto e desacelera forte a receita;
aquisição em cimentos ajuda a divisão a aumentar seu peso; custo de produtos vendidos vem acima do esperado, puxados por mineração e cimento; mineração ganha mais destaque no Ebitda; cimento ainda não traz aumento no Ebitda e alavancagem ainda é o calcanhar de Aquiles.

O Bradesco BBI aponta que a CSN registrou números ligeiramente melhores do que esperava no quarto trimestre, impulsionada por custos mais baixos e preços maiores na divisão de minério de ferro.

Na siderurgia, a frustração em relação aos seus números foi concentrada no mercado de exportação, enquanto o desempenho no mercado doméstico foi realmente melhor em relação ao esperado (principalmente em termos de preços praticados); já os custos caíram no trimestre.

“Em cimento, os volumes refletiram a consolidação total da Holcim, enquanto devemos ver a tendência de lucratividade crescente à medida que as sinergias são executadas. Do lado negativo, a geração de caixa foi fraca, devido aos maiores investimentos, resultado financeiro e imposto de renda, com a relação Dívida Líquida crescendo novamente”, avalia. Os analistas do BBI mantêm recomendação apenas neutra para CSNA3, pois veem maior potencial de valorização em outros lugares neste momento – “preferimos Gerdau para exposição à siderurgia e Vale (VALE3) ou CSN Mineração para exposição ao minério de ferro”.

Na CSN Mineração, aponta a Genial, os principais destaques foram: produção levemente abaixo do guidance anual;
queima de estoque sazonal ajudou nas vendas; preço realizado acelerou no trimestre; receita ficou levemente acima das expectativas; ampliação de margem; lucro líquido acima da expectativa; mineração ajudou no curto prazo, mas no longo ainda é desafio.

Mesmo com um número um pouco acima do que esperava, a Genial destaca ter acertado a tendência do trimestre, com a receita líquida unitária sendo positivamente impactada pelo aumento do preço provisionado futuro, que acelerou após as notícias de flexibilização do Covid-zero. “Vimos a CMIN bem-posicionada para se aproveitar dessa dinâmica, o que para nós, foi marca um ponto de destaque, já esperado, no resultado do 4T22”, avalia.

O BBI destaca que a CSN Mineração reportou Ebitda de R$ 1,79 bilhão, 13% acima da estimativa do Bradesco BBI, 93% maior no trimestre e 110% em base anual.

“Os resultados do quarto trimestre da CSN Mineração ficaram acima das expectativas, devido a custos abaixo do esperado e preços de venda melhores do que o esperado, enquanto o desempenho do volume foi mais fraco. Olhando para o futuro, esperamos que o impulso dos lucros permaneça saudável devido a uma forte perspectiva para os preços do minério de ferro, enquanto a empresa deve distribuir dividendos robustos (calculamos um rendimento de dividendos de 13% para 2023)”, avalia o BBI, que tem recomendação de compra para o ativo.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.