Bradesco projeta recuperação das margens até fim do ano com crescimento do crédito

Crecimento da renda e expansão do PIB mais perto de 2,5% ajudarão no crescimento, diz CEO

Ana Paula Ribeiro

Marcelo Noronha, CEO do Bradesco (Foto: Cacalos Garrastazu/Febraban)

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O Bradesco (BBDC4) voltou a crescer a carteira de crédito e espera que isso leve a instituição a melhorar as suas margens até o final do ano. Esse é o indicador que está mais longe do guidance (projeção) estipulado para o ano.

“O crescimento do crédito vai levar a isso (melhor margem). O segundo trimestre a gente deve ter resultados melhores, e no terceiro e quarto também”, disse Marcelo Noronha, presidente da instituição, durante teleconferência dos resultados do primeiro trimestre.

A margem financeira líquida total do Bradesco ficou negativa em 9%, totalizando R$ 6,7 bilhões. A projeção é de um crescimento de 3% a 7%. Já a carteira de crédito total, após dois trimestres de recuo, subiu 1,2% na comparação com igual trimestre do ano passado. A meta para o ano é de uma expansão entre 7% e 11%.

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Noronha explicou que esse crescimento do crédito é o que dará sustentação ao crescimento da margem. No entanto, reforçou que o apetite por risco do banco não está como no passado e que isso fará com que a instituição priorize determinados grupos de clientes.

Pequenas e médias empresas com faturamento até R$ 3 milhões no ano estão entre os grupos colocados em segundo plano, já que o risco é maior.

Da mesma forma, o banco registrou uma queda na carteira de crédito do produto cartões, mas puxada pelos plásticos destinados a não correntistas. O recuo foi de 0,4%, enquanto o crédito para pessoa física consolidado cresceu 0,4%.

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“Quando colocamos um guidance, olhamos para o ano. Temos muita segurança no crescimento. Quando olhamos os dados do Banco Central mês a mês a gente ganhou market share em fevereiro. Também vamos ganhar em março”, disse.

“Há uma queda em todas as inadimplências. O apetite ao risco é diferente do ano passado, mas o que a gente está contratando é de maior qualidade. (…) Os índices de inadimplência vão convergir para os índices de mercado”, disse em teleconferência à imprensa sobre os resultados do primeiro trimestre.


A inadimplência total do Bradesco era de 4,8% em março, baixa de 0,3 ponto percentual (p.p.) em um ano. A da pessoa física, ficou em 5,5%, queda de 0,8 ponto, mas ainda acima do patamar de anos anteriores (era de 4,4% em março de 2022).

Para ele, isso será possível devido ao cenário macroeconômico mais favorável. “Estou otimista e com o pé no chão. Os dados recentes indicam isso. O Fed (Federal Reserve) afirmou ontem que a inflação não está controlada, mas já avisou que não vai ter aumento da taxa de juros E tivemos a revisão da perspectiva do rating soberano pela Moodys. Outro ponto é a renda real das pessoas físicas, a massa de renda, que em termos reais vai crescer 4,5%. Isso com desemprego muito baixo e um PIB que vai ficar mais para 2,5% do que para 2%.”

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Casas Bahia

Noronha afirmou que a recuperação extrajudicial das Casas Bahia (BHIA3) anunciada na semana passada não causou estresse no banco de atacado, que é o segmento que atende grandes empresas.

“Para esse caso, o nosso nível de previsão para perdas esperadas funcionou. E a gente vem reforçando. Já fizemos um reforço em dezembro. Hoje estamos sobrando. No banco de atacado, nosso nível de cobertura é confortável. É sem estresse para o banco de atacado nesse ano”, disse.

De acordo com ele, não há nenhum caso que preocupe esse segmento. Para o executivo, o setor de varejo tem encontrado melhores dificuldades enquanto a economia não acelera o crescimento, mas que outros setores já estão com perspectivas positivas.

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Já sobre a OPA (Oferta Pública de Aquisição) da Cielo (CIEL3), a opção foi pelo uso dos recursos da Elopar (que tem Bradesco e Banco do Brasil como controladores).

“A Elopar tem um caixa de R$ 11 bilhões e sem alavancagem. A decisão nossa é usar parte desse caixa. Vamos pagar cerca de R$ 5 bilhões. Nem a gente (Bradesco) vai botar a mão no bolso e nem o BB”, explicou.