Ex-mineradores de Ethereum lutam para sobreviver no pós-Merge

Após a mais recente atualização da criptomoeda, apenas 20% dos mineradores mudaram para outras redes de prova de trabalho

CoinDesk

(Kanchanara/Unsplash)

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Apenas alguns ex-mineradores de Ethereum (ETH) são capazes de sobreviver no mundo !pós-Merge!, e alguns estão fazendo isso pulando de token em token. Aqueles que são capazes de continuar no processo estão obtendo lucros menores do que desfrutavam quando mineravam Ether.

Em setembro, a blockchain Ethereum mudou de um mecanismo de prova de trabalho (proof-of-work, ou PoW), que requer mineração, para um modelo de prova de participação (proof-of-stake, ou PoS), que precisa de validadores.

Apelidada de Merge (Fusão, na tradução para o português), a mudança diminuiu o uso de energia do Ethereum em 99,998%, mas deixou “sem emprego” milhares de mineradores que dependiam do processo e tiveram que descobrir o que fazer com seus equipamentos.

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Mais de um mês depois da atualização, menos de 20% deles “conseguiram encontrar um novo lar” no setor, “além de sofrerem uma diminuição significativa nas margens”, disse Ethan Vera, diretor de operações da empresa de serviços de mineração Luxor.

As altcoins recompensam os mineradores com valores menores do que os pagos por Ethereum e Bitcoin (BTC). Isso porque elas valem menos do que os dois principais criptoativos do mercado. Alguns mineradores optaram por não minerar após a fusão porque já haviam recuperado o investimento inicial feito em equipamentos há algum tempo.

Hoje, apenas aqueles com as máquinas mais eficientes e com os menores custos de energia podem minerar altcoins sem ficar no território de margem negativa.

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Dado o mercado atual, as altcoins podem acomodar apenas cerca de um quinto do hashrate (poder computacional) global e os mineradores enfrentam o fato de que sua receita de mineração não cobre suas contas de eletricidade, disse um porta-voz do pool de mineração f2pool.

Mas, ao mesmo tempo, à medida que os mineradores migram para minerar qualquer token PoW, um mecanismo conhecido como “dificuldade de mineração” entra em ação, o que significa que é menos provável que eles ganhem uma recompensa, diminuindo ainda mais seus ganhos.

Para aproveitar os valores das recompensas que mudam com os preços dos tokens, a mineradora de capital aberto Hive Blockchain está usando um algoritmo de que redireciona automaticamente suas GPUs para a moeda mais lucrativa, disse Aydin Kilic, presidente e diretor de operações da empresa. A Hive então troca essas moedas por BTC.

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Assim, sua estratégia geral é redirecionar e otimizar suas GPUs para expandir sua produção de Bitcoin, falou o presidente. Dessa forma, a Hive ganha mais dólares por quilowatt-hora do que apenas minerando Ethereum Classic (ETC) ou Ravencoin (RVN), disse Kilic.

Da mesma forma, os mineradores migraram para a plataforma Nicehash por causa de seu software que permite a troca automatizada nas 24 horas após a fusão, disse Joe Downie, diretor de marketing da empresa.

Downie falou que a plataforma passou de cerca de um milhão para 600 mil clientes nos produtos Nicehash após a fusão.

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Pressa

Após a fusão, mineradores mineravam o token de uma cadeia, aumentavam sua dificuldade e depois deixavam a rede.

A maioria deles minerou até o último minuto possível. Enquanto alguns não sabiam o que fazer quando a fusão entrou em vigor, muitos já tinham feito planos, disse Downie.

Mineradores maiores se prepararam com antecedência, alguns até redirecionando suas GPUs para inteligência artificial e computação em nuvem, mas muitos não fizeram isso.

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Depois que a rede mudou para PoS, eles se comportaram “freneticamente”, com “a grande maioria pulando de moeda em moeda na tentativa de permanecer o mais lucrativo possível”, disse um representante do fornecedor de software de mineração Hiveon. Mas isso levou a um “ciclo vicioso” no qual eles saturaram um mercado até serem forçados a abandoná-lo.

O hashrate da blockchain Ethereum Classic saltou cerca de quatro vezes de 12 a 16 de setembro, na época da fusão, para cerca de 200 terahash/segundo (TH/s), e sua dificuldade aumentou simultaneamente pelo mesmo fator, segundo dados da CoinWarz. Desde então, o hashrate da rede caiu para cerca de 125-135 TH/s.

O Ethereum Classic é a opção mais fácil porque seu algoritmo é o mais próximo da mineração do Ethereum, disse Downie. A blockchain foi formada por um fork da rede do Ether em 2016. Tendências semelhantes foram evidentes para mineração das criptos RVN, Beam (BEAM) e Ergo (ERG).

Os mineradores que usam GPUs estão apostando principalmente em Ravecoin, disse Downie, já que o ETC é cada vez mais dominado por Asics, computadores especializados usados ​​para mineração de Bitcoin.

Assim como o resto da indústria, os mineradores de Ethereum do passado estão esperando por um mercado de alta, mantendo suas máquinas funcionando na esperança de que outras moedas cresçam no futuro.“Alguns mineradores ainda optaram por continuar minerando, embora suas receitas não possam cobrir as contas de eletricidade”, disse a f2pool.

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