Estrangeiro ingressa com R$ 12,5 bi e institucional saca R$ 9,9 bi em janeiro na Bolsa

Primeiro mês do ano manteve forte ritmo de ingresso de recursos estrangeiros na Bolsa, assim como em 2022

Rodrigo Petry

(Getty Images)

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O fluxo de ingresso de recursos de investidores estrangeiros no mercado secundário da B3 (B3SA3) se manteve elevado no mês de janeiro, mantendo o forte ritmo observado no ano passado, quando mais R$ 100 bilhões ingressaram na Bolsa brasileira.

Também, assim como no ano passado, a contrapartida foi a saída de recursos de investidores institucionais. Ano passado, o institucional sacou R$ 143 bilhões.

Conforme dados da B3, fechados até o dia 31 de janeiro, ingressaram no mês passado R$ 12,550 bilhões em recursos de estrangeiros, enquanto R$ 9,966 bilhões foram sacados pelos institucionais.

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Essa entrada de estrangeiro ajuda a explicar a queda que o dólar vem registrando, em relação ao real, com a taxa de câmbio caindo abaixo de R$ 5 pela primeira vez em sete meses.

Em relatório, a Guide escreveu que o elevado fluxo de investidores estrangeiros para o Brasil “impressiona”, sobretudo por sua contrapartida, que é o institucional.

“A onda de resgates de fundos brasileiros também é relevante: apesar dos juros altos, até os fundos de renda fixa vêm sofrendo resgates. Acreditamos que o mal humor do investidor local com o Brasil é exagerado. Posse do novo Congresso nesta semana pode elevar a volatilidade no mercado local”, acrescentou o documento.

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Bolsa “barata” atrai estrangeiro e “juro alto” tira institucional

Um dos fatores que atraem o investidor estrangeiro é a percepção de que a Bolsa está barata. “Isso gera oportunidades para o gringo”, avaliou Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.

“Acreditamos que o fluxo se deve ao valuation baixo das ações no Brasil além do maior crescimento econômico (menor risco de recessão) e chances de redução de juros ainda em 2023″, pontou a Guide.

Enquanto isso, o institucional segue no mesmo caminho do ano passado, quando a indústria de fundos teve seu maior volume de saques em 20 anos.

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Essa saída coincide com toda a incerteza existente em relação a ativos de risco, que foi impulsionada pelo aperto monetário realizado pelo Banco Central.

Assim, a expectativa de manutenção da taxa de juros de juros em patamar elevado, o que foi reforçado pelo comunicado do Copom de ontem, deixa a renda fixa mais atrativa.

“Ao mesmo tempo que o fluxo estrangeiro tem sido positivo, o fluxo local tem sido bastante negativo”, destacou a Guide, acrescentando: “Além dos resgates na indústria de fundos, a alocação dos fundos multimercado parece baixa.”

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Entradas e saídas

Em relatório, o Credit Suisse apontou os destaques de ingressos e saídas no mês de janeiro, em sua corretora.

As ações da Petrobras (PETR4) registraram ingresso líquido de R$ 351,1 milhões, entre estrangeiros, e de R$ 227,1 milhões, entre locais.

Ainda nas blue chips, a Vale (VALE3) teve saques líquidos de R$ 186,6 milhões, de locais, enquanto o saldo com estrangeiros ficou praticamente estável.

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Por fim, o destaque, negativo, ficou com Americanas (AMER3): saques de R$ 243,3 milhões de estrangeiros e de R$ 76,2 milhões de locais.