Entre ceticismo de analistas e entrada de Barsi na ação, o que esperar para o IRB? Empresa divulga balanço nesta segunda

Expectativa do Safra é de um trimestre de resultado ainda fraco, mas investidores estarão de olho também em novas mensagens do ressegurador

Lara Rizério

IRB Brasil (Foto/Reprodução: Youtube)

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SÃO PAULO – O ressegurador IRB (IRBR3) divulgará seus dados do segundo trimestre de 2021 na noite desta segunda-feira (16), podendo dar sinais importantes sobre a evolução dos números da companhia.

Em 2020, os papéis desabaram em meio a alegações da gestora Squadra de uma série de inconsistências no balanço da companhia, além da notícia enganosa de que Warren Buffett teria comprado ações da empresa, informação negada posteriormente pela Berkshire Hathaway, do megainvestidor americano, aumentando a uma crise de credibilidade para a companhia e levando à saída de importantes executivos. Posteriormente, com uma nova gestão, a companhia tem buscado resgatar a confiança dos investidores, ainda que seja alvo de ceticismo por boa parte do mercado.

Na avaliação do Safra, que divulgou prévia de balanços do setor, o IRB deve apresentar um resultado de ganhos fraco. Os analistas apontam que os números já apresentados anteriormente à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) – e que, de uma certa forma, já antecipam o que esperar para o balanço -, não definem uma tendência clara de recuperação.

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Na avaliação dos analistas do banco, o prejuízo líquido de R$ 48,99 milhões apurado em abril deve pesar no resultado consolidado do segundo trimestre de 2021, apesar da resseguradora ter registrado lucro líquido de R$ 7,5 milhões em maio deste ano.

“Em maio, houve ligeira recuperação do faturamento, mas não o suficiente para reverter a perda apresentada no mês anterior”, apontam.

Ainda assim, os analistas do Safra estimam lucro líquido de R$ 12 milhões para a companhia, um valor 76% menor frente lucro de R$ 51 milhões do primeiro trimestre de 2021.

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Para eles, o índice de sinistralidade – ou a proporção das perdas totais incorridas em sinistros mais despesas de ajuste divididas pelo total de prêmios obtidos – deve ser o principal fator negativo do resultado, passando de 72,1% no primeiro trimestre para 74,6% entre abril e junho desse ano.

Contudo, além dos resultados, os investidores estarão de olho nas perspectivas para a companhia, em meio a uma série de eventos que estão impactando e que ainda podem influenciar o cenário de investimentos para os papéis IRBR3.

Cabe ressaltar que, no mesmo dia em que foram divulgados os dados de maio, em 21 de julho, Luiz Barsi Filho, um dos maiores investidores individuais da Bolsa brasileira, informou ao InfoMoney ter adquirido mais de 1,5% do capital social da resseguradora, o que contribuiu para impulsionar os papéis da companhia para uma alta de 8,50% naquela sessão, a R$ 6, ainda que sem ter o mesmo ímpeto nas sessões seguintes. O papel fechou a última sessão, de 13 de agosto, a R$ 5,62.

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Barsi destacou ver a ação como barata e ressalta o papel como investimento de longo prazo, em linha com a sua estratégia de “carteira previdenciária”. Ele destacou que o valor de mercado do IRB na ocasião era de aproximadamente R$ 6,9 bilhões, bem menos do que o caixa disponível.

Além disso, o investidor ainda afirma que também está ciente, a exemplo dos principais acionistas, de que o IRB precisa eleger um novo presidente, que “seja experiente, competente, que atue com austeridade e que seja um vencedor”. Desde a saída de Antonio Cassio dos Santos, em gestão elogiada por Barsi, o vice-presidente Wilson Toneto comanda interinamente a presidência executiva da companhia. Santos deixou o cargo em março de 2021, um ano após assumir o comando da resseguradora em meio à crise de confiança que abalou a empresa.

A companhia informou na ocasião que havia contratado uma consultoria internacional especializada em executive search para a busca de um novo CEO.

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Barsi apontou, contudo, a sugestão de um nome para novo CEO do IRB: o de Fabio Schvartsman, que já passou pela Ultrapar (UGPA3), Klabin (KLBN11) e Vale (VALE3). Schvartsman saiu da Vale em 2019 em meio à tragédia de Brumadinho, com o rompimento de uma barragem situada na Mina Córrego do Feijão, e causou devastação ambiental, destruição de comunidades e 270 mortos.

Porém, para Barsi, o executivo foi injustiçado no episódio, sendo “considerado o único responsável pelo acidente”. “Indico o nome do Fábio uma vez que ele foi, entre muitos, eleito para dirigir e administrar todas as empresas que citei e sempre foi apreciado como um gestor honesto, experiente e competente, que é o que o IRB necessita no momento para iniciar a sua recuperação perante o mercado e seus acionistas”, afirmou o megainvestidor.

A escolha de um novo CEO será bastante importante para definir os rumos da companhia em um cenário ainda de bastante ceticismo com os papéis IRBR3.

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De acordo com compilação da Refinitiv, de sete casas que cobrem o papel, duas recomendam manutenção, quatro têm recomendação de venda e apenas uma recomenda compra.

A única casa com visão positiva é a Eleven Financial, que em meados de junho retomou a cobertura para o ativo com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 12 para o final de 2022 (um expressivo potencial de valorização de 113% em relação ao fechamento de sexta), destacando que a recuperação está mais lenta do que os analistas estavam esperando, porém veem evolução e o encerramento da fiscalização especial da Susep como o marco do encerramento da fase de limpeza.

“Agora, ainda existe um caminho de reestruturação do negócio (Fix), que deverá levar todo o ano de 2021 e talvez até um pedaço de 2022 para preparar a companhia para uma nova fase de crescimento (Growth)”, destacaram os analistas na ocasião.

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Por outro lado, em relatório recente, a Levante Ideias de Investimentos destacou motivos para manter cautela com os papéis do IRB.

“A nova gestão deu bons sinais de melhora de governança corporativa e transparência. Depois de confirmar a fraude nas reservas técnicas, a companhia está fazendo o necessário para arrumar a casa com uma série de medidas”, avaliam os analistas da casa de research.

Eles ressaltam que a companhia segue líder em seu setor, e as medidas feitas ao longo do ano mostram comprometimento na virada da companhia.

“Porém, o grande problema da IRB Brasil não é apenas operacional, mas ‘reputacional’, e a quebra da confiança é uma ferida que pode demorar a cicatrizar. Então, reiteramos uma visão cautelosa sobre as ações de IRB, devido ao momento ainda bastante recente de recuperação em que a empresa se encontra”, apontam. O Safra também possui maior cautela com os ativos, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 7,80.

Assim, além dos resultados, os investidores também ficarão bastante atentos às novas sinalizações da companhia sobre a evolução dos seus números e também o andamento das medidas para restaurar a confiança do mercado.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.