Elon Musk diz que Dogecoin pode superar Bitcoin e cofundador do Ethereum rebate

CEO da Tesla sugere melhorias para criptomoeda meme, mas Vitalik Buterin rebate em artigo que propostas geram problema de segurança

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Criada como uma forma de brincadeira, a criptomoeda Dogecoin tem gerado bastante discussão no mercado diante de sua forte valorização, mesmo com especialistas apontando que esse ativo não “tem fundamentos”.

Agora, dois nomes bastante conhecidos da comunidade cripto estão discutindo sobre o potencial dessa moeda digital. Enquanto o CEO da Tesla, Elon Musk, segue elogiando a Dogecoin, o cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, tem apontado diversos problemas com o ativo.

Já faz algum tempo que Musk tem elogiado a criptomoeda criada com base no meme do cachorro da raça Shiba Inu, que segundo ele tem potencial até de superar o Bitcoin caso sejam implementadas algumas melhorias em sua rede.

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Respondendo a um comentário comparado a Dogecoin e o Bitcoin no Twitter, o executivo declarou em 15 de maio que a moeda meme poderia derrotar facilmente a maior das criptomoedas se “acelerar o tempo de bloco em 10 vezes, aumentar o tamanho do bloco em 10 vezes e reduzir a taxa em 100 vezes”.

E foi exatamente essa ideia que levou Vitalik a escrever um artigo dizendo que acha difícil realizar todas essas mudanças da rede da Dogecoin. “Vai dar trabalho fazer isso sem sacrificar a descentralização que torna as blockchains tão valiosas”, afirma no texto.

Segundo ele, implementar as propostas de Musk não é simples, principalmente por causa de fatores técnicos que afetam a segurança de um projeto como o da Dogecoin.

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Vitalik explica que para uma rede ser verdadeiramente segura é preciso maximizar o número de usuários que podem executar um nó da blockchain.

Em várias das principais criptomoedas existentes, o processo de criação de novos ativos é feito por meio da mineração, em que computadores resolvem problemas matemáticos para confirmar as operações e como recompensa são geradas novas moedas. Para isso ocorrer é preciso completar um bloco, por isso o nome blockchain (corrente de blocos, em tradução livre), e, quando isso ocorre, se diz que foi executado um “nó”.

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Segundo o cofundador do Ethereum, a proposta de escalabilidade de Musk resulta em um aumento dos requisitos de hardware para os validadores, o que no fim resulta em um movimento oposto a essa maximização de usuários que podem executar o nó.

Ele explica que aumentar em 10 vezes o tempo e o tamanho de um bloco, por exemplo, exigiria uma largura de banda, armazenamento e potência computacional para executar um nó que um usuário comum não tem como conseguir.

Por conta disso, a escalabilidade forçada sugerida por Musk tornaria o processo viável apenas para players maiores e especializados, com equipamentos melhores e mais caros. Vitalik, portanto, diz que isso “não é uma solução”.

“Para que uma blockchain seja descentralizada, é crucial que os usuários regulares sejam capazes de executar um nó e ter uma cultura em que executar nós seja uma atividade comum”, escreveu ele no artigo.

Exemplo da rede Ethereum

No texto, o desenvolvedor cita o exemplo do próprio Ethereum para mostrar os desafios da escalabilidade. A rede do token Ether conta com uma solução chamada sharding, ou fragmentação de blocos, que separa os dados da blockchain em vez centralizar tudo em um único nó, facilitando a validação de transações.

Mesmo assim, ele explica que, no caso do Ethereum, “o design de fragmentação já está bastante próximo dos valores máximos para uma segurança razoável […] As constantes podem ser aumentadas um pouco, mas não muito”.

Recentemente, a rede Ethereum passou exatamente por uma atualização para ajudar em sua segurança e melhorias do sistema, sendo que há mais novidades esperadas para julho.

A resposta de Musk

Na última segunda-feira (24), Musk escreveu em seu Twitter uma resposta, satirizando o artigo de Vitalik, dizendo que o desenvolvedor tem medo do avanço da Dogecoin sobre outras criptomoedas.

O CEO da Tesla recentemente disse que está trabalhando com os desenvolvedores da Dogecoin para encontrar melhorias e soluções para evoluir a moeda digital.

Apesar do forte rali recente e do apoio de nomes como Musk, especialistas alertam que a criptomoeda não tem fundamentos e os investidores não devem entrar na onda desta alta.

O próprio Musk, apesar de entusiasta, até hoje não apresentou propostas concretas ou nenhuma sinalização mais clara do que pode ser feito para melhorar a rede da Dogecoin. Por outro lado, ele tem feito muitas brincadeiras, como participar do programa Saturday Night Live usando o nome “Dogefather” ou anunciar que vai lançar, usando a sua empresa Space X, um foguete com o nome DOGE-1, a primeira carga útil lunar comercial paga inteiramente em Dogecoin.

Em entrevista ao InfoMoney recentemente, João Marco Cunha, gestor de portfólio da gestora Hashdex, disse que a criptomoeda tem um “baixo engajamento dos desenvolvedores, o que limita sua evolução, sem ter uma proposta de valor convincente”. “A rede ainda é pouco descentralizada e vulnerável. Portanto, é difícil apontar fundamentos para movimento de preços observado”, afirma.

Já Safiri Felix, diretor de Produtos e Parcerias da Transfero Swiss, reforça que “claramente a Dogecoin é um ativo sem nenhum fundamento”, sendo que a alta é puxada apenas pelo fluxo de mercado, aumentando o risco do ativo.

“Estamos falando de um protocolo que não tem um time de desenvolvedores dedicados, trabalhando em melhorias e novas implementações. Um ativo que tem uma base monetária extremamente inflada, a quantidade total de dogecoins em circulação é muito alta e os saldos são bastante concentrados entre os maiores detentores”, explica.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.