Dólar tem maior alta desde agosto e Ibovespa fecha em leve queda após cessão onerosa

Mercado teve um dia negativo diante da decepção dos investidores com o resultado do megaleilão do pré-sal

Ricardo Bomfim

"Shutterstock"

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SÃO PAULO – O dólar disparou nesta quarta-feira (6) e o Ibovespa fechou em baixa após os investidores ficarem decepcionados com o resultado do megaleilão do petróleo da cessão onerosa.

O Ibovespa teve queda de 0,33%, para 108.360 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 20,31 bilhões.

Na mínima do pregão, o principal índice da B3 chegou a cair 1,17% a 107.445 pontos, depois de uma abertura em alta que chegou a 0,84%, a 109.633 pontos.

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Já o dólar comercial teve alta de 2,22% a R$ 4,0809 na compra e a R$ 4,0818 na venda — maior valor desde 22 de outubro (R$ 4,0839). Também foi a maior alta diária da moeda desde 5 de agosto, quando subiu 2,25%.

O dólar futuro com vencimento em dezembro subia 2,09% a R$ 4,084.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 registra queda de 0,44 pontos-base a 4,49% e o DI para janeiro de 2023 sobe 0,73 ponto-base a 5,54%.

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De acordo com Lucas Monteiro, trader de multimercados da Quantitas Gestão de Recursos, o leilão frustrou tanto porque não haverá a tão esperada entrada de dólares no País como porque o setor privado não teve tanto interesse pelas áreas leiloadas, o que começa a gerar ruído no mercado.

“Existem pessoas que estão falando em desinteresse do investidor estrangeiro no Brasil, mas entendo que não chega a tanto. O resultado negativo foi mais porque o governo cobrou um valor um pouco alto nas outorgas”, avalia.

Hoje, a Petrobras (PETR3; PETR4) arrematou 90% da área de Búzios e ganhou sozinha a área de Itapu, enquanto os blocos de Atapu e Sépia, como esperado, não receberam nenhuma oferta.

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A maior petroleira brasileira adquiriu Búzios em consórcio com as chinesas CNODC Brasil Petróleo e Gás e a CNOOC Petroleum Brasil, que levaram 5% cada uma. A falta de interesse das demais empresas estrangeiras no leilão levou o dólar a disparar, visto que nas últimas sessões o real vinha se apreciando por conta da expectativa da entrada de dólares no País devido às ofertas esperadas de estrangeiros pelos campos do pré-sal.

Em decorrência disso, foi bastante volátil o desempenho das ações da Petrobras. O papel preferencial PETR4 subiu 3,54% na máxima do dia e caiu 5,23% na mínima, logo após o anúncio do resultado do megaleilão.

Segundo Adeodato Volpi Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial Research, não se esperava tamanho protagonismo da Petrobras no leilão, mas isso não é de todo ruim. “Para a Petrobras muda a dinâmica de curto prazo, ela é muito eficiente na extração de petróleo de águas profundas e fica bem posicionada com as áreas arrematadas”, explica.

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As preocupações que diversos investidores manifestaram nos últimos dias, de que o pagamento de bônus muito elevados sobre as áreas fosse prejudicar o endividamento da empresa não deveriam ser tão grandes, na visão do analista. “Hoje, a Petrobras já cumpriu um processo de desalavancagem muito grande, então não acho que ela vai ter dificuldade em captar recurso”, explica.

Para Volpi Netto, a grande frustração da cessão onerosa é do lado do governo, que tinha expectativa de arrecadar R$ 106,5 bilhões e só conseguiu levantar R$ 69,96 bilhões. “Pode ser que o Planalto tenha que destravar privatizações para compensar”, avalia o analista da Eleven.

No início da semana, as petroleiras Total e BP já haviam desistido de fazer ofertas diante dos altos preços da outorga e das incertezas em relação aos reembolsos que deverão ser pagos à Petrobras, que é a concessionária original.

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A Bloomberg informou na semana passada que o Planalto esperava ganhar US$ 50 bilhões entre licenciamentos e compensações.

Lá fora, os índices acionários dos Estados Unidos ficam praticamente estáveis após notícia de que Pequim quer que o presidente Donald Trump reverta as tarifas impostas em setembro sobre US$ 125 bilhões em mercadorias chinesas. Essa seria uma condição essencial para o fechamento da fase 1 do acordo comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Ainda no Brasil, destaque para a repercussão do pacote de reformas econômicas que deverá suceder o debate previdenciário no parlamento. As medidas vêm sendo classificadas como a mais ampla reforma desde a Constituição de 1988, com uma revisão profunda do papel do Estado e mudando a lógica dos gastos públicos.

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Noticiário Corporativo

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a tragédia em Brumadinho (MG) aprovou o indiciamento da mineradora Vale (VALE3), da companhia alemã Tüv Süd e de mais 22 pessoas das duas empresas por homicídio doloso, lesão corporal dolosa e poluição ambiental por rejeitos minerais com sérios danos à saúde humana e ao meio ambiente, além de destruição de área florestal considerada de preservação permanente.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo deve ficar com cerca de 40% de participação na Eletrobras após o processo de capitalização da empresa. Albuquerque esteve no gabinete do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para entregar o projeto de lei sobre o processo. Segundo ele, a proposta é de o governo continue com participação expressiva na companhia.

A TIM Brasil (TIMP3) reportou lucro líquido de R$ 687 milhões no terceiro trimestre de 2019, queda de 48,5% em relação ao mesmo período de 2018. Já a AES Tietê (TIET11) apresentou lucro 174,5% superior, que atingiu R$ 97,109 milhões.

Para hoje, estão previstos os resultados Carrefour (CRFB3), Comgás (CGAS5), Ultrapar (UGPA3), IRB (IRBR3), Movida (MOVI3), NotreDame (GNDI3), Wiz (WIZS3), Totvs (TOTS3) e Banco ABC (ABCB4).

Bolsas Internacionais

As bolsas internacionais fecharam de forma mista diante dos receios por parte dos americanos em rever as tarifas impostas em meio à guerra comercial aos produtos chineses, o que poderia levar um novo colapso nas negociações, impactando os mercados globais.

De acordo com a Reuters, até mesmo a escolha de um local para o encontro de Trump com o líder chinês, Xi Jinping, vem se tornando um obstáculo.

Em relatório, economistas da Organização das Nações Unidas (ONU) destacam que os impactos da disputa comercial sino-americana é uma situação “perda ou perda”. Enquanto a China perdeu cerca de US$ 35 bilhões no primeiro semestre deste ano, os consumidores e as empresas dos EUA se viram obrigados suportaram o peso das tarifas mais caras.

Enquanto isso, o Banco Popular da China estabeleceu sua correção diária média para o yuan em 7,0080 por dólar – a mais forte desde 8 de agosto, após a moeda ter rompido o suporte de 7 para 1 ontem. Segundo analistas consultados pela CNBC, caso o acordo comercial seja fechado o yuan pode se fortalecer, assim como o contrário, em negativa das negociações para assinatura do acordo.

“(A correção do yuan) foi muito mais forte do que esperávamos. Era muito mais forte do que as expectativas do mercado”, disse Divya Devesh, estrategista de câmbio da Ásia no Standard Chartered Bank, à CNBC.

Os investidores monitoram ainda os discursos do presidente do Fed de Chicago, Charles Evans; de Nova York, John Williams; e da Filadélfia, Patrick Harker.

Na Europa, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, subiu de 50,1 em setembro – que havia sido o menor nível desde junho de 2013 – para 50,6 em outubro, mostrando que a atividade no bloco se expandiu em ritmo um pouco mais forte no último mês após ficar próximo da estagnação, segundo pesquisa final divulgada hoje pela IHS Markit.

O resultado ficou acima da leitura prévia de outubro e da previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 50,2 em ambos os casos. Apenas o PMI de serviços da zona do euro aumentou de 51,6 em setembro – menor patamar desde o começo de 2019 – para 52,2 em outubro. A estimativa preliminar também era menor, de 51,8.

Já as encomendas à indústria da Alemanha subiram 1,3% em setembro ante agosto, segundo dados com ajustes sazonais divulgados hoje pela agência de estatísticas do país, a Destatis. O resultado ficou bem acima da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam ligeiro aumento de 0,1% nas encomendas.

Apenas as encomendas domésticas tiveram expansão de 1,6% em setembro ante o mês anterior. As encomendas externas, por sua vez, avançaram 1,1% no mesmo período. Na comparação anual, por outro lado, as encomendas totais sofreram contração de 5,4% em setembro, no cálculo sem ajuste sazonal.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, Agência Senado e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.