Bitcoin se estabiliza acima de US$ 28 mil, mas baixa liquidez preocupa analistas

O Bitcoin (BTC) se manteve estável no final de semana, estacionado em uma faixa de preço que vai de US$ 27.650 a US$ 28.650. Por volta das 8h desta segunda-feira (3), a criptomoeda era negociada a US$ 28.450, com uma leve alta de 0,30% nas últimas 24 horas.

Apesar da estabilidade de curto prazo e da disparada de quase 70% ao longo deste ano – que fez o Bitcoin ter o melhor desempenho no primeiro trimestre na comparação com uma cesta de outros ativos de risco -, os analistas estão preocupados. O motivo é que por praticamente qualquer medida, a liquidez do BTC permanece baixa.

Os investidores têm pagado mais nas negociações por causa do slippage (a diferença entre o preço esperado de uma transação e o preço pelo qual ela é totalmente executada), um sinal de piora na liquidez, disse Conor Ryder, da Kaiko, à Bloomberg. Na prática, quanto maior a dificuldade na negociação, maior a exposição a possíveis oscilações de preços voláteis.

Isso pode acontecer devido a uma alteração no spread de compra e venda entre o momento em que uma negociação é colocada e preenchida, ou quando não há profundidade suficiente no livro de ofertas para atender a pedidos grandes. Uma crescente repressão regulatória dos Estados Unidos e o colapso de alguns bancos “amigos dos criptoativos” também moderou o entusiasmo de alguns investidores.

“É mais indicativo da relutância institucional em oferecer liquidez no espaço”, disse Ryder. “Muitas empresas de criptomoedas não querem ser pegas no meio de uma batalha entre reguladores e corretoras nos EUA.”

Os analistas agora estão particularmente atentos a como os pequenos investidores de varejo podem se comportar, já que são parte integrante do sistema, e ajudaram a elevar os preços durante o boom inicial da pandemia.

“Os turistas definitivamente se foram”, disse Mark Connors, chefe de pesquisa da empresa de gerenciamento de ativos digitais 3iQ, para a Bloomberg. “Se você está nessa, tem que entender que a volatilidade está aí, você não sabe para onde ela vai no dia a dia, mas entende a trajetória, a adoção etc.”

Os volumes à vista em algumas das exchanges de criptomoedas mais populares também ajudam a contar essa história. A Binance, a maior plataforma do mercado, registrou no final de março volumes de negociação normalizados de mais de US$ 6 bilhões, com visitas mensais de cerca de 65 milhões. Em comparação, a Coinbase, a segunda maior, registrou volumes de negociação de cerca de US$ 1,3 bilhão, com cerca de 33 milhões de visitas mensais, de acordo com dados e números compilados pela plataforma CoinGecko.

Os volumes de negociação de Bitcoin caíram, “o que inevitavelmente torna o mercado mais volátil”, disse Fiona Cincotta, analista sênior de mercados financeiros do City Index, Bloomberg. “A queda acentuada nos volumes significa que é mais fácil para grandes pedidos mover os preços do BTC. Portanto, fique firme, pois pode haver mais oscilações selvagens chegando.

Ela acrescentou o seguinte: “A queda nos volumes aponta para a diminuição do apetite pelo Bitcoin em seus níveis mais altos recentes, em meio à diminuição das preocupações em torno do setor bancário e à medida que a regulamentação cripto está sob os holofotes”.

Altcoins e efeito Binance

Assim como o BTC, as principais altcoins também amanhaceram estacionadas. O Ethereum (ETH) era negociado a US$ 1.812 por volta das 8h, com leve recuo de 0,50%. Já o XRP (XRP), que registrou um salto na semana passada, estava na casa dos US$ 0,51, com queda de 0,70% nas últimas 24 horas.

O token BNB Chain (BNB), da Binance, era negociado a US$ 312 no momento da publicação deste texto, após queda de 0,70% nas últimas 24 horas. No início da semana passada, a Commodity and Futures Trade Commission (CFTC), agência reguladora que supervisiona o mercado de derivativos nos EUA, processou a corretora por suposta atuação irregular no mercado de derivativos. A empresa nega.

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O embate jurídico entre o órgão e a exchange não afetou a liquidez do mercado cripto, disse Strahinja Savic, chefe de dados e análises da FRNT Financial. No entanto, disse ela, “resta ver como o caso afetará as operações da Binance”.

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(Com informações da Bloomberg)