Bitcoin sobe 6% com traders apostando em guinada do Fed em 2023 e indicador técnico mostrando luz no fim do túnel

Após sustentar o patamar de US$ 20 mil na sequência da divulgação da ata do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, o Bitcoin (BTC) passou por um rali de alívio na noite de ontem e chegou a atingir US$ 22.500, em alta de 6%. A alta esfriou desde então, com a criptomoeda mantendo o preço em US$ 21.527 às 7h – em 24 horas, os ganhos são de 4,7%.

O salto pode estar ligado ao movimento de traders que, segundo a Bloomberg, tentam se antecipar às decisões do Fed e já começam a apostar em cortes na taxa de juros da economia americana a partir de 2023. Diante disso, parte do mercado considera que o comportamento hawkish (a favor de aumento dos juros) de Powell tenha chegado ao pico.

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“O mercado como um todo está subindo, já é o terceiro dia de alta na bolsa americana, muito visto pela ausência de más notícias”, conta o analista Andrey Nousi.

Especialistas, no entanto, seguem divididos quanto à possibilidade de o Bitcoin e as criptomoedas no geral já terem de fato chegado a um fundo de mercado. “Não vejo [cripto] se recuperando instantaneamente”, diz Takaaki Koto, chefe global de trading da exchange de criptomoedas japonesa BitFlyer.

“Muitas questões estão sendo abordadas [por empresas cripto], seja corte de custos ou apenas aumento da conscientização sobre gerenciamento de riscos ou apenas a melhoria da confiança no sistema, seja por meio de regulamentação ou estabilidade”, explica Koto. “Essas coisas levam tempo. Mas com os criptoativos tudo isso acontece em velocidade muito maior. Pode acontecer mais cedo [do que no mercado tradicional]”.

O especialista se refere à crise enfrentada por diversas empresas do setor, que vêm sofrendo problemas de liquidez, seja porque têm ativos presos em derivativos que depreciaram em relação ao ativo subjacente, ou porque concederam empréstimos a players que perderam dinheiro em produtos de investimento altamente arriscados – como o hedge fund Three Arrows Capital (3AC).

Mineradores também enfrentam momento delicado. A Compass anunciou nesta semana que demitiu 15% de seus funcionários e cortou a remuneração dos executivos para enfrentar a crise das criptomoedas.

Já a Celsius, empresa que bloqueou saques de clientes em junho, deu a impressão de que está tentando acertar as contas ao depositar US$ 450 milhões em colateral de um empréstimo nos últimos dias, evitando uma nova liquidação. No entanto, a plataforma cripto foi flagrada depositando o equivalente a US$ 500 milhões em Bitcoin em uma exchange, levantando a suspeita de que meio bilhão de dólares na criptomoeda pode ser liquidado a qualquer momento.

Por outro lado, traders estão de olho em um indicador técnico que estaria próximo de apontar um possível fundo de mercado para o Bitcoin. O indicador foi criado para visualizar a fraqueza do preço da criptomoeda ao longo do tempo, mas, historicamente, coincidiu com o fim de períodos prolongados de baixa.

Enquanto um sinal mais claro de alta não vem, especialistas seguem recomendado cautela em meio a saltos repentinos. “Continuo achando que toda alta gera oportunidade de venda e, por isso, tende a não durar muito”, aponta o trader e investidor Vinícius Terranova.

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