Bitcoin busca US$ 21 mil, criptos menores sobem forte e mercado atinge US$ 1 tri pela 1ª vez desde falência da FTX

Traders esperam menor liquidez nesta segunda devido ao dia de bolsa fechada nos Estados Unidos pelo feriado de Martin Luther King

Paulo Barros CoinDesk

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Após o Bitcoin encerrar sua melhor semana desde março de 2022, o “inverno” das criptomoedas continuou a dar sinais de alívio no fim semana e o Bitcoin chegou a ultrapassar brevemente os US$ 21 mil, seu maior preço em mais de dois meses.

Nesta manhã, a moeda digital opera próximo desse patamar, visto como uma resistência (zona com alto interesse de venda), a US$ 20.825. Já o Ethereum (ETH) é negociado a US$ 1.544, com avanço de 1,2% nas últimas 24 horas – as duas criptos valorizaram 20% nos últimos sete dias.

No entanto, o fim de semana foi de amplos ganhos principalmente entre tokens de menor valor de mercado, indicando que traders e investidores estão novamente dispostos a tomar risco na classe de ativos. A alta generalizada fez as criptomoedas voltarem ao patamar de US$ 1 trilhão pela primeira vez desde 7 de novembro, pouco antes da falência da corretora FTX.

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Não coincidentemente, as criptos com o melhor resultado nos últimos dias são aquelas que mais sofreram com o colapso da exchange: a Solana (SOL), que era financiada pelas empresas de Sam Bankman-Fried, tem alta acumulada de mais de 60% nos últimos sete dias, e de 185% da mínima mais recente, de menos de US$ 8.

Já o token da FTX, FTT, dispara nesta segunda-feira (16) com valorização de quase 70% apenas nas últimas 24 horas. No entanto, analistas alertam para um movimento puramente especulativo, já que, ao contrário da Solana, o FTT perdeu qualquer fundamento com a derrocada da FTX.

Tokens de metaverso, segmento que sofreu forte impacto no pior momento do mercado em meio à falta de interesse de usuários, também se recuperam. O destaque é a Decentraland (MANA), que engatou alta na semana passada após anúncio de novos recursos no projeto, e hoje sobe mais 21%. O rival Sandbox (SAND) avança mais de 10%.

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Traders estarão de olho em um novo dia de possível liquidez menor nas criptomoedas devido ao feriado do Dia de Martin Luther King nos Estados Unidos, onde as bolsas estarão fechadas mas os mercados de criptos seguem abertos normalmente.

A alta das criptos, afinal, é vista como reflexo de menos preocupação com crises internas do setor, mas sobretudo de um ambiente macro mais favorável após a divulgação do dado mais recente de inflação ao consumidor nos EUA.

“Vemos a atual recuperação dos ativos digitais como uma reversão do mercado e não como uma recuperação do mercado de baixa”, escreveu Mark Connors, chefe de pesquisa da gestora canadense de ativos digitais 3iQ.

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Observando os comentários recentes e menos agressivos dos governadores do Fed, Connors acrescentou que “o potencial para uma redução nos aumentos [dos juros] e na redução do balanço patrimonial [do Fed]… foram um sinal de que a redução acentuada na oferta monetária pode estar terminando”.

“É significativo, já que a redução nos últimos 12 meses foi a maior desde 1959”, escreveu ele. “Isso é relevante para os ativos digitais, pois o BTC é considerado uma proteção contra a degradação di poder de compra, não contra a inflação”.

Em uma pesquisa trimestral do Wall Street Journal, quase dois em cada três economistas esperam que os EUA entrem em recessão este ano, aproximadamente a mesma porcentagem da pesquisa anterior. Muitos acreditam, no entanto, que a contração econômica será leve.

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Joe DiPasquale, CEO da gestora de fundos cripto BitBull Capital, avalia que “os participantes do mercado devem ter cautela durante esses picos e aguardar mais estabilidade”. “Continuamos otimistas sobre acumular [Bitcoin] a US$ 18.000 e abaixo, e nossa perspectiva de longo prazo permanece a mesma para 2023 – acumulando durante as mínimas”.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 20.825 +0,80%
Ethereum (ETH) US$ 1.544 +1,20%
Binance Coin (BNB) US$ 299 +1,50%
XRP (XRP) US$ 0,386402 +0,70%
Cardano (ADA) US$ 0,350943 +2,10%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
FTT (FTT) US$ 2,73 +67,00%
Frax Share (FXS) US$ 8,74 +30,40%
Decentraland (MANA) US$ 0,680972 +21,50%
Curve DAO (CRV) US$ 0,877710 +11,00%
Aptos (APT) US$ 7,98 +11,00%

As criptomoedas com as maiores baixas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Lido DAO (LIDO) US$ 2,15 -3,90%
Tezos (XTZ) US$ 1,02 -2,80%
Flow (FLOW) US$ 1,05 -2,80%
Zcash (ZEC) US$ 43,54 -2,20%
Polkadot (DOT) US$ 5,81 -1,50%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 17,60 +0,57%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 23,36 +2,99%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 21,68 +1,49%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 17,44 -0,34%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 12,03 -3,06%
Hasdex Crypto Metaverse (META11) R$ 33,00 +3,44%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 6,13 +1,32%
QR Ether (QETH11) R$ 5,06 +3,26%
QR DeFi (QDFI11) R$ 2,90 +5,07%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 4,99 0,00%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 15,40 +1,44%
Investo BLOKCI (BLOK11) R$ 75,83 0,00%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta segunda-feira (16):

Zero Hash entra para a ABCripto

A ABCripto, principal associação representativa do mercado cripto brasileiro, anunciou um novo integrante: a Zero Hash, empresa especializada em infraestrutura e cripto-as-a-service.

A Zero Hash havia anunciado sua chegada ao Brasil em novembro, e agora já tem 50 funcionários trabalhando em um escritório em São Paulo.

Com a novidade, a ABCripto agora conta com 18 membros: Foxbit, Mercado Bitcoin, NovaDAX, Z.ro Bank, Alter, Travelex Bank, EasyCrypto, Uniera, OWS Brasil, Ripio, Bitso, MetaMap, Deloitte, VDV Advogados, KPMG, Chainalysis e 99Pay.

Traders que apostavam em mais queda de criptos perdem US$ 500 milhões

Quase US$ 500 milhões foram liquidados em contas de short sellers de criptomoedas no fim de semana, assim que o mercado atingiu US$ 1 trilhão de capitalização.

Segundo dados da Coinalyze, é o valor mais alto de liquidações registrado desde outubro de 2022.

A liquidação se refere ao fechamento forçado de posições alavancadas por corretoras pelo esgotamento de garantias depositadas. Na prática, significa que traders donos dessas posições amargaram o prejuízo de meio bilhão de dólares.

De acordo com a plataforma Coinglass, mais de 70% dos traders registraram perdas. A maioria estava operando na exchange OKX, seguida da Binance e da Huobi.

Crypto.com deve demitir até 900 funcionários

A exchange Crypto.com anunciou na última sexta-feira (13) que irá implementar um corte de 20% do seu quadro de funcionários.

A empresa citou desafios econômicos da desaceleração no mercado de criptomoedas e a implosão do FTX como as razões por trás das demissões.

“Crescemos de forma ambiciosa no início de 2022, aproveitando nosso incrível impulso e nos alinhando com a trajetória da indústria em geral. Essa trajetória mudou rapidamente com uma confluência de desenvolvimentos econômicos negativos”, escreveu Kris Marszalek, cofundador e CEO, em um postagem abordando o assunto.

De acordo com vários perfis em redes sociais, a Crypto.com tem cerca de 3.500 a 4.500 funcionários, de modo que a onda de demissões deve atingir entre 700 a 900 pessoas.

Com essa nova leva, a contagem de desligamentos na indústria já chegaria perto de 29 mil postos de trabalho.

Paulo Barros

Editor de Investimentos