Carrefour (CRFB3) e Assaí (ASAI3) veem sinais de recuperação das vendas no 1º trimestre; GPA (PCAR3) nem tanto

Empresas com operações mais fortalecidas no "atacarejo", que mescla vendas para o público de atacado e varejo, observam melhor desempenho

André Cabette Fábio

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Após a bateria de resultados do fechamento de 2021, executivos das empresas do setor de varejo de alimentos começam a traçar suas perspectivas para este ano. Carrefour (CRFB3) e Assaí (ASAI3) já observaram melhoras no desempenho das vendas no primeiro trimestre de 2022, enquanto o GPA (PCAR3) nem tanto.

Conforme o CEO do Carrefour Brasil, Stéphane Maquaire, a empresa vem observado crescimento positivo em vendas em mesmas lojas neste início de 2022, que estariam em “mid single digits” (cerca de 5%) tanto para o varejo quanto para o Atacadão. 

Enquanto isso, Belmiro Gomes, CEO do Assaí, afirmou que vê uma base de comparação mais favorável para o primeiro trimestre de 2022, já que os resultados deste período em 2021 foram fracos.

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Segundo Gomes, isso deve beneficiar o desempenho, apesar de fatores desafiadores, como restrições ao Carnaval de rua. Ele disse que, pelo observado em janeiro, é esperada uma melhora no desempenho no primeiro trimestre como um todo, de forma que as vendas em mesmas lojas não recuem, como ocorreu no anterior.

Com atuação fora do “atacarejo”, desde a venda do Assaí, o diretor-presidente do GPA, Jorge Faiçal, vê um cenário mais instável neste início de ano.

Segundo ele, o começo de janeiro foi difícil por conta da inflação alta e da queda de renda do brasileiro e reforçou que não espera grandes melhorias de cenário no primeiro trimestre.

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Queda nas vendas no final de 2021

As projeções das varejistas aconteceram durante a divulgação dos resultados do último trimestre do ano passado, que foi marcado por queda nas vendas em mesmas lojas entre os principais varejistas de alimentos do Brasil. 

O indicador recuou 5% na comparação anual no caso do Carrefour. Em sua divulgação de resultados, a empresa atribuiu a queda à base de comparação forte do mesmo período de 2020. Quando se consideram as vendas também em novas lojas, houve alta de 6,6% na comparação anual, a R$ 16,7 bilhões.

No caso do Assaí, as vendas em mesmas lojas recuaram 3,1% no quarto trimestre de 2021 frente ao mesmo período do ano anterior, sendo impactadas pela forte base de comparação (+19,4% no 4T20).

No balanço, a companhia atribuiu o resultado à redução do poder de compra da população com a inflação alta nos últimos dois anos, e à diminuição no auxílio emergencial em relação a 2020.

Enquanto isso, o GPA indicou crescimento de 2,3% nas vendas em mesmas lojas no quarto trimestre de 2021 frente ao mesmo período do ano anterior.

Novo GPA

Mas esse resultado se refere àquilo que os executivos da empresa vêm chamando de “novo GPA Brasil”, que é o GPA sem 103 lojas Extra Hiper e 102 drogarias. A empresa vem se desfazendo de unidades e convertendo outras para focar em comércio local.

Quando incluídos os negócios dos quais o GPA vem se desfazendo, o SSS recuou 1,8% no quarto trimestre de 2021 na base de comparação anual. 

Na teleconferência sobre resultados, Guillaume Gras, CFO do Grupo Pão de Açúcar, disse avaliar o modelo de hipermercados como pouco rentável. Ele afirmou que, com o fechamento de unidades do Extra Hiper e transferências para o Assaí, o grupo pretende investir em formatos com maior retorno, como premium e de proximidade, no modelo de “varejo de bairro”. 

Em todo o ano de 2021 o GPA fechou 31 lojas Extra Hiper, das quais 20 foram transferidas ao Assaí. Na teleconferência com analistas, o GPA disse que pretende transferir ainda unidades para as bandeiras Pão de Açúcar e Mercado Extra, que serão inauguradas ao longo do primeiro semestre de 2021.

Quando se considera apenas o quarto trimestre de 2021, o GPA remodelou 50 lojas Pão de Açúcar e reformou outras 4 sob o conceito G7 (nome que executivos dão a “lojas de sétima geração” do Pão de Açúcar). Abriu ainda dez lojas Minuto Pão de Açúcar e um novo Pão de Açúcar. Foram abertas oito novas lojas do Grupo Éxito, braço do GPA na Colômbia, e mais uma outra no Uruguai. 

Questionado sobre o bom desempenho do modelo de proximidade, o diretor-presidente, Jorge Faiçal, disse que o Minuto Pão de Açúcar vem tendo maior êxito, funcionando mais como “mercadinho de bairro” do que como uma loja de conveniência. Agora, diz que o GPA foca na expansão de centenas de pontos no país.

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Avaliações dos balanços

Carrefour (CRFB3)

O Itaú BBA manteve avaliação outperform  (perspectiva de valorização acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 24 para 2022 para o Carrefour, após a divulgação do balanço, enquanto o Morgan Stanley manteve avaliação overweight (acima da média) e preço-alvo de R$ 23,5 para o Carrefour Brasil.

Na avaliação do Itaú, as vendas líquidas em mesmas lojas ficaram dentro do esperado, ao passo que a margem Ebitda foi o destaque positivo, com expansão de 0,4 ponto percentual na comparação anual, a 7,9%. Já a queda de 9,2% nas vendas em mesmas lojas da divisão de varejo pressionou a lucratividade, avalia o Itaú.

Para o Morgan Stanley, as vendas do Carrefour Brasil no quarto trimestre de 2021 ficaram 2% abaixo de suas estimativas, enquanto que os resultados foram “resilientes“, citando alta anual de 7% nas vendas. Outro ponto destacado foi a expansão da margem Ebitda, que reverteu a tendência de contração dos outros trimestres.

Assaí (ASAI3)

Diante dos dados do 4T21, o Bradesco BBI manteve a avaliação outperform e preço-alvo de R$ 22 para o Assaí. O Itaú BBA avaliou os resultados como neutros e manteve avaliação outperform, com preço-alvo de R$ 21, enquanto o Morgan manteve avaliação overweight, e preço-alvo de R$ 21.

O Bradesco disse que os resultados do Assaí no quarto trimestre de 2021, com alta de 8% na comparação anual, a R$ 11,6 bilhões, ficaram 2% abaixo de sua expectativa, mas o Ebitda de R$ 911 milhões, alta de 4% na comparação anual, ficou em linha com sua estimativa de R$ 915 milhões. 

O banco ressaltou que a queda de 3% nas vendas em mesmas lojas ficou em linha com sua estimativa, e reflete uma base de comparação difícil, já que houve alta de 19% nas SSS no quarto trimestre de 2020, e pressão sobre o orçamento dos consumidores por conta da inflação alta.

Para o Bradesco, o SSS deve melhorar nos próximos trimestres. O banco disse ver um ambiente melhor para o faturamento bruto por conta de uma base de comparação mais fraca e perspectiva de crescimento nominal do salário mínimo acima da inflação pela primeira vez em muitos meses. 

O Morgan Stanley destacou que a alta de 8% na receita do Assaí no quarto trimestre ficou 5% abaixo de sua estimativa por conta de dificuldades no cenário macro, e disse acreditar que estas já estejam precificadas.

GPA (PCAR3)

Após os resultados do GPA, o Credit manteve avaliação neutra preço-alvo de R$ 29; o Morgan Stanley manteve avaliação equal-weight e preço-alvo de R$ 29; enquanto XP seguiu com recomendação neutra para o ativo, com preço-alvo de R$ 32.

O Credit Suisse avaliou os resultados como “encorajadores”, ressaltando alta de 6,7% nas vendas líquidas, a R$ 15 bilhões, cerca de 2% acima da estimativa do banco. O Credit avaliou que o resultado foi impulsionado pelo bom desempenho do braço Grupo Éxito, da Colômbia.

Adicionalmente, o Credit ressaltou que os resultados do quarto trimestre do GPA foram impactados por efeitos não recorrentes com a transação em torno do Extra Hiper, mas avalia que há “tendências encorajadoras” no núcleo do “novo GPA Brasil”.

No mais, o Morgan Stanley destacou que as compras no modelo multivarejo recuaram 1,8% no quarto trimestre na comparação anual. Mas, com o bom desempenho dos modelos Pão de Açúcar e de proximidade, a receita ficou 4% acima da estimativa do banco, e 3% abaixo do consenso. 

Por fim, a XP destacou que os resultados ficaram em linha com as estimativas, com margens pressionadas pela liquidação do Extra. No entanto, a companhia abriu a performance do novo GPA Brasil (excluindo Hiper e farmácias), que superou seus pares, com vendas mesmas lojas em alta de 2,3% na base anual e margem Ebitda em 8,4%.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney