Carrefour (CRFB3) pode vender lojas no Sul e Nordeste por aquisição do Grupo BIG

O BIG está sendo adquirido pelo Carrefour. A Superintendência-Geral do Cade recomendou a aprovação da compra, mas com a venda de unidades

André Cabette Fábio

BIG em Tamboré (Divulgação: BIG)

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O CEO do Carrefour Brasil (CRFB3), Stéphane Maquaire, afirmou que, por questões regulatórias, a empresa pode vender lojas no formato de hipermercados nas regiões Nordeste e Sul do Brasil, onde o Grupo BIG está mais bem implementado.

O BIG está sendo adquirido pelo Carrefour e a compra sob análise do Cade. Em janeiro, a Superintendência-Geral do órgão recomendou ao tribunal da autarquia a aprovação da compra, condicionando-a à venda de unidades.

A fala de Maquaire ocorreu durante teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre do Carrefour Brasil, após o executivo ser questionado por um analista sobre a informação, que vem sendo apontada pelo Valor Econômico, de que 11 unidades serão vendidas. Maquaire não confirmou ou questionou o número citado na pergunta. 

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O BIG tem 388 unidades e, em comunicado no final de janeiro, o Carrefour havia destacado que fecharia menos de 10% da base total, sem precisar números. 

Leia também: Ação do Carrefour sobe após balanço e revisão de sinergias com BIG

Vendas do Carrefour em 2022

Maquaire também afirmou que a empresa vem observado crescimento positivo em vendas em mesmas lojas neste início de 2022, que estariam em “mid single digits” (cerca de 5%) tanto para o varejo quanto para o Atacadão. No quarto trimestre, as vendas recuaram 6,1%. 

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Em coletiva de imprensa na véspera, a diretoria afirmou que o fechamento de lojas do concorrente Extra vem levando a migração de clientes para unidades do Carrefour. Na teleconferência desta quarta, a diretoria citou ações da administração para explicar o ganho de 0,4 ponto percentual de participação no mercado em 2021.

Transformações de lojas

Em se tratando de transformações de lojas como parte do processo de aquisição do Grupo BIG, o CFO do Carrefour, David Murciano, disse que a expectativa é de que o Capex seja de R$ 600 milhões, mantendo a estimativa anunciada no momento da aquisição.

Ele disse que o valor pode aumentar, a depender da determinação do Cade sobre o número definitivo de lojas a serem convertidas. Segundo o executivo, ainda não é possível dizer o valor exato por conta dessa indefinição, mas ele não espera que o Capex por loja aumente. 

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Maquaire afirmou que a empresa vê oportunidade de crescer mais com a conversão de lojas em Sam’s Club e no modelo atacarejo.

Ele também disse que, no momento, o Carrefour busca integrar e estabelecer as lojas que comprou do Makro, que tiveram aceleração de vendas maior do que o estimado. O Carrefour comprou 30 unidades do Makro em 2020.

Maquaire ressaltou que foi elevada em 15% a estimativa sobre sinergias com o Grupo Big, como havia sido divulgado mais cedo. David Murciano ressaltou que são esperados ao menos R$ 2 bilhões em sinergias em 2022. 

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Margens com o Atacadão

Murciano afirmou que o modelo do Atacadão, focado em volume, tem capacidade de expandir a rentabilidade em 2022, próximo aos níveis históricos de 7% a 7,5%, descontados impactos de inflação e expansão. No quarto trimestre, o Atacadão atingiu margem Ebitda ajustada de 7,9%. 

“Vamos manter a estratégia de ganhar o ‘market share‘”, disse o executivo. No varejo, ele diz que a rentabilidade está voltando ao nível de 2019. 

O CEO Maquaire disse que o cliente do Atacadão está disposto a realizar viagens mais longe por conta de propostas de preços, com um “cash and carry” cada vez maior para este formato. 

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A rede Atacadão abriu 44 lojas em 2021, das quais 22 são novas e outras 22, conversões do Makro. A margem bruta subiu 1,4 ponto percentual entre o quarto trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, para 15,5%; a margem Ebitda avançou 0,4 ponto percentual, para 7,9%.

Já no braço de varejo a margem bruta caiu de 24,9% no quarto trimestre de 2020 para 23,2% no mesmo período de 2021; e a margem Ebitda avançou de 8,1% para 5,2% na mesma comparação. 

Inflação e marca própria do Carrefour

Maquaire disse que toda vez que houve ajuste de preços com a forte inflação recente, e os volumes caíram. Acrescentou, porém, que houve resposta positiva com o congelamento do preço no varejo na marca própria do Carrefour, o que ocorreu entre novembro de 2021 e janeiro de 2022.

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Assim, ele afirmou que o Carrefour “tem ferramentas” para reduzir o impacto da alta dos preços. Além disso, a direção afirmou que acredita que poderia haver aumento do peso de itens de marcas próprias vendidos de 19% no final de 2021 para mais de 20%.

Maquaire reforçou que vê uma inflação de alimentos já mais controlada por conta da perspectiva de alta dos juros no Brasil. A expectativa do mercado é de que atinja até 12%. 

O CFO David Murciano complementou que a inflação vem caindo desde dezembro. Mas ponderou que, depois de 20% de alta acumulada, é normal que haja essa redução.

Avaliações do balanço do Carrefour Brasil

O Morgan Stanley ressaltou que as vendas do Atacadão no quarto trimestre de 2021 ficaram 2% abaixo de suas estimativas, enquanto que os resultados foram “resilientes“, citando alta anual de 7% nas vendas e de 41% frente ao mesmo período de 2019, antes dos efeitos da pandemia.

O banco mantém avaliação overweight e preço-alvo de R$ 23,5. 

O Morgan ressaltou que a margem Ebitda expandida avançou 0,4 ponto percentual, revertendo a tendência de contração dos outros trimestres, em linha com sua expectativa e 0,2 ponto percentual acima do consenso do mercado. 

No varejo do Carrefour, dificuldades macroeconômicas contribuíram para contração de 11% no Ebitda em relação ao nível do quarto trimestre de 2019, 12% abaixo de sua estimativa, afirmou o banco.

As vendas brutas em mesmas lojas (SSS na sigla em inglês), excluindo combustíveis, caíram 9%, melhorando em relação à queda de 13% no terceiro trimestre e de 11% no segundo trimestre, beneficiando-se da base de comparação fraca. 

Já o volume bruto de mercadorias (GMV) on-line voltou ao crescimento na comparação anual por conta de uma base de comparação melhor. O Ebitda do Banco Carrefour Soluções Financeiras avançou 32% na comparação anual, “significativamente acima” da estimativa do Morgan Stanley. 

A receita com operações bancárias avançou 40% na comparação anual, 8% acima da estimativa do Morgan Stanley e 4% acima do consenso do mercado. 

O banco disse ainda que a alta de 4% na receita líquida consolidada na comparação anual ficou 2% abaixo de sua expectativa e se deve a um desempenho mais fraco no varejo do Atacadão e do Carrefour, mas balanceado por desempenho melhor do Carrefour Soluções Financeiras. 

Ademais, o Morgan Stanley disse ver o anúncio de sinergias com o Grupo BIG como positivo para o Carrefour Brasil.

Resultados levemente positivos no balanço

O Itaú BBA avaliou os resultados do Carrefour Brasil como levemente positivos e em linha com suas previsões para faturamento bruto e líquido, mas acima em lucratividade, em especial por conta de uma margem Ebitda de 7,9% na divisão C&C, com alta de 0,4 ponto percentual na comparação anual, acima de sua expectativa.

O banco manteve avaliação outperform e preço-alvo de R$ 24 para 2022. 

Na avaliação do Itaú, as vendas em mesmas lojas ficaram levemente abaixo do esperado na divisão C&C, com queda de 5%, apesar de estar no geral em linha em se tratando de vendas líquidas. A margem Ebitda foi o destaque positivo, com expansão de 0,4 ponto percentual na comparação anual, a 7,9%. 

Já a queda de 9,2% nas vendas em mesmas lojas da divisão de varejo pressiona a lucratividade, avalia o Itaú. 

O Itaú avaliou que a divisão bancária do Carrefour Brasil continua a indicar crescimento do faturamento bruto, de 40% na comparação anual, com expansão de 13% na carteira de crédito na mesma base de comparação, mas indicando impactos de um portfólio envelhecendo. 

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney