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Caixa Seguridade (CXSE3): alta das mortes por Covid pode elevar sinistralidade até março; ações recuam após balanço 

Empresa espera que entre 30 e 70 dias amplie-se a ocorrência de aviso de sinistros à seguradora, por conta da nova onda da ômicron

André Cabette Fábio

IPO da Caixa Seguridade (Foto: Cauê Diniz/Divulgação B3)

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Apesar da alta da curva de óbitos pela Covid no início de 2022, o diretor de finanças e relações com investidores da Caixa Seguridade (CXSE3), Eduardo Oliveira, afirmou que ainda não vê efeitos sobre a sinistralidade da companhia.

Entretanto, como destacou durante teleconferência com analistas, há um “gap” de 30 a 70 dias entre a ocorrência do sinistro e o aviso à seguradora.

Dessa forma, acrescentou ele, o aumento das mortes pode se refletir em alta dos índices de sinistralidade entre a segunda quinzena de fevereiro e março.

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Segundo o executivo, foi observado ao longo de 2021 uma forte correlação entre a curva de óbitos por Covid e a sinistralidade em todos os produtos de risco ligados a vida, em especial no setor habitacional.

Assim, houve queda no índice de sinistralidade quando as mortes diminuíram.

Conforme Oliveira, o patamar de sinistralidade do setor habitacional já chegou no final de 2021 à média histórica, de 20% a 25%, e que espera que permaneça nesta faixa até o final de 2022.

As ações da companhia operam com queda de 1,39%, por volta das 16h18, cotadas a R$ 9,24.

Prestamistas

Oliveira ​​destacou que o desempenho do setor prestamista (um tipo de seguro que serve como garantia para o pagamento de dívidas) foi contaminado em 2021 com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). 

Ele disse que, como o foco nas agências foi sobre o Pronampe, houve redução do enfoque em pessoas físicas. Assim, a expectativa é de que, com a volta do enfoque em pessoas físicas, haja em 2022 crescimento acima de 10% no setor, quando descontado o efeito do Pronampe.

Dividendos

Sobre dividendos, Oliveira disse que a estimativa é de manter pagamento dos proventos em cerca de 90% do lucro líquido ajustado.

No entanto, a determinação relativa a 2021 deve ocorrer por meio de assembleia de acionistas em abril. Ele afirma que não há expectativa de novos investimentos em Capex em 2022, e que o enfoque deve ser em execução.

“Qualquer sobra de capital deve ser distribuída como dividendo”, declarou.

No balanço do quarto trimestre, a Caixa Seguridade registrou lucro líquido de R$ 545,7 milhões, alta de 20,4% na comparação com igual etapa de 2020.

No ano, o lucro líquido foi de R$ 1,896 bilhão, crescimento de 7,2% ante 2020.

Produtos

Camila de Freitas Aichinger, CEO do Caixa Seguridade, disse que o foco em 2022 será ampliar a base de clientes em todas as faixas de renda com o produto em seguridade, com investimento principalmente em treinamento de funcionários e, em seguida, ampliação de canais.

Ela ressaltou o bom desempenho de novos produtos, como o recém-lançado para veículos pesados, focado no agronegócio. 

Com relação à Previdência, disse que o cliente da Caixa é leal e conservador, e que a criação de novos canais tem contribuído para evitar a saída de clientes com a portabilidade.

Avaliações do balanço da Caixa Seguridade (CXSE3)

O UBS escreveu em relatório que a receita líquida ajustada da Caixa Seguridade, de R$ 546 milhões, ficou 2% abaixo de sua estimativa. Contudo, o banco mantém avaliação de compra, e preço-alvo de R$ 9,38. 

Conforme o UBS, houve um ajuste em suas estimativas para a empresa, passando a prever crescimento de 49% na receita em 2022, por conta de: crescimento maior no setor premium, em especial em seguro de crédito, por conta da base de comparação baixa de 2021; melhor taxa de perdas após o impacto da Covid em 2021; e o impacto total da recente restruturação corporativa, com enfoque em corretora própria. 

O banco ressaltou que a receita líquida ajustada ficou 5% abaixo do consenso. A taxa de perda ficou abaixo de sua estimativa, em 20,1% na XS1, frente à estimativa de 21,1% do UBS, por conta de taxas menores em pensões e seguros de vida. 

O banco destacou como positivo o custo de serviços melhor do que o esperado e o desempenho em pensões, com taxas de administração 5% acima de sua estimativa. 

Adicionalmente, reforçou que o desempenho de prêmios tradicionais de vida ficou 15% superior à de um ano antes e 2% acima da estimativa do UBS. 

Tendências estáveis em seguros, pensões e corretagem

O Itaú BBA avaliou os resultados da Caixa Seguridade como positivos e manteve avaliação outperform, com preço-alvo para 2022 de R$ 18.

Na avaliação do banco, a Caixa Seguridade informou tendências estáveis de crescimento nos segmentos de seguros, pensões e corretagem, e uma melhora do nível de indenizações (“claims“), que agora estão em 24%, mais próximas aos níveis normais. No trimestre anterior, estavam em 33,6%. 

O Itaú destaca que os prêmios emitidos (“written premiums“) se expandiram em 1,7% em 2021, afetados pelo desempenho negativo do setor de seguros de vida por conta de subsídios do governo em 2020.

Resultados neutros

O Credit Suisse avaliou os resultados da Caixa Seguridade como neutros e manteve avaliação outperform (perspectiva de valorização acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 12,50.

O banco destacou que o lucro líquido de R$ 546 milhões ficou em linha com o consenso e 8% abaixo de sua expectativa, em grande medida por conta de uma transição mais lenta de prêmios emitidos para novas subsidiárias, o que implica menos receita com corretagem. 

Ressaltou que o setor de seguros teve um crescimento reduzido de prêmios brutos subscritos (GWP na sigla em inglês), com queda de 9% nas comparações anuais e trimestrais, que se explicam, no entanto, principalmente por um patamar difícil de comparação no setor de seguro de crédito (“credit life“), principalmente por conta de concessões Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). 

O banco acrescentou que houve melhora em pensões em relação ao terceiro trimestre de 2021 por conta de contribuições maiores e portabilidade mais lenta, com resultados financeiros mais fortes. 

No mais, apontou maior receita de capital, como dividendos, por enxergar resultados melhores em se tratando de uma taxa de perda menor, em especial em produtos de seguro de vida.

Ademais, enxerga um cenário melhor para os resultados de subscrição e financeiros que, combinados com uma expectativa de crescimento de dois dígitos em quase todos os segmentos e maior receita com corretagem, deve levar a um ciclo forte de rendimentos em 2022, na avaliação do banco.

Neutros a marginalmente negativos

Enquanto isso, o Bradesco BBI avaliou os resultados do quarto trimestre como neutros a marginalmente negativos. O banco manteve avaliação neutra e preço-alvo de R$ 9 para os papéis.

A empresa reportou lucro líquido levemente abaixo do consenso, de R$ 572 milhões, mas o banco diz que não acredita que isso levará a revisões sobre os rendimentos. 

Na avaliação do Bradesco o lucro líquido abaixo do esperado se deve ao fato de que o desempenho com novas parcerias ficou levemente melhor do que o do trimestre anterior, que já teve impactos negativos por conta de uma taxa de perda (“loss ratio” em inglês) anormal. 

O Bradesco acrescentou que o desempenho já podia ser antecipado por conta de dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), e por isso o resultado não deverá ser encarado como especialmente negativo pelo mercado. 

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney