Bolsas zeram perdas depois de abertura em queda após UBS comprar Credit Suisse, em semana marcada por Fomc e Copom

No Brasil, as expectativas seguem voltadas para o anúncio do novo arcabouço fiscal

Felipe Moreira

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Os mercados mundiais amanheceram no campo negativo nesta segunda-feira (20), com investidores repercutindo a compra do Credit Suisse pelo UBS anunciada no fim de semana, ainda que tenham reduzido perdas durante a manhã. Contudo, durante a sessão, as bolsas europeias viraram para alta.

O UBS concordou em comprar o Credit Suisse por US$ 3,2 bilhões, em um acordo mediado pelo governo com o objetivo de conter uma crise de confiança que ameaçava se espalhar pelos mercados financeiros globais.

Logo depois que o UBS anunciou seu acordo de aquisição, o Federal Reserve (Fed) anunciou que havia se juntado a outros bancos centrais em uma operação conjunta de liquidez. O grupo de bancos centrais – incluindo o Banco do Canadá, Banco da Inglaterra, Banco do Japão, Banco Central Europeu e Banco Nacional Suíço – concordou em aumentar a frequência de seus acordos de linha de swap em dólares americanos de semanal para diário.

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Nesse contexto, as atenções se voltam para decisão sobre juros do BC americano na quarta-feira (22), com cerca de 62% de chance de um aumento de um 0,25 ponto percentual (p.p.), de acordo com dados do CME Group. Os outros 38% estão apostando na manutenção do juros, antecipando que o presidente Jerome Powell pode começar a aliviar sua campanha agressiva de aperto que começou em março de 2022, diante do contágio financeiro emergente.

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Por aqui, investidores também aguardam pela decisão sobre juros do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima quarta. A expectativa é que o Banco Central mantenha a Selic nos atuais 13,75% ao ano. Apesar da pressão do governo e de uma ala de economistas para que os juros sejam reduzidos, o Copom deve seguir com uma postura cautelosa para garantir uma convergência da inflação à meta no horizonte relevante de política monetária.

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No campo corporativo, uma nova leva de resultados trimestrais das empresas brasileiras está prevista para os próximos dias. A semana já começa com os números da Itaúsa (ITSA4), controladora do Itaú Unibanco (ITUB4).

1.Bolsas Mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA zeram as perdas após operarem no vermelho no início da manhã desta segunda-feira, depois que o UBS comprou o Credit Suisse, marcando o mais recente esforço de governos de todo o mundo para sufocar uma crise que ameaça o setor bancário.

Os investidores seguem cautelosos neste início de semana, com os bancos regionais ainda sob pressão para fortalecer suas bases de depósitos após falência do Silicon Valley Bank no início deste mês. Wall Street espera que mais ações sejam necessárias para restaurar a confiança no sistema bancário depois que os reguladores dos EUA apoiaram os depósitos não garantidos do SVB e ofereceram novos financiamentos para bancos com problemas há uma semana.

O Fed e cinco grandes bancos centrais ainda anunciaram uma ação coordenada para garantir a liquidez do sistema financeiro global, à medida que aumenta a tensão com a crise bancária nos EUA e Europa.

Veja o desempenho dos mercados futuros:

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam com baixa, também repercutindo os temores de que uma crise bancária se espalhe por todo o sistema financeiro global.

Na política econômica da região, o Banco Popular da China deixou inalteradas as taxas preferenciais de empréstimo para 1 ano e 5 anos, depois de cortar a taxa de reserva obrigatória para quase todos os bancos em 0,25 pontos percentuais na semana passada.

A taxa de 1 ano ficou em 3,65% enquanto a de 5 anos permaneceu em 4,3%, ambos inalterados desde agosto do ano passado.

Europa

Os mercados de ações europeus abriram em baixa nesta segunda-feira, chegando a cair mais de 1%, com os investidores avaliando um fim de semana repleto de notícias que resultou na aquisição do Credit Suisse pelo UBS. Após o resgate de emergência, o banco combinado terá US$ 5 trilhões em ativos investidos, de acordo com o UBS. Contudo, durante a manhã, as bolsas viraram para alta.

As ações do Credit Suisse recuavam 60%, por volta das 7h (horário de Brasília), enquanto as do UBS caíam 8%.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, elogiou, em nota, “a ação rápida” e as decisões tomadas pelas autoridades suíças que, segundo ela, foram “fundamentais” para garantir estabilidade financeira.

Os mercados europeus se recuperaram das mínimas vistas mais cedo nesta segunda-feira uma vez que os ganhos em serviços públicos e mineradoras compensavam algumas perdas nas ações de bancos.

Commodities

Os preços do petróleo operam com baixa após abertura positiva, quando UBS fechou um acordo para comprar o Credit Suisse e alguns dos maiores bancos centrais do mundo buscaram tranquilizar e estabilizar os mercados financeiros globais.

As cotações do minério de ferro fecharam com perdas na sessão de hoje, depois que o planejador estatal da China emitiu outro alerta contra a especulação no mercado e novas restrições de produção foram impostas nas principais cidades siderúrgicas chinesas.

Bitcoin

2. Agenda

A agenda da semana tem como destaque as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) começam na terça-feira (21) e terminam na “super quarta”.

Por aqui, a expectativa é que o Banco Central mantenha a Selic nos atuais 13,75% ao ano. Apesar da pressão do governo e de uma ala de economistas para que os juros sejam reduzidos, o Copom deve seguir com uma postura cautelosa para garantir uma convergência da inflação à meta no horizonte relevante de política monetária.

No mesmo dia em que o Copom conclui a segunda reunião de política monetária de 2023, o mercado também vai conhecer a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), referente a março. O Itaú prevê alta mensal de 0,67%. De acordo com o banco, a leitura deve ser pressionada por preços regulados, como os da gasolina (refletindo o retorno parcial do PIS/Cofins) e eletricidade (com a volta do ICMS).

Na tarde de quarta-feira (22), os investidores vão saber, novos rumos da política monetária nos Estados Unidos. Poucas semanas atrás, economistas acreditavam que o Federal Reserve voltaria a acelerar o ritmo de alta dos juros. Afinal, os indicadores mais recentes mostravam uma inflação resistente e um mercado de trabalho ainda apertado.

Contudo, a crise de liquidez que atingiu bancos regionais dos Estados Unidos e a disposição do Fed em ajudar, injetando recursos nas instituições financeiras, mudou essa perspectiva. A falência do Silicon Valley Bank (SVB), na Califórnia, e o fechamento do Signature Bank, em Nova York, podem fazer com que os formuladores de política monetária reavaliem os impactos das oito altas de juros consecutivas realizadas até agora.

Na Europa, depois que o Banco Central Europeu (BCE) elevou os juros em 50 pontos-base na semana passada, a expectativa é que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) vá pelo mesmo caminho.

Brasil

8h25: Boletim Focus

10h: Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tem reunião com, Paulo Teixeira, Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar/MDA

11h: Cerimônia de Lançamento do “Mais Saúde para o Brasil”

14h: Haddad tem reunião com Diretor-Presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur)

15h: Balança comercial semanal

15h: Haddad se reúne com Presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros

16h: Haddad tem reunião com Ministro das Cidades, Jader Filho

17h: Haddad se reúne com Secretários da Fazenda

19h: Haddad tem reunião com ministro da Casa Civil e presidente da CAIXA

3. Noticiário econômico

Lula pede a Haddad que aprofunde proposta de âncora fiscal, enquanto PT pressiona por gastos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu, na última sexta-feira (17), ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que amplie as conversas com o mundo político e com economistas, além de fazer novos cálculos sobre a proposta da nova âncora fiscal, que vai substituir o teto de gastos, informou a Folha de S. Paulo.

Segundo integrantes do governo, Lula recomendou que o Tesouro Nacional faça cálculos sobre o impacto de um dos pontos da proposta, além de pedir detalhamentos adicionais e simulações.

Para esta segunda-feira (20) estão previstas novas reuniões para debater o tema. A discussão ocorre enquanto o PT pressiona para que a nova regra fiscal não implique cortes drásticos em áreas consideradas sensíveis por lideranças do partido.

4. Noticiário político

Impedir candidatura de Bolsonaro seria atrocidade e interferência na democracia, diz Flávio Bolsonaro 

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho de ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou em entrevista à Folha, que seria uma “atrocidade” se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impedisse seu pai de disputar as próximas eleições.

Bolsonaro está na mira de 16 ações na corte que podem torná-lo inelegível por oito anos.

“Eu acho que, se isso [inelegibilidade] acontecesse, seria a maior atrocidade das últimas décadas”, disse em entrevista à Folha. “Isso é interferir na democracia.” Flávio avalia que, nesse caso, Bolsonaro se tornaria o maior cabo eleitoral do país.

Governo Lula é bom ou ótimo para 41% dos brasileiros, mostra Ipec

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é bom ou ótimo para 41% dos brasileiros, segundo pesquisa Ipec divulgada pelo jornal O Globo no domingo (19). O mesmo levantamento aponta que 24% dizem que o governo é ruim ou péssimo, e 30% avaliam como regular.

A avaliação do início do terceiro mandato de Lula é melhor do que a de Jair Bolsonaro (PL), seu antecessor. Em março de 2019, Bolsonaro era avaliado positivamente por 34% da população, sete pontos porcentuais a menos do que Lula — 24% reprovavam o então presidente.

5. Radar Corporativo

M. Dias Branco (MDIA3)

A M. Dias Branco (MDIA3), líder nos mercados de biscoitos e massas no Brasil, registrou lucro líquido de R$ 15,5 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), uma queda de 89,7% em relação a igual período de 2021, informou a companhia na noite desta sexta-feira (17). Em 2022, o  lucro líquido de R$ 481,8 milhões, baixa de 4,6% frente o ano anterior.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês), por sua vez, teve baixa de 33,6% na comparação anual, para R$ 121,3 milhões, totalizando R$ 900,4 milhões no ano (alta de 31,7%).

Copasa (CSMG3)

A Copasa (CSMG3) aprovou pagamento de juros sobre o capital (JCP) no valor de R$ 245,4 milhões, equivalentes a R$ 0,6471142602 por ação, relativos ao 4T22.

A data de corte é 22 de março. As ações serão negociadas ex-JCP em 23 de março. A data do pagamento dos JCP relativos ao 4T22 vai ser definida na assembleia geral da companhia.

Já os JCP do 1T23 têm o valor bruto de R$ 131,5 milhões. O valor por ação é de R$ 0,3470181488. A data de corte é de 22 de março. Os papéis ficam ex-JCP em 23 de março de 2023.

A data do pagamento dos JCP relativos ao 1T23 é 16 de maio.

(Com Estadão, Reuters e Agência Brasil)