Ações do Credit Suisse desabam 55%, enquanto UBS sai de queda de 16% e fecha em alta de 1% após acordo de aquisição

UBS anunciou a compra do Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços, ou US$ 3,25 bilhões

Equipe InfoMoney

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As ações do Credit Suisse desabaram na sessão desta segunda-feira (20); contudo, o UBS BB se recuperou na sessão após o último garantir um “resgate de emergência” de 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,2 bilhões) de seu rival doméstico em apuros.

Os papéis do Credit Suisse fecharam em queda de 55,74%, a 0,82 francos suíços, enquanto o UBS saiu de queda de até 16% e fechou com alta de 1,26%, a 17,33 francos suíços, em uma sessão volátil para os bancos europeus.

Na véspera, o UBS concordou em comprar o Credit Suisse como parte de um acordo para conter o risco de contágio ao sistema bancário global. Durante a manhã, o índice de bancos da Europa chegou a cair cerca de 2%, mas virou para alta e fechou com ganhos de 1,2%.

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A combinação dos dois arquirrivais suíços anunciada na véspera vai resultar em um banco com mais de US$ 5 trilhões em ativos totais espalhados pelo mundo.

O histórico negócio foi costurado às pressas nos últimos dias para estancar a crise do Credit Suisse, que ganhou novo capítulo na semana passada, elevando as tensões em relação ao setor bancário, após três bancos fecharem as portas nos Estados Unidos em dias.

O Banco Nacional da Suíça (SNB, o banco central do país), a FINMA, principal autoridade de supervisão financeira do país, e o Departamento Federal Suíço de Finanças foram quem iniciaram as conversas e apoiam a transação, conforme comunicado.

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“Esta aquisição é atraente para os acionistas do UBS, mas, sejamos claros, no que diz respeito ao Credit Suisse, este é um resgate de emergência”, disse o presidente do conselho de administração do UBS, Colm Kelleher, em comunicado à imprensa sobre a aquisição.

De acordo com ele, a transação estruturada vai preservar o valor deixado do Credit Suisse, mas limitará a “exposição negativa” do UBS após as crises enfrentadas pelo banco adquirido. Os negócios de banco de investimento combinados representam aproximadamente 25% dos ativos ponderados pelo risco do grupo, uma das áreas questionadas por investidores pela parte do banco adquirido.

“Dadas as recentes circunstâncias extraordinárias e sem precedentes, a fusão anunciada representa o melhor resultado disponível”, afirmou o presidente do Conselho de Administração do Credit Suisse, Axel P. Lehmann, também em comunicado neste domingo.

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Segundo ele, este tem sido um “momento extremamente desafiador” para o Credit Suisse. “Embora a equipe tenha trabalhado incansavelmente para resolver muitos problemas legados significativos e executar sua nova estratégia, somos forçados a chegar a uma solução hoje que forneça um resultado duradouro”, acrescentou.

O UBS afirmou que o banco resultante da compra do Credit Suisse será um gestor de líder na Europa, na qual ganhará escala, com ativos investidos de mais de US$ 1,5 trilhão. “A combinação apoia nossas ambições de crescimento nas Américas e na Ásia, acrescentando escala aos nossos negócios na Europa, e estamos ansiosos para receber nossos novos clientes e colegas em todo o mundo nas próximas semanas”, disse o CEO do USB, Ralph Hamers.

Conforme os termos acertados, os acionistas do Credit Suisse receberão 1 ação do UBS para cada 22,48 ações do Credit Suisse detidas, equivalente a CHF 0,76/ação por um valor total de 3 bilhões de francos suíços. O UBS se beneficia de 25 bilhões de franco suíços de proteção contra perdas da transação para apoiar marcas, ajustes de preço de compra e custos de reestruturação, e proteção adicional contra perdas de 50% em ativos não essenciais.

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“Ambos os bancos têm acesso irrestrito às facilidades existentes do Banco Central da Suíça, através das quais podem obter liquidez do SNB de acordo com as diretrizes sobre instrumentos de política monetária”, informa o UBS, em comunicado. Na semana passada, o órgão regulador disponibilizou uma linha de 50 bilhões de francos suíços, US$ 54 bilhões, ao Credit Suisse em meio à nova crise enfrentada pelo banco.

O UBS espera que a combinação dos dois negócios gere reduções de custos anuais de mais de US$ 8 bilhões até 2027. Segundo a instituição suíça, a expectativa é de que a transação gere lucro por ação até 2027 e o banco “permaneça capitalizado” bem acima de sua meta de 13%.

O atual chairmam do UBS Colm Kelleher será o presidente do conselho de administração e o CEO do banco, Ralph Hamers, também ocupará o mesmo cargo na instituição resultante da compra do Credit Suisse.

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O UBS informa que não sé necessário submeter a transação aos acionistas do banco. Isso porque o negócio já conta com um pré-acordo do BC da Suíça, da FINMA e do Departamento Federal Suíço de Finanças.

O tamanho do Credit Suisse é uma preocupação para o sistema bancário, assim como sua presença global devido às suas múltiplas subsidiárias internacionais. O balanço do banco de 167 anos é cerca de duas vezes maior que o do Lehman Brothers quando entrou em colapso, em cerca de 530 bilhões de francos suíços no final do ano passado.

Neil Shearing, economista-chefe do grupo Capital Economics, apontou que uma aquisição completa do Credit Suisse pode ter sido a melhor maneira de acabar com as dúvidas sobre sua viabilidade como negócio, mas “o diabo estará nos detalhes” do acordo de compra do UBS.

“Um problema é que o preço relatado de US$ 3,25 bilhões  equivale a aproximadamente 4% do valor contábil e cerca de 10% do valor de mercado do Credit Suisse no início do ano”, destacou ele em nota.

“Isso sugere que uma parte substancial dos ativos de US$ 570 bilhões do Credit Suisse pode ser prejudicada ou percebida como estando em risco. Isso poderia desencadear um novo nervosismo sobre a saúde dos bancos”, avaliou.

(com Estadão Conteúdo)