Americanas (AMER3): vendas on-line cresciam este ano, até suposto ataque hacker; empresa “apura o impacto”

Executivo diz que empresa está "apurando o impacto do incidente", em menção ao suposto ataque hacker que parou lojas virtuais do grupo Americanas

André Cabette Fábio

Americanas fora do ar (Reprodução: Twitter/Americanas)

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O CEO de Plataforma Digital da Americanas (AMER3), Marcio Cruz, afirmou nesta sexta-feira (25), durante teleconferência com analistas, que o ritmo de crescimento da empresa com as vendas on-line foi forte em janeiro, e também vinha sendo forte até “a sexta-feira passada”, dia 18 de fevereiro.

Depois deste dia, os sites das plataformas de e-commerce Americanas e Submarino ficaram fora do ar, após ter sido identificado um “acesso não autorizado”, de acordo com nota oficial das empresas. As lojas virtuais fazem parte do grupo Americanas S.A.

No dia 23 de fevereiro, a Americanas (AMER3) informou que estava restabelecendo gradualmente e com segurança seus ambientes de e-commerce suspensos em razão de incidente de segurança do qual havia sido vítima entre os dias 19 e 20 de fevereiro.

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Em breve comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa afirmou que não há evidência de comprometimento das bases de dados. “As equipes continuam mobilizadas, com todos os protocolos de segurança, e atuarão para a retomada integral no mais curto espaço de tempo”, diz.

Americanas (AMER3) apura caso

Nesta sexta-feira, Marcio Cruz disse que a empresa vem “apurando o impacto do incidente”, em menção ao suposto ataque hacker que levou os serviços a serem suspensos, mas sem dar mais detalhes. 

No mais, o executivo afirmou que em janeiro houve crescimento de 40% no negócio on-line em janeiro, fruto de fatores como avanço na base de clientes ativos. Entre outros impactos positivos, ele citou a melhoria de UX (user experience), que leva a conversão.

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Segundo o balanço da Americanas do quarto trimestre do ano passado, o volume bruto de mercadorias (GMV na sigla em inglês) on-line foi de R$ 13,3 bilhões, alta de 36,2% frente ao mesmo período de 2020. Em 2021 como um todo, o volume foi de R$ 42,2 bilhões, alta de 43,6% na comparação anual.

O GMV total do quarto trimestre de 2021 foi de R$ 18,1 bilhões, alta de 28,3% na comparação anual. No ano de 2021 como um todo, foi de R$ 55,3 bilhões, alta de 32,8% na mesma comparação.

A receita líquida da Americanas, com isso, também avançou e somou R$ 9,09 bilhões no quarto trimestre, alta de 21,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

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Análise do balanço da Americanas

No geral, os resultados foram bem avaliados pelo mercado, podendo ser o melhor do setor, mas mesmo assim as ações da empresa recuavam, às 17h00, do pregão desta sexta-feira 2,42%, cotadas a R$ 29,47.

Em relatório sobre o balanço, o BofA disse que vê upside de 131% para ações AMER3, e manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 70.

A potencial valorização do ativo reflete uma oportunidade considerável de omni-channel, fintech e loja virtual, segundo o BofA. 

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“A Americanas continua tendo uma vantagem de escala em várias categorias de produtos de consumo estáveis, um esforço de entrega rápida bem estabelecido e uma nova dimensão intrigante com a aquisição do Hortifruti Natural da Terra”.

Sobre os supostos ataques cibernéticos, o BofA espera que tenham apenas impactos temporários.

Remuneração de vendedores

Questionado sobre a mudança na estrutura de remuneração de vendedores com base no “take rate” (razão entre o total de despesas com marketing e vendas frente ao número de clientes convertidos) nas Lojas Americanas, o diretor Raoni Lapassage  afirmou que a ideia foi criar uma “categorização por dentro”. 

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O executivo afirmou: “a gente tinha um take rate para os sellers fixa em 16% e agora passamos a ter um take rate dividido por categorias”, com aumentos em algumas e reduções em outras. Algumas categorias com mais recorrência de vendas foram privilegiadas. 

O lucro bruto somou R$ 2,703 bilhões alta de 8,9% em na base anual. A margem bruta da companhia foi de 29,7% entre outubro e dezembro de 2021, baixa de 3,5 pontos percentuais – segundo a Americanas, a variação na margem bruta reflete, principalmente, a maior participação das vendas online.

O lucro antes do juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado caiu 10,8% na comparação com igual etapa de 2020, totalizando R$ 1,072 bilhão. A margem Ebitda ajustada atingiu 11,8%, queda de 4,3 pontos percentuais na comparação com igual trimestre de 2020.

Velocidade de entregas

Sobre o percentual das entregas que ocorreram em até 48 horas, a empresa evitou dar maiores detalhes, mas Lapassage argumentou que 24% das entregas ocorreram em até três horas no quarto trimestre de 2021.

Assim, disse acreditar que não é mais necessário falar em termos de “até 48 horas”. Na divulgação de resultados, a empresa afirmou que no mesmo trimestre de 2020, 15% das entregas haviam sido em três horas. 

A afirmação ocorreu após um analista ressaltar o dado de que 54% das entregas ocorreram em 24 horas. 

Modernização de unidades

Em relação à modernização das unidades, a diretoria da empresa afirmou que a evolução das lojas físicas faz com que hoje estas sejam enxergadas como um local de experiências, ponto de distribuição, lançamento de produtos e implementação de serviços financeiros e não financeiros.

Esse processo se reflete em iniciativas que a empresa vem executando, afirmou a diretoria, ressaltando que estão sendo abertos espaços para monetizar clientes oferecendo cartões, garantia estendida e outros serviços.

Outra modernização citada foi a disponibilização de wi-fi para dowload de aplicativos, além do “self check out” para dinamizar o atendimento.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney