Gerdau (GGBR4) descarta aumento de preço do aço após governo inibir importação

CEO afirma que medida anunciada pelo MDIC é o primeiro passo, mas não o último para conter a entrada de produtos siderúrgicos de fora

Augusto Diniz

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Dessa vez, a Gerdau (GGBR4) conteve as críticas que vinha fazendo nos últimos tempos em relação à entrada excessiva do aço importado no Brasil.

Num tom mais apaziguador, executivos da companhia elogiaram as medidas anunciadas em abril pelo governo para inibir as importações de produtos siderúrgicas, mas não deixaram de citar na apresentação a analistas e investidores que a empresa teve os resultados no período afetados pela “competição desleal”.

“Destaco o crescimento de exportações de aço pela China ao longo do 1º trimestre como principal fator de impacto em nossos negócios nos mercados onde atuamos”, disse logo na abertura da teleconferência, nesta sexta (3), Gustavo Werneck, CEO da Gerdau.

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Ele explicou que o fato dos segmentos de infraestrutura e construção civil residencial continuarem perdendo protagonismo na China impulsionou a venda de produtos siderúrgicos chineses para fora daquele país.

“As exportações de aço (da China) aumentaram 25% em março. No trimestre foi 31%. Isso tem impactado negativamente o mercado de aço, uma vez que o excedente de aço destinado à exportação tem sido subsidiado pelo governo chinês”, afirmou.

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Gerdau (GGBR4): acompanhamento dos impactos

“Nesse sentido, gostaria de reconhecer o governo brasileiro pelas medidas de defesa comercial anunciadas recentemente, e que tem por objetivo defender a indústria brasileira do aço contra competição desleal”, complementou.

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Segundo Werneck, as medidas anunciadas pelo governo atingem 25% do mix de produtos comercializados pela Gerdau.

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“Ressalto que as medidas de defesa anunciadas são o primeiro passo, mas não resolve integralmente os problemas enfrentados pela indústria do aço nacional. Vamos seguir acompanhando os reais impactos que essa iniciativa de defesa comercial terá no mercado doméstico no curto prazo, e avançando as análises de antidumping junto aos órgãos competentes”, disse.

Sem impacto no curto prazo

Ele comentou ainda que a implantação de defesa comercial do aço no Brasil não foi simples. “Finalmente o governo federal e o MIDC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) ouviram a demanda do setor de aço e deram o primeiro passo. Mas na nossa avaliação não é o último (passo)”, afirmou.

O executivo disse também que não crê que as medidas no “curto prazo vão se traduzir no aumento significativo de preço ou numa retomada de rentabilidade”.

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Para Gustavo Werneck, “essa questão de preço nos próximos meses vai estar muito relacionada à competitividade das matérias-primas, o carvão e outros fatores, independente do momento atual de penetração de importados”.

“Mas não vai ser colocada nenhuma iniciativa ou medida de curto prazo relaciona à preço, aumento de prêmio de importação”, garantiu.

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Produção maior

O executivo disse que o grande ganho que a Gerdau vai capturar ao longo dos próximos meses é um volume maior de produção de mercado interno e diminuição de custo. “É isso que a gente está considerando como ganhos materiais vindos pela frente”, disse a analistas.

Ainda sobre o mercado interno, Werneck explicou, em relação à indústria automotiva, a qual a Gerdau fornece aços especiais, que a empresa segue atenta às incertezas atreladas ao acesso às linhas de crédito, as elevadas taxas de juros e à excessiva entrada de veículos importados no Brasil.

“Seguimos na expectativa de vermos materializados alguns indicadores positivos para o mercado brasileiro. Em especial no diz respeito a indústria da construção, numa queda na taxa de juros”, acrescentou.

Paralisações no Sul devido às chuvas

A Gerdau, empresa de origem no Rio Grande do Sul, onde registra-se intensas chuvas nos últimos dias e rastro de tragédias, decidiu no final da tarde de quinta (2) interromper até domingo (5) a produção de aços especiais na planta de Charqueadas.

Segundo Werneck, a parada não terá nenhum impacto material de custo ou de atendimento ao mercado. Também foi paralisada a unidade de aços longos Riogrande, localizada em Sapucaia do Sul.

Em ambos casos, a Gerdau informou que a paralisação visa a segurança de seus colaboradores.