Ações de petroleiras sobem forte com decisão da Opep+; outros setores têm queda com arcabouço também no radar

Petróleo mais caro reforça percepção de que juros podem continuar subindo

Mitchel Diniz

(Getty Images)
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O corte voluntário na produção de petróleo, anunciado ontem pela Arábia Saudita, fez com que ações de petrolíferas negociadas na Bolsa brasileira fecharam com expressiva alta nesta segunda-feira (3). O setor dominou a lista de maiores altas do Ibovespa desde cedo, mas não impediu que o índice fechasse em terreno negativo.

Petrobras (PETR3; PETR4), empresa que possui um dos maiores pesos do índice, liderou as maiores altas do Ibovespa no fechamento: PETR3 subiu 4,76% e PETR4, 4,43%. PRIO (PRIO3), veio logo na sequência, com alta de 3,88%. 3R Petroleum (RRRP3), que ficou entre as maiores altas do Ibovespa durante uma boa parte do dia, reduziu ganhos e fechou com ganhos de 1,56%.

O petróleo tipo Brent para junho fechou a sessão regular em alta de 6,31%, a US$ 84,93, e o WTI para maio subiu 6,28%, a US$ 80,42.

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O Ministério de Energia saudita anunciou que irá realizar um corte voluntário de 500 mil barris por dia de maio até o final de 2023. A ação irá acontecer em coordenação com países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e não membros da organização (Opep+) que participam da declaração de cooperação, com um corte total de mais de 1 milhão de barris.

Após o anúncio, o Goldman Sachs reduziu a previsão de produção da Opep+ para o final de 2023 em 1,1 milhão de barris por dia. Por outro lado, elevou previsões de preço para o petróleo brent em US$ 5 o barril, de US$ 90 para US$ 95 para dezembro de 2023 e de US$ 97 para US$ 100 para dezembro de 2024.

Ainda que positivo para as petrolíferas na sessão, o corte de produção foi mal recebido pelos demais setores da Bolsa, pois reforça a percepção de que a inflação tende a piorar com a matéria-prima mais cara.

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“Ao mesmo tempo em que as commodities mais altas beneficiam [o índice], essa taxa de juros que está alta no mundo inteiro hoje, pode permanecer alta por mais tempo”, afirma Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria.

Ele explica que em um primeiro momento, a conjuntura favorece as ações de maior peso da Bolsa. Petróleo mais caro impacta positivamente as ações de commodities, como está sendo visto hoje. O patamar de juros elevado, por sua vez, beneficia as empresas do setor financeiro.

“No curto prazo, o Ibovespa pode ter um impacto positivo por conta dessa composição, mas no longo, juros muito altos tendem a pressionar inclusive o próprio setor de commodities. Não adianta nada o barril do petróleo estar US$ 200 se a demanda estiver bem menor”, diz Espinhel.

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A perspectiva de piora da inflação com commodities mais caras e juros altos por mais tempo afetou, sobretudo, também afetou as ações de empresas varejistas. Além disso, as incertezas sobre como o Ministério da Fazenda pretende elevar a arrecadação do país para cumprir o anúncio do arcabouço da semana passada também pressionaram o setor.

O Grupo Soma (SOMA3) encabeçou a lista de maiores baixas do Ibovespa, e ainda que tenha reduzido perdas, fechou com queda 5,80%, a R$ 7,64. Lojas Renner (LREN3) recuou mais um pouco, fechando em queda de 7%, a R$ 15,41.

Via (VIIA3) fechou em baixa de 3,72% e Magazine Luiza (MGLU3) terminou o pregão estável.

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Durante a sessão, o JPMorgan divulgou um relatório em que apontou que a divulgação do novo arcabouço fiscal  tem desencadeado discussões em torno de incentivos fiscais, uma vez que o crescimento da despesa pública está atrelado ao crescimento da receita – ou seja, arrecadação de impostos.

Com isso, eles destacaram as empresas brasileiras que são impactadas pelos incentivos fiscais e sua contribuição para o valor justo e lucro por ação.

Em suma, as empresas de varejo em sua cobertura estão significativamente mais expostas do que as de saúde. Importante sinalizar que as discussões em torno de uma reforma, prevista para este ano, devem trazer ainda mais barulho ao
ações, pois deve ir além dos incentivos.

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Na cobertura do varejo, as empresas em que os incentivos fiscais mais contribuem para o valor justo é a Soma, com 50%, seguida por Vivara (VIVA3) em 44%, enquanto há o argumento de que os incentivos relacionados à Zona Franca de Manaus seriam preservados (caso da Vivara). Na sequência, estão Arezzo&Co (ARZZ3) com 27%.

Petz (PETZ3), Natura&Co (NTCO3), Magazine Luiza (MGLU3) e Carrefour Brasil (CRFB3) possuem contribuição zero ou insignificante de incentivos para o valor justo.

No setor de saúde, Hypera (HYPE3) e Viveo (VVEO3)  têm 30% e 23% do valor justo provenientes de incentivos fiscais, sendo os dois únicos de sua cobertura do setor que possuem exposição direta relevante a incentivos fiscais.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados