Ações de bancos caem até 3%; Petrobras tem baixa e Vale sobe 2% apesar de commodities, enquanto Localiza, Unidas e IRB disparam

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (23)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, perdendo o patamar dos 96 mil pontos em meio também à sessão de perdas nos pregões norte-americanos, após dados corroborarem perspectivas de uma recuperação difícil da maior economia do mundo.

Na contramão do índice, os grandes destaques de ações na sessão ficaram para a Localiza (RENT3, R$ 58,97, +13,97%) e Unidas (LCAM3, R$ 24,85, +17,27%), que assinaram acordo para fusão, podendo dar origem a um negócio consolidado com receita líquida de R$ 14,8 bilhões. Veja mais clicando aqui. 

Já o IRB (IRBR3, R$ 6,30, +9,57%) saltou mais de 9% após a resseguradora divulgar os dados de julho. A companhia teve prejuízo líquido de R$ 62,4 milhões em julho. Sem o impacto dos negócios descontinuados pela empresa, haveria lucro líquido de R$ 36 milhões. O faturamento bruto foi de R$ 1,546 bilhão, alta de 100,8% ante julho de 2019, sendo R$ 1,015 bilhão no Brasil e R$ 531,6 milhões no exterior. No Brasil, o avanço foi de 133%. Saiba mais clicando aqui. 

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Entre as poucas altas, também estiveram os papéis da Vale (VALE3, R$ 59,10, +2,23%), embora os preços do minério de ferro tenham caído novamente. A baixa do minério de ferro à vista nesta sessão foi de 2,2% (a commodity à vista com pureza de 62% negociada no porto de Qingdao), a US$ 114,40 a tonelada, em meio a sinais de que a demanda da China está diminuindo e que a oferta está aumentando. Contudo, como boa parte do mercado já via o atual patamar de preços do minério de ferro como insustentável, segue com visão positiva para a empresa.

Completando o quadro de ganhos do índice, estiveram Azul (AZUL4, R$ 26,75, +1,83%), CVC (CVCB3, R$ 16,36, +0,99%), Rumo (RAIL3, R$ 20,79, +0,87%), CCR (CCRO3, R$ 13,64, +0,22%) e Bradespar (BRAP4, R$ 44,68, +0,09%).

Ações da Petrobras (PETR3, R$ 20,75, -2,44%; PETR4, R$ 20,23, -2,74%) caíram mais de 2%, mesmo com a leve alta do petróleo. Os contratos futuros da commodity encerraram com ganho, após o Departamento de Energia americano anunciar uma queda de 1,639 milhões de barris nos estoques da commodity nos EUA. Com isso, o WTI para novembro subiu 0,33%, a US$ 39,93 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês avançou 0,12%, a US$ 41,77 o barril. PetroRio (PRIO3, R$ 34,85, -4,52%) também teve forte queda.

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Apesar da alta do petróleo, seguem no radar os temores sobre as dificuldades para a recuperação da economia mundial diante de aumento de casos de covid-19 e as medidas mais restritivas em sua decorrência, principalmente na Europa. Já no noticiário da Petrobras, ainda pesa a incerteza sobre as vendas das refinarias da estatal, com o julgamento suspenso no Supremo Tribunal Federal (STF) na véspera, sem data para retomada.

Bancos também registraram baixa, em meio à aversão ao risco com a queda das bolsas internacionais e monitorando os riscos fiscais por aqui. Banco do Brasil (BBAS3, R$ 30,18, -2,08%), Itaú (ITUB4, R$ 22,48, -2,68%), Bradesco (BBDC3, R$ 18,14, -2,63%; BBDC4, R$ 19,43, -2,36%) e Santander Brasil (SANB11, R$ 26,71, -2,84%) caíram entre 2% e 3% em um dia de perdas praticamente generalizadas para o índice.

Ações de frigoríficos como Marfrig (MRFG3, R$ 15,63, -4,05%), Minerva (BEEF3, R$ 12,26, -3,16%), JBS (JBSS3, R$ 21,62, -3,91%) também caíram forte. Analistas do Bradesco BBI afirmaram em nota a clientes que estão preocupados com a chance de os incêndios nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul intensificarem os desafios enfrentados devido à escassez de gado no mercado brasileiro e impactando negativamente as margens da carne bovina. Saiba mais clicando aqui. 

O setor de varejo e e-commerce também sofreu na sessão, com destaque para as baixas de Lojas Renner (LREN3, R$ 40,04, -4,41%) e Magazina Luiza (MGLU3, R$ 86,48, -3,36%).

Confira os destaques:

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
RENT3 13.97371 58.97
IRBR3 9.56522 6.3
VALE3 2.23145 59.1
AZUL4 1.82718 26.75
CVCB3 0.98765 16.36

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRKM5 -6.18375 21.24
TOTS3 -4.54225 27.11
PRIO3 -4.52055 34.85
LREN3 -4.41439 40.04
UGPA3 -4.32071 21.48

Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3)

A Localiza e a Unidas anunciaram um acordo para combinação dos seus negócios. Segundo as empresas, o objetivo é criar um player com escala global, obtendo sinergias e ganhos de eficiência. A empresa consolidada teria uma frota de 490.949 veículos e receita líquida de R$ 14,8 bilhões, com lucro líquido de R$ 1,18 bilhão e Ebitda de R$ 3,47 bilhões.

Pelo acordo, anunciado na noite de ontem, os acionistas da Unidas vão receber 0,44682380 ação ordinária de emissão da Localiza em substituição a cada 1 ação ordinária de emissão da Unidas por eles detidas. Com isso, os acionistas da Localiza passariam a deter, em conjunto, 76,85% do capital social total e votante da companhia combinada, e os então acionistas da Unidas passariam a deter, em conjunto, 23,14%.

A Unidas poderá distribuir dividendos de até R$ 425 milhões a seus acionistas, se observadas determinadas condições, que serão pagos em até 90 dias depois da consumação da incorporação das ações. A operação depende de aprovação dos acionistas das empresas e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“A expectativa é que, combinadas, a ‘nova Localiza’ tenha potencial de entregar um Ebitda (métrica para geração potencial de caixa operacional) superior a R$ 3 bilhões e uma frota de mais de 470 mil veículos. Como neste setor a pulverização geográfica e a escala são extremamente importantes, a nova Localiza poderá reforçar ainda mais os seus diferenciais competitivos atuais”, avaliam os analistas da Levante.

“A criação desta nova empresa com frota de 470 mil carros resultará em ganhos de sinergia na compra de carros novos e menores despesas gerais e administrativas, que a nosso ver não se refletem no preço atual das ações”, afirmaram os analistas Victor Mizusaki e Gabriel Rezende, do Bradesco BBI, em nota a clientes.

Petrobras (PETR3;PETR4)

O preço da gasolina vendida nas refinarias às distribuidoras foi reajustado em 4% pela Petrobras; o preço vale a partir de hoje. O diesel não sofreu reajuste. De acordo com o último levantamento semanal disponibilizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre os dias 16 e 22 de agosto, o preço médio da gasolina comum no país era, na semana pesquisada, de R$ 4,268.

Ainda no radar da companhia, a Petrobras disse que não foi definido momento de lançamento da oferta pública secundária para a venda da fatia remanescente da BR Distribuidora, que depende, entre outros fatores, das condições de mercado e do preço, segundo comunicado ao mercado. A empresa disse ainda que operação depende também da aprovações adicionais de órgãos internos da empresa, da CVM e de órgãos reguladores.

Além disso, as mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados reforçaram nesta terça ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido para que os ministros impeçam a negociação de oito refinarias da Petrobras até que o programa de privatizações dessas unidades passe pelo crivo do Congresso. A primeira reclamação dos parlamentares foi apresentada em julho.

Nessa segunda-feira, as mesas avançaram um pouco mais, com o pedido para que a estatal suspenda a análise das propostas apresentadas para a compra da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, e da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, até que o Supremo se posicione sobre o caso.

O aditamento da reclamação apresentado pelas mesas do Senado e da Câmara foi uma resposta imediata à decisão do presidente do STF, ministro Luiz Fux, de postergar o julgamento da venda das refinarias da Petrobras, até então previsto para ser concluído na próxima sexta-feira, 25.

Três ministros haviam se posicionado pela concessão de uma liminar para suspender as privatizações até que o Congresso se posicionasse sobre elas. Mas, por um pedido de destaque, o ministro Fux tirou a ação do julgamento virtual e ainda não há data definida para que seja retomado.

IRB (IRBR3)

O IRB teve prejuízo líquido de R$ 62,4 milhões em julho. Sem o impacto dos negócios descontinuados pela empresa, haveria lucro líquido de R$ 36 milhões. O faturamento bruto foi de R$ 1,546 bilhão, alta de 100,8% ante julho de 2019, sendo R$ 1,015 bilhão no Brasil e R$ 531,6 milhões no exterior. No Brasil, o avanço foi de 133%. No exterior, a alta foi de 58,8%. Segundo a empresa, o crescimento em julho de 2020 decorre da renovação, com crescimento de coberturas, de um contrato no segmento de petróleo emitido no mês.

Já o prêmio ganho totalizou R$ 657,6 milhões, enquanto a despesa de sinistro foi de R$ 638,3 milhões, com um índice de sinistralidade de 97,1% no mês de julho. No primeiro semestre de 2020, a sinistralidade foi de 108%.

Além disso, o índice de gastos externos (principalmente comissões) foi de 20,7%. O de gastos internos (despesas administrativas) foi de 3,4%. Já o Índice de Resultado Financeiro e Patrimonial alcançou 10% do faturamento em julho. O resultado de underwriting foi negativo em R$ 137,6 milhões, devido ao elevado volume dos negócios descontinuados no valor de R$ 160,8 milhões.

Segundo o Credit Suisse, os dados do IRB mostram uma melhoria sequencial, apesar de que as operações descontinuadas continuarão a pesar sobre os resultados por um bom tempo.

JBS (JBSS3)

A JBS lançou nesta quarta-feira o programa Juntos pela Amazônia, que prevê a criação de um fundo de R$ 1 bilhão para investimentos no desenvolvimento sustentável do bioma, com aportes da companhia podendo atingir até metade desse total em até dez anos.

O lançamento do Fundo JBS pela Amazônia é apenas um dos pilares de um plano maior da companhia que integra ações contra mudanças climáticas, que também prevê movimentos internos para garantir que todos os fornecedores de gado, incluindo os indiretos, trabalhem em conformidade com as leis ambientais e dentro das melhores práticas de sustentabilidade.

Panvel (PNVL3)

Semelhante ao que a Panvel já utiliza na região de Porto Alegre, a empresa vai inaugurar um pequeno centro de distribuição de cerca de 1,5 mil metros quadrados no bairro de Perdizes, em São Paulo. A perspectiva é que comece a operar em dezembro e esteja totalmente operacional em janeiro. Esse centro de distribuição vai agilizar a entrega das compras realizadas nos canais digitais.

De acordo com o Bradesco BBI, devido à necessidade de centros de distribuição ou mesmo drogarias estarem próximos ao consumidor para viabilizar a entrega rápida do produto via canal digital, a notícia da abertura de um pequeno centro de distribuição em São Paulo parece positiva. “Nesse sentido, embora a Panvel ainda tenha uma presença limitada na região de São Paulo, esse movimento deve ajudar a empresa a fortalecer seu canal digital, que hoje é referência no segmento de varejo de drogarias”, apontam os analistas, que reiteram a recomendação outperform e preço-alvo de R$ 39,00.

Stone

A Stone vai emitir BDRs na B3 que serão usados como parte do pagamento aos acionistas da Linx, segundo comunicado enviado à SEC, órgão regulador do mercado de capitais nos Estados Unidos. Apesar de ser uma empresa brasileira, a Stone é listada na Nasdaq, o que dificultaria a vida de diversos acionistas da Linx, segundo a revista Exame. O BDR poderá facilitar o acesso de parte desses investidores.

BB (BBAS3)

O Banco do Brasil oficializou que André Guilherme Brandão vai ocupar o cargo de presidente do banco. Brandão atua no mercado financeiro há 34 anos, tendo atuado no HSBC por mais de 20 anos em diferentes funções.

Ambev (ABEV3)

Segundo o Valor Econômico, foi realizado mais um estudo sobre o efeito elasticidade-preço de uma nova tributação sobre bebidas não alcoólicas adoçadas, categoria que inclui refrigerantes, sucos de caixinha, isotônicos e bebidas à base de leite e chocolate.

Coordenado pelo economista Cláudio Lucinda e realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a pedido da ACT Promoção da Saúde, o estudo concluiu que uma tributação de 20% sobre a categoria geraria R$ 4,7 bilhões de arrecadação tributária adicional por ano e um acréscimo de R$ 2,4 bilhões ao PIB, em valores de 2018. Tal tributação de 20% se daria por meio de uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e poderia implicar em uma variação da quantidade e do valor consumido de, respectivamente, -20% e -21%; caso a tributação fosse de 35%, esses valores seriam atualizados para -35% e -37%

“Entendemos que, por enquanto, se trata da divulgação de um novo estudo, sem efeitos diretos em termos de política pública. Ainda assim, como a ideia converge com o ‘sugar tax’ já mencionado pelo ministro Paulo Guedes, seguiremos monitorando a situação, uma vez que o segmento brasileiro de bebidas não alcoólicas da Ambev representa cerca de 7% do EBITDA da empresa”, avalia a XP Investimentos.

Cemig (CMIG4)

A Cemig aprovou o pagamento de juros sobre o capital próprio de R$ 120 milhões, correspondente a R$ 0,07904259285 por ação. Farão jus os acionistas detentores de ações no dia 25 de setembro de 2020. O valor será pago em duas parcelas iguais. A primeira será paga até 30 de junho de 2021, e a segunda até 30 de dezembro de 2021. As ações serão negociadas sem os direitos em 28 de setembro.

Weg (WEGE3)

A Weg aprovou juros sobre capital próprio de R$ 72,310 milhões, correspondente a R$ 0,034470588 por ação. Farão jus os detentores de ações em 25 de setembro de 2020. As ações serão negociadas ex-juros de 28 de setembro em diante. O ocorrerá em 10 de março de 2021.

Embraer (EMBR3)

O conflito entre a Embraer e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos diante das demissões de centenas de funcionários teve mais um capítulo nesta terça. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região propôs, em audiência de conciliação, o cancelamento de 502 demissões feitas pela Embraer e a adoção de lay-off (suspensão temporária do contrato) como forma de se preservar os empregos. O número de trabalhadores se refere àqueles representados pelos sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos e Araraquara, afirmou a categoria.

O sindicato subiu o tom contra a empresa depois que a Embraer anunciou, no início desse mês, a demissão de mais de 900 trabalhadores. A fabricante aeronáutica alega que os cortes (cerca de 2,5 mil no total, considerando PDVs) vieram por causa da pandemia e do fracasso do acordo com a americana Boeing.

As partes buscam um meio termo há alguma semanas, mas sem sucesso. De um lado, a Embraer entregou proposta de extensão do plano de saúde e vale alimentação no valor de R$ 450 até junho de 2021 e reforçou a preferência de recontratação conforme retomada de mercado. Do outro, a categoria pede o cancelamento das demissões.

O TRT deu prazo de uma semana para a Embraer e o sindicato avaliarem o assunto e marcou uma nova audiência para o dia 29.

(Com Agência Estado, Reuters e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.