Ibovespa fecha em queda e vai ao menor patamar desde junho com exterior; dólar sobe a R$ 5,58

Mercado encerra o pregão em mais uma baixa por conta do sell-off nas big techs americanas

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira (23) e voltou a patamares de junho em mais um pregão volátil, com a Bolsa chegando a ter leve alta à tarde puxada pelas ações da Vale (VALE3). O que pesou negativamente foi o exterior, em um novo dia de sell-off nas ações de empresas de alta tecnologia dos Estados Unidos.

Lá fora, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram 1,92%, 2,37% e 3,02% respectivamente. As ações da Amazon caíram 4,1% e as do Netflix se desvalorizaram em 4,2%, mesma variação dos papéis da Apple. Facebook recuou 2,3% e Alphabet (controladora do Google) teve queda de 3,5%.

Segundo analistas consultados pela CNBC, essa venda generalizada tem a ver com manchetes conflitantes a respeito do coronavírus. Enquanto o mundo se prepara para uma vacina, a segunda onda atinge em cheio a Europa.

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Autoridades de Madri, na Espanha, pediram uma ajuda urgente para contratar centenas de médicos estrangeiros e reforçar o policiamento para enfrentar o novo surto.

Com isso, o Ibovespa terminou o dia em queda de 1,6%, aos 95.734 pontos e volume financeiro negociado de R$ 25,181 bilhões. Foi o menor patamar de fechamento do índice desde 30 de junho, quando o benchmark encerrou a sessão cotado em 95.055 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial registrou ganhos de 2,18%, cotado a R$ 5,5868 na compra e R$ 5,5876 na venda. Já o dólar futuro para outubro registra alta de 2,2%, a R$ 5,591 no after-market.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu cinco pontos-base a 2,96%, o DI para janeiro de 2023 avançou 10 pontos-base a 4,44%, o DI para janeiro de 2025 teve alta de 14 pontos-base a 6,43% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de 17 pontos-base a 7,42%.

Entre os indicadores internacionais, o IHS Markit composto dos EUA caiu de 54,6 pontos em agosto para 54,4 pontos em setembro. Apesar do número ainda estar acima de 50 pontos, o que indica expansão da atividade econômica, o recuo é sintoma de uma desaceleração nessa retomada.

Destrinchando o dado, o IHS de serviços recuou de 55 pontos para 54,6 pontos, abaixo da mediana das projeções dos economistas compilada pela Reuters, que apontava para uma desaceleração menor, aos 54,7 pontos. Já o IHS de manufatura subiu de 53,1 pontos em agosto para 53,5 pontos em setembro, acima da mediana das expectativas, que era de estabilidade no indicador.

Além disso, alertas de dirigentes do Federal Reserve sobre a necessidade de estímulos para sustentar a recuperação da economia em meio ao impasse sobre novas medidas no Congresso dos EUA voltaram a pesar sobre os ativos globais, com reflexos sobre os mercados domésticos.

Por aqui, o foco esteve na expectativa de déficit fiscal maior e o resultado acima do esperado para o IPCA-15. O Ministério da Economia elevou para R$ 861 bilhões a expectativa de déficit primário em 2020, segundo relatório divulgado na noite de ontem, o que representa um aumento em relação ao déficit de R$ 787,45 bilhões esperado para as contas públicas no relatório de final de julho.

Também no cenário doméstico, cresce a expectativa de criação de um imposto sobre transações digitais, depois que o presidente Jair Bolsonaro deu sinal verde à ideia. Segundo a Folha de S. Paulo, agora o governo buscará o apoio do centrão para apresentar a proposta ao Congresso. A expectativa é levantar R$ 120 bilhões por ano com o novo tributo, nos moldes da extinta CPMF.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – Base 15 (IPCA-15) subiu 0,45% em setembro na comparação mensal, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa dos economistas, segundo consenso Bloomberg, era de que a inflação medida pelo IPCA-15 apontasse alta de 0,39% em setembro na comparação mensal

No exterior, a atividade econômica europeia mostrou um crescimento mais lento em setembro, com o índice de gerente de compras (PMI) Markit em 50,1, abaixo dos 51,9 vistos em agosto. Mesmo assim, leituras acima de 50 indicam expansão da atividade.

Antes disso, a Espanha revisou sua previsão de Produto Interno Bruto (PIB) para uma queda de 17,8% no segundo trimestre na comparação com o período anterior, menos severa que a estimativa anterior de queda de 18,5%.

Evento sobre FIIs

Esta quarta-feira marca o segundo dia do maior evento de fundos imobiliários do país, entre 22 e 24 de setembro. Online e gratuito, o FII Summit – Fórum de Fundos Imobiliários, realizado pelo InfoMoney, reúne executivos de algumas das maiores construtoras e incorporadoras do país, além de economistas, analistas e gestores de FIIs, que vão discutir as tendências desse mercado nos seus diversos segmentos (comercial, hoteleiro, logístico e residencial).

Para participar do FII Summit, que conta com apoio da XP Investimentos, basta se cadastrar gratuitamente no site do evento. Confira a programação completa clicando aqui.

Déficit e novo imposto

O Ministério da Economia elevou para R$ 861 bilhões a expectativa de déficit primário em 2020, segundo relatório divulgado na noite de ontem, o que representa um aumento em relação ao déficit de R$ 787,45 bilhões esperado para as contas públicas no relatório de final de julho.

Para este ano, o governo tinha autorização para registrar em suas contas um déficit primário de até R$ 124,1 bilhões, segundo o G1. O novo cálculo considera uma retração de 4,7% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, igual à última estimativa divulgada pelo Ministério da Economia.

A previsão para as receitas em 2020 piorou R$ 9,725 bilhões, passando a R$ 1,446 trilhão no caso da receita bruta e de R$ 1,185 trilhão para a receita líquida.

A piora se deve a mudanças na legislação tributária para o combate à covid-19, ao resultado da arrecadação entre junho e agosto de 2020 e à revisão das estimativas de impacto do adiamento no recolhimento de tributos, de acordo com o O Estado de S.Paulo. Já a previsão para despesas aumentou R$ 63,6 bilhões em relação ao projetado no terceiro bimestre, passando a R$ 2,046 trilhões.

Outro destaque do noticiário nacional é a informação de que a proposta de um imposto sobre transações digitais elaboradas pela equipe do ministro da Economia Paulo Guedes recebeu sinal verde do presidente Jair Bolsonaro. Segundo a Folha de S.Paulo, agora o governo buscará o apoio do centrão para apresentar a proposta ao Congresso. A expectativa é levantar R$ 120 bilhões por ano com o novo tributo, nos moldes da extinta CPMF.

Os recursos vão bancar a desoneração da folha de pagamentos. O benefício acabaria neste ano, mas foi estendido pelo Congresso para o fim de 2021. A expectativa é que a proposta seja apresentada por líderes do governo ainda nesta semana, segundo o Estado de S.Paulo.

Investigações

Também chama atenção a informação de que o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos fizeram doações em dinheiro vivo para bancar suas campanhas eleitorais de 2008 a 2014, segundo a Folha de S.Paulo.

No total, foram injetados R$ 100 mil, o que representa valores de R$ 163 mil, corrigidos pela inflação. Embora transações em espécie não configurem crime, podem ter como objetivo dificultar o rastreamento da origem de valores, de acordo com a publicação.

Ainda sobre a família Bolsonaro, ontem o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) prestou um depoimento de mais de seis horas à Polícia Federal no inquérito que apura o financiamento e organização de atos antidemocráticos.

Além disso, os dados de fluxo cambial mostraram um quadro inédito de saída de recursos externos, segundo O Globo. Nos primeiros oito meses do ano, US$ 15,2 bilhões deixaram o país, o maior volume desde o início da série histórica, em 1982. Além disso, os investidores estrangeiros retiraram R$ 87,3 bilhões da Bolsa brasileira de janeiro a 17 de setembro de 2020.

Isso é quase o dobro do registrado em todo o ano passado, quando saíram R$ 44,5 bilhões. É a maior saída da série da B3, iniciada em 2008. Além da crise global e das incertezas sobre o ajuste fiscal no Brasil, o avanço de queimadas e do desmatamento podem agravar ainda mais o quadro, segundo o jornal.

Radar corporativo

No noticiário de empresas, o destaque é o anúncio da combinação dos negócios da Localiza e da Unidas, mediante um acordo de troca de ações. Pelo acordo, anunciado na noite de ontem, os acionistas da Unidas vão receber 0,44682380 ação ordinária de emissão da Localiza em substituição a cada 1 ação ordinária de emissão da Unidas por eles detidas.

Com isso, os acionistas da Localiza passariam a deter, em conjunto, 76,85% do capital social total e votante da companhia combinada, e os então acionistas da Unidas passariam a deter, em conjunto, 23,14%.

Além disso, o banco de investimento BR Partners e a empresa de logística Hidrovias do Brasil fixarão hoje o preço por ação em suas ofertas públicas iniciais. Já a Petrobras anunciou aumento de 4% da gasolina vendida às refinarias, enquanto Cemig e Weg anunciaram o pagamento de proventos aos acionistas.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
RENT3 13.97371 58.97
IRBR3 9.56522 6.3
VALE3 2.23145 59.1
AZUL4 1.82718 26.75
CVCB3 0.98765 16.36

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRKM5 -6.18375 21.24
TOTS3 -4.54225 27.11
PRIO3 -4.52055 34.85
LREN3 -4.41439 40.04
UGPA3 -4.32071 21.48

Já a Itaúsa, holding brasileira de investimentos que tem no portfólio empresas como Itaú Unibanco, Duratex, Alpargatas e NTS, realizará em 23 de setembro, das 10h às 12h, o Panorama Itaúsa 2020, evento digital gratuito que irá debater as estratégias da companhia e das empresas investidas. Na data, a holding promoverá ainda discussão sobre o cenário econômico atual e perspectivas de negócio.

O evento terá participação dos executivos Alfredo Setubal, presidente da Itaúsa, Candido Bracher, presidente-executivo do Itaú Unibanco, Roberto Funari, presidente da Alpargatas, e Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Duratex.

O evento contará ainda com a participação de Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, que abordará perspectivas para a economia e investimentos no Brasil. As inscrições são abertas ao público em geral e, para se inscrever, basta acessar o site panorama.itausa.com.br [panorama.itausa.com.br].

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.