Ação da Braskem dispara 9,3% com anúncio da Odebrecht e CSN salta 7,9% após recomendação; Petrobras e Vale sobem 3%

Confira os destaques da B3 na sessão desta segunda-feira (10)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em uma sessão de forte volatilidade para o Ibovespa, quem ganhou destaque foi a ação da Braskem (BRKM5, R$ 25,57, +9,32%), que subiu forte, cerca de 9%, na sessão desta segunda-feira (10), com os investidores repercutindo a notícia do começo do processo de venda da participação da Odebrecht na companhia.

Depois da Braskem, o maior destaque de alta ficou  para a CSN (CSNA3, R$ 13,97, +7,88%), com ganhos que ultrapassaram os 7%. A  CSN teve a recomendação elevada a neutra pelo JPMorgan, com preço-alvo de R$ 15,50. Outras siderúrgicas, como Usiminas (USIM5, R$ 8,67, +4,46%) e Gerdau (GGBR4, R$ 18,26, +3,69%) também avançaram.

Enquanto isso, as ações das teles chegaram a subir forte com a notícia de que Telefônica Brasil (VIVT4, R$ 51,84, +2,43%), TIM (TIMP3, R$ 15,79, +2,40%) e Claro confirmaram acordo de exclusividade com a Oi (OIBR3, R$ 1,57, +0,64 %;OIBR4, R$ 2,47, +0,82%) pela Oi Móvel, chegaram a amenizar os ganhos, mas fecharam em alta.

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Já a Petrobras (PETR3, R$ 24,10, +3,39%;PETR4, R$ 23,45, +2,90%) abriu com ganhos, ainda que modestos, seguindo a alta do petróleo após a Saudi Aramco afirmar que já vê recuperação parcial na demanda pela commodity e elogiar uma forte recuperação nos principais mercados, incluindo o que ele descreveu como um retorno aos níveis de demanda pré-covid-19 por gasolina e diesel na China. Os ativos chegaram a zerar a alta, mas voltaram a ganhar forças durante a tarde.

A commodity subiu forte por uma melhora nos dados das fábricas chinesas, aumento da demanda e por esperanças de um acordo nos Estados Unidos sobre mais estímulos econômicos relacionados ao coronavírus. O contrato do brent para setembro subiu 1,9%, a US$ 45,22 o barril, enquanto o WTI teve alta de 1,7%, a US$ 41,94 o barril. Além disso, a notícia sobre venda da Braskem pela Odebrecht pode ser considerada positiva para a companhia (veja mais abaixo).

As ações da Vale (VALE3, R$ 62,20, +2,89%) também registraram ganhos, de quase 3%.

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Na ponta oposta, estiveram as ações da Totvs (TOTS3, R$ 26,65, -7,40%) em queda de mais de 7%; vale destacar que, na última quinta-feira, os ativos da companhia chegaram a subir quase 11% na esteira de bons resultados do segundo trimestre (veja mais clicando aqui). Também entre as maiores baixas, estiveram os ativos do Magazine Luiza (MGLU3, R$ 81,93, -4,34%): nesta data, saiu o balanço do Mercado Livre que, apesar de considerado positivo, levou a uma sessão pós-resultado de queda de 5,83% para os ativos na Nasdaq (veja mais clicando aqui).

Confira os destaques do noticiário corporativo:

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRKM5 9.32022 25.57
CSNA3 7.87645 13.97
EMBR3 5.73333 7.93
USIM5 4.57831 8.68
GOAU4 3.82716 8.41

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
TOTS3 -7.01876 26.76
HGTX3 -5.10719 15.05
MGLU3 -4.12142 82.12
BRFS3 -2.58698 21.84
GNDI3 -2.51313 68.66

CSN (CSNA3, R$ 13,97, +7,88%)

O JPMorgan elevou a recomendação para o papel de exposição abaixo da média do mercado (underweight) para neutra, com visão otimista para os preços do minério de ferro.

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“Embora a CSN ainda seja a mineradora de minério de ferro mais cara da América Latina, a empresa deve surfar a onda positiva de minério de ferro e isso deve afetar positivamente os lucros” e o
fluxo de caixa livre, segundo o analista do JPMorgan Rodolfo Angele, em relatório.

O preço-médio de US$ 100 a tonelada para o minério de ferro em 2020 e 2021 é o novo cenário base do JPMorgan em meio à demanda “muito aquecida” de aço da China, aumento limitado de oferta e
expectativas de recuperação no resto do mundo. O melhor desempenho operacional deve ajudar processo de desalavancagem da empresa, destacam os analistas.

Vale (VALE3, R$ 62,20, +2,89%)

O secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou na sexta-feira à noite que o governo federal reduzirá em 100% a sua participação na mineradora Vale, frisando não ser objetivo do poder público ser acionista de companhias.

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No início da última semana, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) levantou R$ 8,1 bilhões com a venda de um bloco de ações da mineradora Vale.

Mattar pontuou que o governo tem ainda ações da companhia próximas desse valor e que podem ser vendidas.

Petrobras (PETR3, R$ 24,10, +3,39%;PETR4, R$ 23,45, +2,90%)

A Petrobras informou na sexta-feira à noite que avançou na venda das participações de 35% no campo de Manati, na Bahia, e do chamado Polo Ceará, ambos em águas rasas.

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Para os ativos na Bahia, potenciais compradores classificados em fase anterior receberão carta-convite com instruções para “due diligence” e envio de ofertas vinculantes, enquanto os campos no Ceará ainda estão na chamada etapa não-vinculante.

No campo de Manati, na bacia de Camamu, a Petrobras é operadora e tem como sócias a Enauta (com 45%), a Geopark Brasil E&P (10%) e a Brasoil Manati (10%). Já o polo no Ceará pertence 100% à estatal e compreende os campos de Atum, Curimã, Espada e Xaréu.

 Telefônica Brasil (VIVT4, R$ 51,84, +2,43%), TIM (TIMP3, R$ 15,79, +2,40%) e Oi (OIBR3, R$ 1,57, +0,64 %;OIBR4, R$ 2,47, +0,82%)

Telefônica Brasil, dona da Vivo, TIM e Claro confirmaram acordo de exclusividade com a Oi para negociar a aquisição da Oi Móvel. O acordo é válido até a próxima terça-feira (11).

O acordo daria às empresas, principais operadoras de telefonia celular do país, o direito exclusivo de igualar qualquer outra oferta mais alta que outras partes possam fazer posteriormente.

Em julho, as três operadoras apresentaram uma oferta conjunta de R$ 16,5 bilhões pelos ativos.

Segundo as companhias, o acordo visa garantir segurança e rapidez às negociações, e permitir que elas possam ser qualificadas como “stalking horse” (primeiro proponente) no processo de competição pela Oi Móvel, o que vai permitir a cobertura de outras propostas que eventualmente surgirem.

Veja mais clicando aqui. 

Conforme destaca a Levante Ideias de Investimentos, curiosamente, a notícia é positiva para todas as empresas do setor. Ademais, a expectativa era de um desempenho superior para as ações da TIM em relação às outras companhias, dada a sua atuação quase que exclusiva no mercado de telefonia móvel no Brasil.

Vale destacar que a primeira oferta realizada pelo bloco, no total de R$ 15 bilhões, foi superada pela Highline dias depois, que obteve também o direito de preferência. Contudo, o bloco realizou uma nova oferta pelos ativos no total de R$ 16,5 bilhões, e a Highline, que não cobriu a oferta, também viu seu prazo de preferência expirar.

“Agora, o bloco tem a maior oferta e o direito de preferência como carta na manga no leilão. Contudo, há indícios de que o negócio teria grandes resistências regulatórias junto à Anatel e ao Cade. Algumas notícias já apontam nesta direção, visto que a transação acarretaria uma concentração excessiva de mercado em posse das três companhias. Além disto, o processo de avaliação do Cade duraria pelo menos um ano. Sem dúvidas esta notícia é apenas mais um capítulo do longo processo que veremos à frente”, destaca a análise da Levante.

Ainda no radar, integrantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) avaliam que o caminho para garantir a sobrevivência da Oi, no horizonte pós-recuperação judicial, ainda é de “alto risco”, afirma o Valor Econômico. As principais fontes de incerteza são o passivo de multas devidas à Anatel, incluídas no plano de recuperação judicial, e o tratamento dos bens da concessão, que traz implicações sobre a estratégia de separação da companhia em unidades produtivas isoladas (UPIs).

Braskem (BRKM5, R$ 25,57, +9,32%) e Petrobras

Outra alienação que tem o seu processo iniciado é o da participação da Odebrecht na Braskem.

A petroquímica, em comunicado ao mercado, informou que foi informada que a Odebrecht “deu início aos atos preparatórios para estruturar um processo de alienação privada de até a totalidade da participação de sua titularidade na Companhia”.

Conforme destaca a Levante Ideias de Investimentos, a Braskem faz parte do plano de desinvestimento da Petrobras desde antes da atual gestão. Contudo, a venda de sua fatia estava condicionada à estatal entrar em acordo com a Odebrecht para a realização da venda conjunta.

“Desse modo, poderiam unificar as ações da Braskem com a entrada no Novo Mercado, dando maior liquidez e valorização, facilitando a saída de ambos da companhia. É importante lembrar que a Odebrecht vinha dificultando a migração para o Novo Mercado antes”, ressaltam os analistas.

Assim, a notícia é positiva tanto para a Braskem, que tem a possibilidade de melhora da governança e consequentemente destravando valor para a empresa, quanto para a Petrobras, que retoma a possibilidade de mais um desinvestimento bilionário, dando continuidade a seu processo de venda de ativos.

M.Dias Branco (MDIA3, R$ 38,06, -2,73%)

A M. Dias Branco registrou lucro líquido de R$ 152,4 milhões no segundo trimestre do ano, uma alta de 51,5% na comparação com o mesmo período de 2019.

A companhia se beneficiou do aumento do consumo de massas durante a pandemia do novo coronavírus. A receita líquida no período somou R$ 1,89 bilhão, alta de 22,2%. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da empresa subiu 23,5% no comparativo anual, para R$ 225,6 milhões.

Os analistas do Itaú BBA destacaram o crescimento das vendas acima do esperado. No entanto, destacaram margens menores causadas pelo aumento dos custos com o trigo. A empresa é classificada pelo Itaú BBA como “market perform”, com preço-alvo de R$ 39.

“Apesar dos fortes números de volume, a maior inflação de custos reduziu a margem Ebitda em 2 pontos percentuais no trimestre, para 12%”, avaliaram em relatório, mas destacando que essa margem veio em linha com as estimativas.

Vale destacar que, na agenda do InfoMoney, a série Por Dentro dos Resultados entrevista a M.Dias Branco: Gustavo Theodozio, CFO, e Fabio Cefaly, diretor de relações com investidores, falam sobre os resultados do segundo trimestre e a estratégia da companhia em meio à crise econômica brasileira. A entrevista será transmitida pelo Youtube às 18h30.

Sanepar (SAPR11, R$ 29,80, -1,49%)

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) informou lucro líquido de R$ 284,4 milhões no segundo trimestre de 2020, número 22,3% maior que os R$ 232,6 milhões apresentados no mesmo período de 2019, segundo balanço divulgado na noite desta sexta-feira. O resultado foi impactado principalmente pelo crescimento da receita líquida de 4,6% e pela redução de 1,7% dos custos e despesas operacionais, de acordo com a empresa.

O Ebitda entre abril e junho foi de R$ 472,1 milhões, elevação de 17,4% na comparação com o ano anterior, que foi de R$ 402,2 milhões. A margem Ebitda subiu de 36,6% para 41,1% no período.

O resultado financeiro melhorou 28,9% no período, passando de R$ 44,6 milhões negativos para R$ -31,7 milhões, decorrente da redução das despesas financeiras em 21,6%, principalmente em despesas com variações monetárias de empréstimos e financiamentos.

A receita operacional bruta cresceu 4,5%, passando de R$ 1,1 bilhão em 2019 para R$ 1,2 bilhão em 2020. Este crescimento decorre do Reajuste Tarifário Anual (IRT) de 8,37%, que começou a vigorar em 24/05/2019, do reestabelecimento do Reajuste Tarifário Anual (IRT), no porcentual de 3,76%, a partir de 11/11/2019, da ampliação dos serviços de água e esgoto e do aumento no número de ligações.

A Sanepar informou que devido à declaração de situação de emergência hídrica do governo do Paraná, em maio, e com o baixo volume de reservação e escassez de chuvas, a empresa está praticando, como ação mitigadora, rodízio de 24 horas a partir da interrupção até a retomada do abastecimento de água, com prazo de normalização para o cliente em até mais 12 horas, embora o decreto permita até 24 horas.

O Credit Suisse considerou como positivo o resultado da Sanepar, que se beneficiou do aumento das tarifas, adição de conexões e uma melhora no custo total (embora as despesas administrativas tenham frustrado).

“As provisões foram levemente pressionadas neste segundo trimestre, mas com impactos da Covid-19 abaixo do esperado”, destacaram.

Já o Itaú BBA considerou a receita mais fraca que o esperado e ainda destacaram os custos não recorrentes de R$ 16,4 milhões relacionados ao programa de demissão voluntária.

Além disso, há a preocupação com o nível de reservatórios da empresa. “Os baixos níveis dos reservatórios são uma grande preocupação. A Sanepar reportou um volume médio dos reservatórios de 36%, abaixo do nível do primeiro trimestre de 2020, de 63%, e muito abaixo do valor do segundo trimestre de 2019, de 99%.”

d1000 (DMVF3, R$ 15,58, -8,35%)

A ação da d1000 estreou na Bolsa em baixa. A empresa realizou seu IPO na última semana, captando cerca de R$ 400 milhões. O valor de cada ação saiu a R$ 17, no piso da faixa indicativa de preço que ia até R$ 20,32.

A d1000 é uma rede de drogarias formada pelas aquisições das bandeiras Drogasmil, Farmalife, Drogarias Tamoio e Drogaria Rosário, com atuação no Rio de Janeiro, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Tocantins.

Quero-Quero (LJQQ3, R$ 12,79, +1,11%) 

A ação varejista de materiais de construção Quero-Quero estreou na B3 em leve alta. A companhia realizou na última semana uma oferta inicial de ações de R$ 1,94 bilhão na B3, a Bolsa paulista, em meio à pandemia de covid-19.

O êxito da oferta foi a porta de saída do fundo de private equity norte-americano Advent Internacional do ativo. Com a operação, o Advent colocou R$ 1,66 bilhão no caixa.

A ação foi precificada em R$ 12,65, no centro da faixa indicativa de preço, que variava de R$ 11,30 a R$ 14.

Iguatemi (IGTA3, R$ 36,08, +0,64%)

A Iguatemi aprova programa de recompra de até 1,3 milhão de ações ordinárias. O programa de Recompra de Ações de emissão da Companhia foi aprovado com unanimidade, de acordo com um
comunicado ao mercado.

O montante de ações representa 1,50% do total de ações da empresa em circulação no mercado. A empresa tem até 7 agosto de 2021 para realizar a operação.

JSL (JSLG3, R$ 30,60, +3,90%)

A JSL anunciou contrato para a compra de 100% da Transmoreno, que tem sede em São José dos Pinhais (PR). O valor da aquisição é de R$ 310 milhões, valor que será ajustado com base na dívida líquida e capital de giro.

A JSL pagará R$ 100 milhões no fechamento da transação e o restante em parcelas semestrais ao longo de cinco anos. Os vendedores ainda receberão um prêmio de R$ 10 milhões em 2025 caso determinadas condições sejam atingidas até o final de 2024.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.