Ibovespa fecha em alta de 0,65% impulsionado por possibilidade de acordo para estímulos nos EUA; dólar sobe a R$ 5,46

Mercado termina a sessão com valorização depois de muita volatilidade entre as blue chips da Bolsa

Ricardo Bomfim

Painel de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (10) com uma série de boas notícias para os investidores impacientes com um desfecho para o impasse entre republicanos e democratas no Congresso dos Estados Unidos.

A principal delas é que o presidente americano Donald Trump disse que a presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, e o senador Chuck Schumer, manifestaram o desejo de se reunirem com ele para fazer um acordo em torno do pacote de mais de US$ 1 trilhão em estímulos para enfrentar os impactos econômicos do coronavírus no país.

Essa informação veio depois do secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, afirmar que o Congresso pode chegar nesta semana a um acordo para o pacote de estímulos.

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Mais cedo, Trump assinou uma série de ordens executivas para estender os estímulos econômicos contra os efeitos do coronavírus. Entre as medidas está a expansão dos benefícios a desempregados. Apesar de analistas questionarem até mesmo a legalidade das ordens de Trump, eles concordam que a atitude serve pelo menos para pressionar o Legislativo a acelerar as negociações.

Na esteira dessas notícias, os índices Dow Jones e S&P 500 subiram 1,3% e 0,27% respectivamente, ao passo que o Nasdaq, de empresas de alta tecnologia, caiu 0,39% pressionado pelas vendas por conta das tensões entre EUA e China.

Por aqui, o Ibovespa fechou em alta de 0,65% a 103.444 pontos com volume financeiro negociado de R$ 24,826 bilhões.

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No noticiário local, o governo tenta aprovar o marco legal para o setor de gás natural. O projeto de lei tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados e o Ministério de Minas e Energia espera que sua aprovação renda R$ 40 bilhões em investimentos.

Ainda no radar político, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada neste domingo, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, afirmou que vai barrar qualquer tentativa de burlar o teto de gastos.

Com isso, o câmbio chegou a registrar uma sessão de queda, mas a piora em alguns índices do exterior como o Nasdaq acabou revertendo a tendência. O dólar comercial terminou a sessão em alta de 0,97% a R$ 5,4642 na compra e a R$ 5,4649 na venda. Enquanto isso, o dólar futuro para setembro tem alta de 0,54% a R$ 5,474 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu quatro pontos-base a 2,69%, o DI para janeiro de 2023 teve variação positiva de seis pontos-base a 3,80% e o DI para janeiro de 2025 avançou seis pontos-base a 5,47%.

Embora a expectativa em torno dos estímulos econômicos para os Estados Unidos tenha contribuído para o bom humor dos mercados, a disputa entre as duas maiores economias do mundo preocupa.

O Ministério das Relações Exteriores da China anunciou que vai impor sanções a 11 cidadãos americanos em uma resposta a uma ação similar dos Estados Unidos contra autoridades chinesas e aliados em Hong Kong.

Relatório Focus

Os economistas do mercado financeiro elevaram levemente nesta semana as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. A mediana das expectativas foi de -5,66% para -5,62%.

Já para 2021 as projeções se mantiveram em crescimento de 3,5% da atividade econômica brasileira.

Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) as expectativas foram mantidas em 1,63% para 2020 e em 3% para 2021.

Já para o dólar a expectativa dos economistas seguiu em R$ 5,20 para o fim de 2020 e em R$ 5,00 para o fim de 2021.

Por fim, a mediana das estimativas do mercado para a taxa básica de juros, Selic, ficou estável em 2,00% ao ano para 2020 e em 3,00% ao ano para 2021.

Maia e o teto de gastos

Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada neste domingo, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, afirmou que vai barrar qualquer tentativa de burlar o teto de gastos.

“O governo não pode querer usar o Parlamento como instrumento dessas soluções heterodoxas [manobras para ultrapassar o teto de gastos]. Não dá para usar um projeto, uma PEC, pelo menos na Câmara, para burlar o teto de gastos. Se o governo tiver essa intenção, eu discordo e vou trabalhar contra”, afirmou.

“Este ano o governo está protegido pela PEC do orçamento de guerra, mas se o governo editar 1 crédito extraordinário e depois transformar em restos a pagar (para ampliar o espaço para gastar em 2021), aí pode ser uma pedalada“, disse ele.

Novo marco legal e Caixa

O novo marco legal para o setor de gás natural pode destravar R$ 40 bilhões em investimentos, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em entrevista à Record News na sexta-feira à noite.

O projeto de lei (PL) tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados e há expectativa de que seja votado ainda em agosto, segundo o ministro.

Após a aprovação na Câmara, Albuquerque também se mostrou confiante na tramitação do PL no Senado Federal.

Ainda no radar político, o presidente Jair Bolsonaro editou a medida provisória 995 que permite à Caixa Econômica Federal constituir novas subsidiárias, inclusive pela incorporação de ações de outras sociedades empresariais, conforme edição extra do “Diário Oficial da União” (DOU) do último sábado.

A medida provisória também permite que a Caixa adquira o “controle societário ou participação societária minoritária em sociedades empresariais privadas”.

A autorização dada a Caixa pela MP tem por finalidade, segundo o texto da norma, “executar atividades compreendidas nos objetos sociais das subsidiárias” do banco estatal ou complementares a estes.

Radar corporativo

O secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou na sexta-feira à noite que o governo federal reduzirá em 100% a sua participação na mineradora Vale, frisando não ser objetivo do poder público ser acionista de companhias.

No início desta semana, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) levantou R$ 8,1 bilhões com a venda de um bloco de ações da mineradora Vale.

Mattar pontuou que o governo tem ainda ações da companhia próximas desse valor e que podem ser vendidas.

E em seu processo de venda de ativos, a Petrobras informou na sexta-feira à noite que avançou na venda das participações de 35% no campo de Manati, na Bahia, e do chamado Polo Ceará, ambos em águas rasas.

Para os ativos na Bahia, potenciais compradores classificados em fase anterior receberão carta-convite com instruções para “due diligence” e envio de ofertas vinculantes, enquanto os campos no Ceará ainda estão na chamada etapa não-vinculante.

No campo de Manati, na bacia de Camamu, a Petrobras é operadora e tem como sócias a Enauta (com 45%), a Geopark Brasil E&P (10%) e a Brasoil Manati (10%). Já o polo no Ceará pertence 100% à estatal e compreende os campos de Atum, Curimã, Espada e Xaréu.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRKM5 9.0637 25.51
CSNA3 7.87645 13.97
EMBR3 5.46667 7.91
USIM5 4.57831 8.68
GOAU4 3.82716 8.41

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
TOTS3 -7.01876 26.76
HGTX3 -5.10719 15.05
MGLU3 -4.12142 82.12
BRFS3 -2.58698 21.84
GNDI3 -2.07298 68.97

E outro processo de venda que está no radar é o da Oi. A empresa de telefonia informou na sexta-feira que concedeu status preferencial a uma proposta de aquisição conjunta da TIM Participações, Telefônica Brasil e Claro, da America Movil, para os ativos móveis da Oi, segundo informações da agência Reuters.

O acordo daria às empresas, principais operadoras de telefonia celular do país, o direito exclusivo de igualar qualquer outra oferta mais alta que outras partes possam fazer posteriormente.

Em julho, as três operadoras apresentaram uma oferta conjunta de 16,5 bilhões de reais pelos ativos.

Outra alienação que tem o seu processo iniciado é o da venda da participação da Odebrecht na Braskem.

A petroquímica, em comunicado ao mercado, contou que foi informada que a Odebrecht “deu início aos atos preparatórios para estruturar um processo de alienação privada de até a totalidade da participação de sua titularidade na Companhia”

E sobre a temporada de balanços, a M. Dias Branco registrou lucro líquido de R$ 152,4 milhões no segundo trimestre do ano, uma alta de 51,5% na comparação com o mesmo período de 2019.

A companhia se beneficiou do aumento do consumo de massas durante a pandemia do novo coronavírus. A receita líquida no período somou R$ 1,89 bilhão, alta de 22,2%. O Ebitda da empresa subiu 23,5% no comparativo anual, para R$ 225,6 milhões.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.