Ação da Gol salta 6% após acordo com Carlyle; IRB sobe 5% e Petrobras e Vale avançam com dados de produção

Confira os destaques da B3 na sessão desta terça-feira (11)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão foi de fortes ganhos para o Ibovespa com o alívio para as bolsas internacionais em meio à desaceleração das taxas de crescimento dos novos casos de coronavírus e também em uma sessão de noticiário corporativo movimentado, com destaque para o resultado do Itaú Unibanco, além da repercussão dos dados de produção de Petrobras e Vale.

As ações do Itaú Unibanco subiram 2,3% após números considerados positivos (veja a análise do balanço clicando aqui), enquanto Petrobras subiu mais de 1% com a alta de quase 2% das cotações do barril de petróleo e com os dados de produção. Entre os bancos, também chamaram atenção as ações do Banco do Brasil (BBAS3), que dispararam 4,72%.

A Vale também avançou com os números do quarto trimestre, mas também com a alta de 4,40% do minério de ferro negociado na bolsa de Dalian. Enquanto isso, o IRB saltou 5% após a forte queda da véspera. Além da mineradora, as siderúrgicas também foram destaque, com CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) subindo mais de 4% cada uma.

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Já o Grupo São Martinho subiu 4% após reportar um lucro líquido de R$ 342 milhões no terceiro trimestre do ano-safra de 2019-2020. O lucro do São Martinho cresceu 420% no período.

Confira os destaques da B3:

Itaú Unibanco (ITUB4)

O Itaú Unibanco fechou o quarto trimestre de 2019 com lucro líquido recorrente de R$ 7,296 bilhões, uma alta de 1,9% ante o mesmo período de 2018. O resultado ficou em linha com a projeção de R$ 7,28 bilhões dos analistas consultados pela Bloomberg.

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No acumulado de 2019, o lucro líquido recorrente do maior banco privado do país chegou a R$ 28,363 bilhões. É um avanço de 10,2% sobre 2018.

O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido — um indicador que mede como os bancos investem os recursos de seus acionistas) também avançou, tanto no trimestre (+0,3 ponto percentual) quanto no ano (+1,7 ponto percentual), para 23,7%.

“Nosso ambiente de negócios em 2019 foi influenciado pela continuidade do ciclo de cortes na taxa Selic, sustentada pelo baixo nível de inflação no país e por reformas estruturais na economia, como a da previdência social. Nesse cenário, alguns indicadores sinalizam uma recuperação da atividade econômica, como o crescimento das concessões de crédito e uma redução gradual do índice de desemprego”, destacou o banco em seu balanço.

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A margem financeira aumentou 8% em 2019 sobre o ano anterior, o que permitiu um desempenho melhor do lucro. A margem financeira gerencial, que leva em conta operações com clientes e com o mercado (tesouraria), ficou em R$ 74,630 bilhões no ano passado, ante R$ 69,084 bilhões em 2018. Considerando apenas o último trimestre de cada ano, houve avanço de 1,9%, passando de R$ 19,071 bilhões a R$ 19,439 bilhões.

A receita de serviços do banco também apresentou um salto em 2019, na comparação com 2018, indo de R$ 35,1 bilhões para R$ 37,3 bilhões — aumento de 6,4%. O desempenho reflete a alta de 7,2% nas emissões de cartões de crédito e débito, de 24,9% na administração de recursos e de 79,3% na assessoria econômica, financeira e de corretagem.

O Bradesco BBI avaliou os resultados como positivos e sob alguns aspectos até superiores às projeções para o Itaú, mas ressaltou que 2020 será um período de desafios para os bancos no Brasil e recomendou cautela. A recomendação para o papel ITUB4 permanece neutra, com um preço-alvo de R$ 38, alta de 11% frente o último fechamento. “O lucro líquido do Itaú chegou 1,6% acima da nossa estimativa e amplamente em linha com o consenso de R$ 7,28 bilhões. A qualidade do crédito permaneceu sob controle e a receita com as tarifas teve influência positiva do mercado de capitais, com forte desempenho na gestão de ativos e investimentos em banking (incluída a XP). Com relação ao guidance para 2020, destacamos a redução das despesas e a receita com as tarifas ( de 4,5% para 7,5%). Como lado negativo, vemos o aumento dos ativos de risco (de R$ 18,5 bilhões para R$ 22 bilhões)”, comenta o BBI. Segundo a análise, a posição mais cautelosa se deve a “uma visão de que os desafios são estruturais e não relacionados a eventos pontuais”.

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IRB (IRBR3)

As ações do IRB chegaram a subir 6% nesta terça após perder quase R$ 10 bilhões de valor de mercado desde o começo de fevereiro, em meio aos questionamentos da gestora Squadra sobre os números apresentados pela companhia.

Nesta sessão, o Citi reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 38,67 para as ações da companhia enquanto que, em teleconferência, Candido Bracher, CEO do Itaú Unibanco, afirmou que o banco está confortável com a forma como o IRB reporta seus resultados. Bracher apontou que o Itaú, que tem uma fatia de 11% no IRB, tem assento no Conselho de Administração e vê sua participação na empresa como de longo prazo.

O IRB Brasil caiu quase 24% desde que a gestora Squadra Investimentos disse que sua posição vendida nas ações IRBR3 se tornaram uma de suas maiores posições, citando descompasso entre lucro recorrente e lucro contábil.

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Leia mais:
Por que o IRB perdeu mais de R$ 10 bilhões em valor de mercado desde o início de fevereiro?

Em uma teleconferência na segunda-feira, a administração do IRB afirmou estar totalmente comprometida em fornecer resultados muito fortes em 2020 e que o nível de divulgação das demonstrações financeiras aumentará, diz Citi.

Banco do Brasil (BBAS3

O Banco do Brasil comunicou na noite de ontem que o Banco Votorantim, ou BV, protocolou ontem pedido de registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além disto, o Banco do Brasil informou que o BV planeja realizar uma distribuição primária e secundária de “units” no mercado, mas em data a ser definida no futuro. O Banco do Brasil é sócio minoritário no BV, com 49,9% do capital social do banco, enquanto a Votorantim Finanças tem 50,1% do capital e é majoritária.

Petrobras (PETR3;PETR4)

A produção da Petrobras no quarto trimestre de 2019 foi de 3,025 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), alta de 13,7% ante os 2,660 milhões de boed em igual período do ano anterior. Esta foi a primeira vez que a companhia superou 3 milhões de barris em um trimestre.

Já no acumulado do ano, a estatal teve produção de 2,770 milhões de boed, avanço de 5,4% sobre 2018. Com isso, a petroleira atingiu o limite superior da meta traçada para o ano, de 2,7 milhões de boed, com variação de 2,5% para cima ou para baixo.

De acordo com a empresa, o resultado se deu principalmente devido a melhora dos 8 novos sistemas que entraram em produção em 2018 e 2019 nos campos de Búzios, Lula, Berbigão e Sururu e Tartaruga Verde.

Já a produção de óleo do pré-sal cresceu 12,1% nos três últimos meses de 2019 ante mesmo período do ano anterior, ficando em 1,533 milhões de boed, com destaque, segundo a Petrobras, para os campos de Búzios e Lula.

Enquanto isso, no acumulado de 2019, a Petrobras teve produção de 1,277 milhões de barris no pré-sal, uma alta de 28,5% em relação ao ano anterior.

A produção do pós-sal em águas profundas e ultra profundas, porém, fechou o período entre outubro e dezembro em 680 mil boed, uma queda de 14,2% em um ano. Houve recuo também na produção em águas rasas, 14,5%, para 59 mil barris.

Em 2019, o pós-sal produziu 704 mil boed, enquanto águas rasas ficou em 66 mil boed, quedas de 13,7% e 26,7%, respectivamente.

“A performance operacional do ano reflete o melhor resultado no 2S19, impulsionado pelo ramp-up dos novos sistemas de produção, que mais do que compensou os desafios, enfrentados no 1S19”, disse a Petrobras em seu release.

A estatal ainda comunicou ao mercado que o Judiciário negou um pedido de ressarcimento feito por investidores da Sete Brasil, empresa em recuperação judicial. Com a sentença favorável, a petroleira informou que reverterá a soma de R$ 1,3 bilhão que havia provisionado para litígios com a Sete Brasil. A soma deverá ser integralizada aos resultados financeiros do quarto trimestre da estatal, ainda não publicados.

Vale (VALE3)

A Vale divulgou o relatório de produção do quarto trimestre de 2019, com uma queda de 9,7% na base de comparação trimestral na produção de minério de ferro, para 78,3 milhões de toneladas. Na base de comparação com o mesmo trimestre de 2018, a queda foi de 21,5%. No ano, a produção foi de 301,972 milhões de toneladas métricas, queda de 21,5% na comparação com 2018.

“A interrupção operacional que se seguiu à ruptura da barragem I, com interdições nas operações de Vargem Grande, Fábrica, Brucutu, Timbopeba e Alegria, juntamente com a sazonalidade climática mais forte do que o normal no primeiro semestre, causaram grandes impactos na produção, parcialmente compensados por: (a) ramp-up do S11D; (b) redução de estoques; (c) retomada gradual das operações de Vargem Grande, Brucutu e Alegria”, destacou a companhia em comunicado.

Já as vendas foram de 77,9 milhões de toneladas métricas, alta de 5,2% na base de comparação com o terceiro trimestre do ano passado e queda de 3,2% frente os últimos três meses de 2018.  As vendas para o ano tiveram queda de 12,8%, passando de 308,981 milhões de toneladas para 269,306 milhões.

O volume de vendas de finos de minério de ferro e pelotas, por sua vez, atingiu 312,5 milhões de toneladas em 2019, ficando em linha com o guidance anual de 307-312 milhões de toneladas.

A companhia ainda informou que, apesar dos impactos combinados na produção, o guidance de produção de finos de minério de ferro da Vale em 2020 permanece em 340-355 milhões de toneladas. “Os volumes de produção dependerão, principalmente, da concessão de autorizações externas para retomar a produção interrompida, enquanto a conquista do maior nível de produção continua possível, dependendo de várias vantagens que estão sendo exploradas”, avaliou.

Banrisul (BRSR6)

O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) publicou na manhã de hoje seu balanço de 2019 e informou um lucro líquido recorrente de R$ 1,27 bilhão no ano passado, um crescimento de 16,2% sobre 2018. Segundo o banco estatal gaúcho, o resultado no ano passado refletiu “o crescimento das receitas de tarifas bancárias, a relativa estabilidade das despesas administrativas ajustadas e a redução da margem financeira”. O Banrisul informou que destinou R$ 536,6 milhões para o pagamento de dividendos e reteve R$ 610,8 milhões.

O Banrisul comunicou que no ano passado seus ativos cresceram 5,3% para R$ 81,5 bilhões em dezembro. Segundo o banco, houve crescimento nos depósitos e nos títulos de letras. As operações de crédito representaram 44,4% dos ativos; as aplicações interfinanceiras de liquidez, 31,8%; e as relações interfinanceiras, 18,5%. Outros 5,3% são ativos não detalhados. A carteira de crédito totalizou R$ 36,1 bilhões em dezembro de 2019, uma expansão de 6,2% em doze meses.

São Martinho (SMTO3)

O Grupo São Martinho teve um lucro líquido de R$ 342,9 milhões no terceiro trimestre do ano-safra de 2019-2020 (correspondente ao quarto trimestre de 2019), informou a empresa do setor canavieiro em balanço publicado na noite de ontem. O lucro cresceu 420,1% sobre o terceiro trimestre do ano safra anterior de 2018-2019. A receita líquida avançou 22,2% para R$ 1,02 bilhão no terceiro trimestre. Nos nove meses do ano-safra 2019-2020, a expansão foi menor, de 13,2% para R$ 2,5 bilhões. O EBITDA foi de R$ 541,4 milhões no terceiro trimestre 2019-20, expansão de 29,7% sobre igual período de 2018-19.

Segundo o Grupo, houve aumento de 17% no volume de vendas do etanol; de 11,8% no volume do açúcar; e de 13,9% na energia no trimestre. A relação dívida líquida sobre EBITDA caiu de 1,8x no terceiro trimestre do ano-safra 2018-19 para 1,65x no terceiro trimestre do ano-safra 2019-2020. A empresa fechou o terceiro trimestre com dívida líquida de R$ 2,9 bilhões, 5% menor que os R$ 3,1 bilhões de igual trimestre do ano-safra anterior.

Segundo o Itaú BBA e o Bradesco BBI, os resultados foram positivos. O Itaú BBA avalia que o Ebitda do grupo teve um forte crescimento, 20% superior às projeções, mas lembra que boa parte do lucro líquido de R$ 342 milhões no terceiro trimestre do ano-safra 2019-2020 (correspondente ao quarto trimestre de 2019) ocorreu por ganhos não recorrentes de R$ 230 milhões vindos do pagamento de precatórios da Copersucar. Já o Bradesco BBI comenta que os resultados do São Martinho no trimestre chegaram mais fortes que em igual período do ano anterior, lembrando ainda que o grupo ainda deve receber mais R$ 1,7 bilhão em precatórios referentes à Copersucar até 2025, mas alerta que é imprevisível fixar quando o governo pagará os títulos.

Ânima (ANIM3

A Ânima Educação informou ontem que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou sem restrições a aquisição da Unicuritiba. A Ânima anunciou a aquisição da Unicuritiba em dezembro do ano passado por R$ 130 milhões. A Unicuritiba conta atualmente com 5,2 mil alunos e oferece 13 cursos de graduação na capital paranaense.

Gerdau (GGBR4)

A Gerdau anunciou a interrupção das atividades na fábrica de Jackson (Michigan). A planta de aços especiais tem capacidade de 275 mil toneladas ao ano e a empresa tomou a decisão visando a otimização de custos. “Por se tratar de uma planta relativamente pequena (cerca de 2% da produção consolidada da companhia), vemos impacto marginalmente positivo para as ações”, aponta Yuri Pereira, analista da XP, que possui recomendação de de compra para o papel.

Carrefour (CRFB3

O Carrefour Brasil confirmou na noite de ontem que está em negociações para comprar a operação do atacadista Makro no País. O grupo de comércio ressaltou, contudo, que a possível transação não contempla a aquisição “da subsidiária do Makro, nem a totalidade das operações do Makro no Brasil”. O Carrefour já atua no atacado com o Atacadão, uma operação que mistura atacado com varejo (apelidada de “atacarejo”) que comprou em 2005. Já o Makro, empresa holandesa, está no Brasil desde 1972 e não atua no conceito “atacarejo”. O Carrefour Brasil negou na nota ter a assessoria do Banco Rothschild nas negociações.

Gol (GOLL4)

A Gol anunciou ter fechado contratos de venda e arrendamento de 11 Boeing 737 NG com a Carlyle Aviation. “Isso acelerará ainda mais a renovação da frota da GOL e a desalavancagem do balanço. A Gol pretende substituir esses NGs por aeronaves Boeing 737 MAX-8 durante os próximos anos”, destaca a aérea em comunicado.

Segundo o Bradesco BBI, a companhia aérea confirmou “mais uma vez sua capacidade de gerar valor por meio de transações de aeronaves”, pois o contrato com a Carlyle pode gerar R$ 45 milhões por cada B737 NG, enquanto a introdução da nova geração de aeronaves em sua frota geraria R$ 24 milhões por B737 MAX.

A recomendação dos analista é outperform, com preço-alvo para o fim deste ano de R$ 63,00.

Daycoval 

O Banco Daycoval pediu registro de IPO à CVM. Além do pedido pedido de registro da oferta primária e secundária de ações PN, o banco pediu à B3 para ser listado no segmento de negociação Nível 2, disse a Daycoval em comunicado.

Na ata da AGE na qual os acionistas aprovaram as decisões, a Daycoval diz que decisão sobre o montante de ações a ser ofertado depende de decisão do conselho de administração. Os coordenadores são o Itaú BBA, BTG Pactual, Santander e BofA.

Priner

A faixa de preço da ação da Priner (PRNR3) para IPO será entre R$ 10 e R$ 13. A oferta contará com participação de determinadas instituições consorciadas que estão autorizadas a operar no mercado de capitais brasileiro, destaca a empresa em comunicado.

A quantidade de ações da oferta base poderá ser acrescida em até 20%, ou seja, em 3.478.261 ações, a critério do acionista vendedor.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.