Ações da Eletrobras fecham em alta de 4% com expectativa por privatização; BRF sobe 4,5%, Vale e siderúrgicas caem com minério

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (19)

Lara Rizério

Linhas de transmissão de energia (Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após uma forte queda na véspera em meio às notícias de restrições de exportação de carne pela Argentina, o que poderia afetar frigoríficos brasileiros que operam no país – e com destaque para a Marfrig (MRFG3, R$ 19,00, 4,00%) e Minerva (BEEF3, R$ 9,46, -0,32%) – as ações do setor registraram alta em boa parte na sessão desta quarta-feira (19), ainda que com ganhos relativamente tímidos para alguns papéis ou até mesmo perdendo força e fechando em leve queda, como foi o caso de BEEF3.

Se, por um lado, pode haver esse impacto negativo, por outro, a suspensão das exportações de carnes recém-anunciada pela Argentina deve deslocar parte da demanda externa para o Brasil, seu concorrente direto, abrindo espaço para que as cotações do boi, que já operam em patamar elevado, alcancem novas máximas no mercado brasileiro, conforme analistas ouvidos pela Reuters. O governo argentino disse na segunda-feira que o bloqueio de vendas por 30 dias é uma medida emergencial devido ao sustentado aumento no preço da carne bovina no mercado local.

Contudo, o destaque ficou para a alta da BRF (BRFS3, R$ 22,02, +4,56%) entre as companhias do setor, com ganhos de cerca de 2%, acelerando a recuperação no mês após queda de 17,6% em abril. No radar da companhia, os preços do milho em Chicago recuavam, assim como a soja caiu a uma mínima em quase 2 semanas, aliviando os preços dos insumos para a companhia. No mês, a alta é de 5,92%.

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Também com alta, estão as ações da Eletrobras (ELET3, R$ 42,50, +4,17%; ELET6, R$ 42,41, +3,62%), em meio à repercussão positiva sobre mudanças no texto do relator da Medida Provisória que abre espaço para a privatização da elétrica, bem como expectativa de votação do texto na Câmara dos Deputados.

Na reta final do pregão, a Câmara rejeitou, por 310 a 82, pedido de retirada de pauta da Medida Provisória que trata da capitalização da companhia. Conforme aponta a XP Política, o placar demonstra apoio do plenário à proposta e dá perspectiva positiva para a aprovação do relatório de Elmar Nascimento (DEM-BA), ainda que temas pontuais, como o das térmicas a gás, venham a ser discutidos em destaques.

Posteriormente, Nascimento leu o seu voto, favorável à aprovação da medida provisória da capitalização da Eletrobras nos termos de seu parecer. Ele distribuiu nova versão do substitutivo aos líderes, com – segundo ele – pequenas mudanças em relação ao texto protocolado e disse estar aberto a discussões de emendas apresentadas.

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Cabe destacar que a ação de outra estatal de energia, a Cemig (CMIG4, R$ 13,27, 5,07%), subiu forte na esteira do avanço na desestatização da Eletrobras. No final do mês, Romeu Zema, governador de Minas Gerais, disse que mantém a meta de privatizar a elétrica estadual  até o final de sua administração, mas sinalizou que a operação não deve envolver a venda da companhia como um todo, mas sua transformação em uma corporação privada (veja mais clicando aqui).

As ações da São Martinho (SMTO3, R$ 33,03, +3,70%) avançaram 3,7% após terem a recomendação elevada pelo Bradesco BBI e pelo Itaú BBA para equivalente à compra.

Já entre as maiores baixas, estão os papéis de Vale (VALE3, R$ 112,25, -2,05%) e da siderúrgicas como CSN (CSNA3, R$ 47,25, -3,98%), Usiminas (USIM5, R$ 20,54, -1,15%) e Gerdau (GGBR4, R$ 35,47, -1,09%) após as altas recentes na semana e seguindo a volatilidade do mercado de commodities. No radar das commodities, os futuros do vergalhão de aço recuaram mais de 5% na China nesta quarta-feira, enquanto o minério de ferro também caiu, com o alívio em preocupações quando a cortes de produção siderúrgica e com expectativa de desaceleração de atividades de construção em meio à proximidade da chegada da estação de chuvas.

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 25,49, -0,43%; PETR4, R$ 26,16, -0,72%) registraram leve queda, ainda que a sessão tenha sido baixa expressiva para o petróleo, com o contrato do brent fechado em julho em queda de 2,98%, a US$ 66,66, enquanto o WTI de junho caiu 3,25%, a US$ 63,36. A commodity atingiu o menor nível em três semanas por temores de que o aumento no número de casos de Covid-19 na Ásia afete a demanda pela commodity e de que preocupações com a inflação nos Estados Unidos levem o Federal Reserve a retardar o crescimento econômico, elevando as taxas de juros.

Operadores também citaram rumores de que as negociações nucleares com o Irã estariam progredindo, o que poderia resultar em um aumento da oferta global de petróleo e deprimir os preços.

Fora do índice, a MMX (MMXM3, R$ 14, -30,35%) caiu cerca de 30%. A companhia confirmou, em comunicado ao mercado que a 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu decretar a falência da companhia e da MMX Corumbá Mineração, controladas por Eike Batista.

Confira mais destaques:

Rede D’Or (RDOR3, R$ 72,08, +0,25%)

A Rede Dor São Luiz informou detalhes da oferta de ações que pode levantar R$ 4,5 bilhões, considerando o valor dos papéis da empresa no fechamento de ontem, de R$ 71,90 e, considerando as ações adicionais, a operação pode chegar a R$ 6,751 bilhões. A empresa fará uma oferta pública de distribuição primária e secundária restrita de, inicialmente, 62.600.000 ações ordinárias, podendo ser acrescida de até 50%.

A operação engloba a distribuição primária de 25.040.000 ações ordinárias a serem emitidas pela companhia e a distribuição secundária de, inicialmente, 37.560.000 ações ordinárias de titularidade de fundos da gestora Carlyle e o Delta FM&B Fundo de Investimento em Ações, que são acionistas da empresa.

A Rede D’Or irá precificar o follow on no dia 26 de maio.

Vale (VALE3, R$ 112,25, -2,05%) e minério de ferro 

A mineradora Vale  divulgou nesta quarta-feira o relatório final de um comitê independente de assessoramento extraordinário sobre segurança de barragens anunciado em fevereiro de 2019, na sequência do desastre de Brumadinho, e disse que tem adotado recomendações feitas pelo grupo.

O comitê, constituído pelo conselho da companhia e coordenado por especialistas do setor, encerrou atividades em maio com 380 recomendações, depois de visitas e análises técnicas sobre as principais instalações de disposição de rejeitos da empresa no Brasil.

“Das 380 recomendações do CIAE-SB, 265 já foram adotadas pela Vale”, afirmou a companhia em comunicado ao mercado.

A mineradora acrescentou que o comitê será descontinuado e seus membros passarão a fazer parte de seus conselhos independentes (Independent Tailings Review Board-ITRB), atuando como “revisores externos” no sistema de gestão de riscos da companhia.

No radar das commodities, os futuros do vergalhão de aço recuaram mais de 5% na China nesta quarta-feira, enquanto o minério de ferro também caiu, com o alívio em preocupações quando a cortes de produção siderúrgica e com expectativa de desaceleração de atividades de construção em meio à proximidade da chegada da estação de chuvas.

O contrato mais negociado do vergalhão de aço usado em construções SRBcv1, para entrega em outubro, encerrou em baixa de 5,6% na bolsa de futuros de Xangai, a 5.309 iuanes por tonelada, o menor fechamento desde 30 de abril.

Já os preços do minério de ferro na bolsa de Dalian também encerraram com retração. O contrato de referência DCIOcv1, para setembro, caiu 3,3%, para 1.193 iuanes por tonelada. “Uma vez que não há uma política adicional de restrições de produção (de aço), as negociações mudaram da expectativa para a realidade”, disse a GF Futures em nota.

CSN (CSNA3, R$ 47,25, -3,98%)

O banco Morgan Stanley avaliou que as atuais condições de mercado dão suporte à implementação da alta de 15% nos preços do mercado de aço, anunciada para junho e julho. Atualmente, os preços domésticos continuam baixos em relação ao produto importado, a demanda está forte e os estoques estão baixos. O banco diz que, caso o mercado de aço leve à frente a alta dos preços, a CSN deverá ser a mais beneficiada.

MMX (MMXM3, R$ 14, -30,35%)

A MMX Mineração confirmou, em comunicado ao mercado que a 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu decretar a falência da companhia e da MMX Corumbá Mineração, controladas por Eike Batista.

Os desembargadores reverteram uma liminar, de 28 de agosto de 2019, que suspendeu o processo de falência. A ordem havia sido dada pela 4ª Vara Empresarial do Rio.

Segundo a MMX, a decisão da 6ª Câmara, cujo inteiro teor ainda não foi disponibilizado, está sujeita a recurso que a companhia pretende interpor tão logo possível, após ser intimada oficialmente sobre a decisão.

“A companhia informa que a decisão da 6ª Câmara pode ter implicações relevantes no Term Sheet celebrado com a China Development Integration Limited (CDIL) em 25 de março de 2021, aditado em 18 de maio de 2021”, aponta a empresa.

De acordo com a MMX, a declaração de falência constitui hipótese de rescisão do Term Sheet, valendo ainda destacar que a reversão da decisão da 4ª Vara Empresarial de decretação de falência constitui condição precedente para a realização do investimento pela CDIL na Companhia e suas controladas.

“A companhia manterá os acionistas e o mercado devidamente informados, nos termos da regulamentação da CVM”, destaca o documento.

No começo de maio, a Justiça de Minas havia decretado a falência da empresa da MMX Sudeste Mineração, um dos braços da mineradora.

Antes de terem a negociação interrompida à espera do fato relevante, as ações MMXM3 caíam 27,01%, a R$ 14,67, na B3. Os papéis pararam de negociar às 16h02 e só voltaram a operar nos instantes finais do pregão, a partir das 16h50, fechando em queda de 30,35%, a R$ 14. A partir de 20 de maio, ficam suspensos os negócios com os valores mobiliários de emissão dessa empresa, em virtude da falência.

Eletrobras (ELET3, R$ 42,50, +4,17%; ELET6, R$ 42,41, +3,62%)

O relator da medida provisória de privatização da Eletrobras na Câmara, deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), disse que suas propostas de mudança ao texto, apresentadas nesta terça-feira, foram definidas “99% em comum acordo” com o governo do presidente Jair Bolsonaro, após longas negociações.

O relatório do parlamentar define que a desestatização estaria sujeita à contratação prévia pelo governo de novas usinas termelétricas, o que não estava previsto expressamente em uma versão preliminar divulgada anteriormente. Nascimento garantiu que essa medida teve aval do governo e que a viabilização das novas usinas deve ocorrer por meio de uma licitação já prevista para o segundo semestre.

O modelo de privatização prevê a emissão de novas ações a serem vendidas no mercado sem a participação da empresa, resultando na perda do controle acionário de voto mantido atualmente pela União.

Saiba mais: analistas veem mudanças positivas em texto de relator, mas destacam pontos de atenção

O Itaú BBA afirma que tem uma visão positiva do relatório sobre a privatização da Eletrobras, apresentado pelo deputado Elmar Nascimento. O banco espera que a MP seja votada nesta quarta, e ressalta que depois deve ser ainda aprovada pelo Senado antes que expire, em 22 de junho. O Itaú mantém avaliação outperform e preço-alvo de R$ 53 para a ação ELET3, frente aos R$ 40,8 negociados na terça.

O Credit Suisse avalia que as mudanças na medida provisória trazem pontos positivos para a empresa, mas alguns negativos para o setor. O banco avalia que a versão final exclui itens controversos, que poderiam arriscar a privatização e limitar os ganhos. Isso é positivo porque aumenta a chance de aprovação, avalia o Credit. O banco mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 45 para os papéis ELET6, frente o fechamento na terça de R$ 40,93.

A sessão de votação da MP começou marcada por debates, com a oposição mobilizada no início da sessão para tenta retirar o item da pauta. Contudo, por 310 a 82, os deputados rejeitaram o requerimento de retirada do tema e mantiveram a MP da Eletrobras na pauta da Câmara.

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) acusou o relator, Elmar Nascimento (DEM-BA), de ter elaborado um relatório que favorece o empresário Carlos Suarez, sócio de empresas que atuam na área de gás e também possui projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).

Os chamados “jabutis” – emendas que mudam o teor da proposta – incluídos pelo relator já foram apresentados em diversos projetos e MPs que já tramitaram nos últimos anos, incluindo o novo marco de gás, mas sempre foram rejeitadas.

Entre as obrigações que o governo terá de cumprir para privatizar a estatal, está a contratação de 6 mil megawatts de termelétricas em diversas regiões do País e de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), além de prorrogar os contratos de energia de eólicas contratadas no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). As três obrigações têm como consequência o aumento do custo da energia para o consumidor final.

Ultrapar (UGPA3, R$ 20,33, +0,84%), Pague Menos (PGMN3, R$ 11,75, -0,17%), RD (RADL3, R$ 26,72, +0,11%)

A Ultrapar confirmou na terça-feira que assinou contrato para venda de sua unidade de farmácias Extrafarma para a Pague Menos, em uma operação avaliada em R$ 700 milhões.

O negócio deve tornar a Pague Menos na segunda maior varejista de drogarias do Brasil, atrás apenas da RD, dona das bandeiras Drogasil e Droga Raia. Atualmente, a Pague Menos é a terceira maior cadeia de farmácias.

Saiba mais: Ultrapar assina venda da Extrafarma para Pague Menos por valor total de R$ 700 mi; para qual delas o negócio é melhor?

O Credit Suisse avalia que há um desafio para melhorar os resultados das operações da Extrafarma, mas enxerga o negócio como positivo, devido ao valor atrativo da empresa. O banco mantém visão positiva sobre a Pague Menos, já que opera em um mercado mais resiliente, cujos resultados superaram outras empresas do varejo. Apesar de o futuro do mercado ser incerto, a empresa está em posição de capturar uma boa melhora do Ebitda. O Credit mantém avaliação outperform e preço-alvo de R$ 13,5, frente aos R$ 11,77 de fechamento na terça.

O Itaú BBA classificou o anúncio como positivo para a Pague Menos, destacando ainda a habilidade da empresa de reduzir seu endividamento, seu histórico de recuperação de resultados de empresas após esse tipo de negócio. O Itaú mantém recomendação outperform e preço-alvo para 2021 de R$ 13.

São Martinho (SMTO3, R$ 33,03, +3,70%)

O Itaú BBA e o Bradesco BBI elevaram a recomendação para as ações da São Martinho para equivalente à compra, tendo preços-alvos respectivos de R$ 42 (upside de 32%) e de R$ 41 (upside de 29%) para os ativos SMTO3.

O Bradesco BBI afirma que sua equipe está desenvolvendo uma visão mais positiva sobre a Petrobras e suas mensagens positivas sobre a política de preços da gasolina, o que tem impacto sobre a companhia produtora de açúcar e etanol.
O banco elevou o preço-alvo para 2021 de R$ 38 para R$ 41, incorporando novas estimativas para preços de combustíveis, que resultou em uma alta média de 14% em sua previsão para o preço do etanol para os períodos de 2021 e 2022 e de 2022 e 2023. Também resultou em uma alta de 7% na média de suas previsões para preço de açúcar.

O BBA aponta que o impulso positivo para os preços do açúcar pode estar apenas começando. Em meio ao aperto global de oferta e demanda, a assimetria de preços parece enviesada para cima. “Apesar das incertezas que cercam a safra 2021/22 – em função dos fatores climáticos desfavoráveis – o potencial déficit provavelmente será compensado por preços mais altos em meio ao cenário global apertado para o setor”, avaliam os analistas.

BTG Pactual (BPAC11, R$ 115,66, +1,10%) e Banco Pan (BPAN4, R$ 19,07, -0,94%)

O BTG Pactual  concluiu a aquisição da totalidade das ações do Banco Pan em poder da Caixa Participações, subsidiária da Caixa Econômica Federal, de acordo com fato relevante do banco de investimentos nesta quarta-feira.

As ações da CaixaPar adquiridas pelo Banco Sistema, subsidiária do BTG, são representativas de 49,2% do capital social votante do Banco Pan, equivalente a 26,8% do capital social total do Banco Pan. O BTG também comunicou que foi concluída a aquisição pelo Banco Sistema de 1% das ações do Banco Pan e de titularidade do BTG, equivalente a 0,55% do capital social.

Petrobras (PETR3, R$ 25,49, -0,43%; PETR4, R$ 26,16, -0,72%)

A Petrobras comunicou a posse na véspera de seu novo diretor-executivo de governança e conformidade, Salvador Dahan, que substitui Marcelo Zenknerà, que ocupava a função desde setembro de 2019.

Movida (MOVI3, R$ 16,58, -4,27%)

A Movida estima uma frota potencial de 260 mil a 340 mil carros e lucro líquido de R$ 1,3 bilhão a R$ 1,6 bilhão em 2025, de acordo com fato relevante nesta quarta-feira. No primeiro trimestre de 2021, a companhia reportou lucro líquido de R$ 109,5 milhões, com uma frota de 122.608 carros.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.