A Bolsa está cara ou barata? A psicologia é mais importante que a técnica para operar? Confira a opinião de analistas

Em painéis na Expert 2020, especialistas comentam quais são suas estratégias e projeções para o mercado

Ricardo Bomfim

Gráfico de candlestick (Crédito: Divulgação)

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SÃO PAULO – A Bolsa está cara ou barata? Qual é o melhor momento para investir e qual é a melhor estratégia para se abordar o investimento em ações? Essas são as perguntas mais frequentes entre os investidores e a Expert 2020 trouxe alguns dos melhores analistas técnicos do mercado para tratar do tema no Gaincast.

Já o painel “Mercado em tempo real: um bate papo com os melhores analistas”, a analista Bea Aguillar, da Clear Corretora, trouxe a abordagem fundamentalista a essas questões.

Segundo Bea Aguillar, para saber se a Bolsa está cara ou não é preciso olhar para os múltiplos das ações das empresas. O mais utilizado é o famoso P/L, resultado da divisão do valor de mercado de uma companhia pelo lucro que essa empresa gera em um determinado período.

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Atualmente, a analista explica que a Bolsa opera com um P/L médio de 14 vezes, dentro da média histórica dos últimos 10 anos, que foi de 13 a 14 vezes. “No início do ano [esse múltiplo] estava acima de 16/17 vezes. Isso significa que ainda temos espaço para crescer”, afirma.

Contudo, a especialista lembra que o investidor que escolhe a análise fundamentalista como estratégia para balizar seus investimentos deve ficar de olho nos rumos da política também. Afinal, a política econômica do governo tem impacto direto sobre o ambiente de negócios e sobre a capacidade das empresas de gerarem resultados.

Nesse ponto, a analista também vê avanços, pois o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar em reformas como a tributária, que tem como objetivo enfrentar alguns dos maiores empecilhos ao empreendedor no Brasil, a complexidade tributária e a alta carga de impostos.

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Bea prevê que o Ibovespa termine o ano entre 100 mil e 105 mil pontos, uma vez que boa parte dos eventos econômicos já está precificada e já é amplamente esperado um forte impacto negativo do coronavírus nos resultados das empresas relativos ao segundo trimestre deste ano.

“No terceiro trimestre é quando vamos ver se as empresas e a economia vão demonstrar alguma recuperação, isso vai depender de vários fatores”, avalia.

Para ela, se o Brasil mantiver a taxa de juros nos patamares atuais de mínima histórica em torno de 2% ao ano, mais pessoas podem entrar na bolsa buscando rentabilidades maiores e consequentemente isso se refletirá em uma valorização nos preços das ações.

Oliver Velez, Giba Coelho e a abordagem técnica

Saber as melhores estratégias de análise técnica é apenas 15% do necessário para um trader operar com sucesso. Os outros 85% dependem da preparação psicológica do investidor, que deve deixar emoções de lado e acreditar completamente no seu método.

A opinião é de Oliver Velez, um dos traders mais influentes do mundo e que participou do Gaincast com os analistas André Moraes e Roberto Indech, da Rico Investimentos, na Expert 2020.

Investidor desde 1982, Velez se tornou um trader profissional em 1987 em Wall Street e chegou a lucrar 145% em um mês operando por apenas 20 minutos por dia.

Especialista em análise técnica, ele ressaltou no painel que um dos erros mais comuns do investidor é entrar em uma ação quando há pouco potencial de upside (valorização) e o ativo já se afastou demais de sua média móvel de 20 dias.

“Todos os ativos financeiros podem ficar longe da média móvel em algum momento, mas não podem continuar lá. Subir demais além da média móvel significa que o ativo traz upside limitado e deve cair de volta para a média em breve”, explica.

Para Velez, um bom sinal de entrada é quando um candle verde ou azul (que indicam alta em gráficos de candlestick) supera um candle vermelho (que indica queda) em cima da média móvel de 20 dias. Na opinião dele, isso vale para Wall Street, para o mercado financeiro colombiano, país em que ele mora hoje, e também para a B3.

“Minhas estratégias são universais em todos os mercados financeiros. Mercados são movidos por medo e ganância. Medo gera queda nos preços e ganância leva a aumento nos preços. Não há nenhum mercado que não seja dominado por essas duas emoções”, argumenta o trader.

Sendo assim, a melhor maneira de dominar o mercado é saber identificar os momentos em que o medo toma conta e a ganância sai do jogo e vice-versa.

Velez diz que boa parte do medo que os investidores possuem se deve a uma crença enraizada na sociedade de que o mercado financeiro é uma instituição complexa. Ele entende que quem traz essa complexidade são os próprios investidores, que deixam os sentimentos e as emoções entrarem em jogo na hora de operar.

“Se eu colocar como regra que não vou perder mais de US$ 50, não há motivo para ter medo. Se você investiu US$ 100 e caiu para US$ 50, você zera a operação sem pensar duas vezes. Se os US$ 100 se valorizaram e atingiram US$ 150, você zera se cair para US$ 100. Suas perdas, assim, estão limitadas sem que você precise temer perder mais do que isso”, aponta.

Na avaliação do trader, se o investidor não fugir de sua estratégia, será o método que vai operar e não ele, de modo que as chances de sucesso aumentam consideravelmente.

Velez disse ainda que os melhores momentos para realizar uma operação são os primeiros 90 minutos e os últimos 90 minutos do pregão. Isso porque, no meio da sessão, a liquidez cai por conta do horário do almoço e o movimento das bolsas se torna menos previsível.

Já Gilberto Coelho, analista da XP, que participou do primeiro painel com Bea Aguillar e Roberto Indech, destaca que a análise técnica funciona melhor no curto e no médio prazo e fez suas projeções para o Ibovespa.

“O que os gráficos mostram hoje é que daqui a dois ou três meses o Ibovespa deve estar entre os 104 mil pontos e 105 mil pontos. Para o fim do ano, é esperado um rali até 110 mil pontos ou 112 mil pontos, com base na projeção de Fibonacci.”

Para Giba, as ações que estão em um bom momento são Magazine Luiza (MGLU3), que já superaram o alvo de R$ 80 para o qual apontavam os gráficos que os papéis iriam chegar no fim do ano. “Não tem como não ter MGLU3 na carteira”, defende.

O analista afirmou que também gosta das empresas do setor aéreo Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), além da fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3), que já caíram muito no ano por conta dos impactos da pandemia de Covid-19.

Outros ativos citados como boas oportunidades foram a Sanepar (SAPR11), no setor de saneamento, por ter projeções interessantes por impulso no gráfico, a Cogna (COGN3), por surfar uma tendência de alta há alguns meses e a Vale (VALE3), que vem batendo recorde atrás de recorde nos preços de suas ações ordinárias.

Duração dos ciclos

Por fim, ao comentar o impacto dos estímulos monetários promovidos pelos bancos centrais nos mercados, Velez explica que o mais sensível é o aumento na duração dos ciclos.

“O bull market [momento de alta constante da Bolsa em um período] médio ao longo da história dura quatro anos e meio e o bear market [momento de queda da Bolsa] dura um ano e meio. Nós saímos de um bull market de mais de dez anos nos EUA, por isso a queda no começo de 2020 foi tão fora da norma”, comenta.

Velez não acha, contudo, que os bancos centrais ou os estímulos fiscais promovidos por governos tenham o condão de mudar o ciclo de negócios. “Momentos de alta e de baixa sempre vão existir, só o que as autoridades podem fazer é alterar a duração desses ciclos.”

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.