100 mil, 130 mil e 145 mil pontos: os três cenários para o Ibovespa do Morgan Stanley em doze meses

Cenário-base do banco para o índice brasileiro é de 130 mil; apesar de ainda ver potencial de valorização, estrategistas estão neutros com as ações do país

Lara Rizério

(Getty Images)

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Divergindo do otimismo recente de diversas casas com as ações brasileiras, o Morgan Stanley segue neutro com o país (assim como para o Peru) em seu portfólio para a América Latina, mantendo preferência (com overweight, ou exposição acima da média) para México e Chile e underweight (exposição abaixo da média) em Colômbia.

Os estrategistas do banco acreditam que haverá um ciclo de flexibilização monetária no Brasil, com queda da Selic pelo Banco Central a partir do segundo semestre, guiado pelo arcabouço fiscal, já aprovado na Câmara e que está agora no Senado para discussão.

No entanto, eles avaliam que haverá pressões para gastos adicionais pela atual administração, o que deve aumentar a probabilidade de uma maior carga tributária sobre empresas e/ou crescimento econômico mais lento.

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Apesar de seguir neutro com Brasil, o Morgan traçou três cenários para o Ibovespa para os próximos doze meses: o base, o bull (otimista) e o bear (pessimista), que vão de 100 mil a 145 mil pontos, além de destacar as suas ações preferidas para o atual cenário.

Em seu portfólio para o Brasil, o banco aponta ter elevado exposição em abril a teses de empresas de alta qualidade sensíveis a juros, que devem se beneficiar de uma possível flexibilização monetária no país. “Globalmente, olhando para setores, a nossa preferência é para ações de transporte, mineração e bancos”, afirma. Já para o Brasil, as ações preferidas são Bradesco (BBDC4), Localiza (RENT3), Suzano (SUZB3) e WEG (WEGE3).

Confira os cenários para o Ibovespa para junho de 2024, de acordo com o Morgan Stanley:

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1. Cenário base: 130 mil pontos – potencial de valorização (upside) de 11% em relação ao fechamento de segunda-feira

Neste ambiente, a aprovação da proposta de arcabouço fiscal pelo Senado permite o início de um ciclo de flexibilização monetária em direção ao “nível alto” de um dígito. Os lucros caem 17% em 2023, sobem 10% em 2024 e avançam 15% em 2025 em dólares. O múltiplo de lucro por ação do índice é de 8,5 vezes.

2. Cenário otimista: 145 mil pontos – upside de 24%

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A aprovação da proposta de arcabouço fiscal pelo Senado, juntamente com gastos fiscais limitados, permitem o início de um ciclo maior de afrouxamento monetário. Os lucros caem 16% em 2023, mas sobem 12% em 2024 e e têm alta de 16% em 2025 em dólares. O múltiplo de lucro por ação do índice seria de 9,1 vezes.

3. Cenário pessimista: 100 mil pontos – queda de 15%

Neste cenário, haveria deterioração fiscal significativa em meio a uma recessão global. Taxas de juros mais altas levam ônus ao consumidor local. O lucro cairia 21% em 2023, avançaria 4% em 2024 e subiria 6% em 2025 em dólares. O múltiplo de lucro por ação seria de 7,5 vezes.

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Os estrategistas do banco destacam que, para a América Latina como um todo, há três teses de investimento bastante importantes: i) corte de juros, ii) estímulos da China e iii) valuations baratos.

Ao apontar suas preferências para a América Latina, o Morgan afirma ter visão construtiva para o México pelo vínculo do país com os EUA e as tendências de nearshoring (realocação de fábricas de outros mercados para fugir da dependência de países como China e Índia) e transição online, que devem se beneficiar da melhor atividade econômica nos EUA em 2024. Enquanto isso, no Chile, há uma perspectiva construtiva com base no início de um novo ciclo econômico devido a taxas de juros mais baixas e uma abordagem mais moderada da agenda de reformas.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.