Prompts: entenda o que são, como funcionam e exemplos

A analogia é antiga, mas continua sendo a melhor forma de explicar como criar prompts: pense no gênio da lâmpada, que oferece um universo de oportunidades, mas o que você recebe depende totalmente da sua capacidade de fazer os pedidos certos.

Com a inteligência artificial (IA), não é diferente. Um prompt bem escrito pode gerar respostas úteis, abrir caminhos criativos, organizar tarefas, ajudar nos estudos e no trabalho, e assim por diante. Já um comando mal formulado tende a resultar em respostas genéricas, falhas ou distantes do objetivo do usuário.

Em outras palavras, o potencial da IA não está apenas no que ela sabe, mas em como você conversa com ela. Assim como na história do gênio, o segredo para lidar com a tecnologia está em dizer exatamente o que você precisa.

Neste guia, vamos explorar os principais aspectos sobre os prompts: o que são, importância, tipos mais utilizados, exemplos e erros comuns que se deve evitar. A ideia é que, ao final da leitura, você saiba como transformar os seus pedidos à inteligência artificial em respostas mais eficazes.

O que é um prompt de IA?

Um prompt nada mais é do que a instrução que se dá a um modelo de linguagem ou outra IA generativa.

Pode ser um comando bem simples que você dá ao ChatGPT – como “explique em uma frase o que é um átomo” – ou mais elaborado, como “explique a diferença entre ácidos e bases para alunos do ensino médio como se você fosse um professor de química, usando exemplos do dia a dia e limitando a resposta a 400 palavras”.

Pensar em um prompt é como conversar com alguém quando precisamos de auxílio em algum assunto. Se explicamos de qualquer jeito, as chances de que a pessoa nos interprete mal são grandes; mas se definimos um contexto e elaboramos perguntas claras e completas, fica bem mais fácil para o outro lado entender e nos ajudar.

Tipos de prompts

Nem toda situação pede o mesmo tipo de prompt. Existem várias formas de estruturar pedidos, e, dependendo do contexto, o melhor resultado pode vir de uma combinação entre elas.

O primeiro passo é definir objetivamente o que se quer da IA – resumo, lista, explicação detalhada sobre algum tema, extensão do conteúdo, entre outras especificidades. E a classificação dos comandos não é rígida, pois alguns autores listam mais categorias, outros menos, e outros avaliam sob critérios diferentes. 

Aqui, reunimos seis tipos de prompts práticos e amplamente utilizados, que ajudam a entender as várias formas de conversar com a inteligência artificial.

Zero-shot prompting

O zero-shot  é o tipo de prompt mais direto: o usuário simplesmente faz a pergunta sem dar nenhuma pista de como gostaria que fosse a resposta.

Esse formato funciona bem para tarefas simples, como definições curtas, resumo ou tradução de textos. Mas determinados assuntos pedem mais informações para que a IA possa ser assertiva, como linguagem, público-alvo, extensão do texto, entre outros.

Por exemplo, um pedido como “explique o que é a taxa Selic para leitores leigos em até 150 palavras” é bem mais eficiente do que simplesmente dizer “explique o que são juros”.

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One-shot / Few-shot prompting

Nesse tipo de prompt, é preciso mostrar um ou mais exemplos (curtos e de qualidade) para que a IA entenda como deve executar a tarefa. Aqui, é importante que o formato e o estilo da resposta chamem atenção, como no caso de títulos de artigos e legendas de redes sociais.

Exemplo: “Título direto e objetivo: Como viajar pelo Brasil gastando pouco”. Agora crie três títulos no mesmo estilo para um guia sobre como viajar com pouco dinheiro, com até 65 caracteres cada”.

Chain-of-thought prompting

Quando a tarefa é mais complexa, o modelo chain-of-thought (ou raciocínio passo a passo) pode ser o ideal.

Nesse caso, o usuário pede que a IA explique o raciocínio antes de dar a resposta final, o que ajuda a organizar as ideias ou comparar alternativas. Esse formato costuma funcionar bem em temas relacionados a matemática, planejamento ou análises de decisão.

No exemplo “Compare três modelos de carros elétricos sob os critérios de autonomia e custo-benefício e recarga, e só depois conclua qual é o mais indicado para quem busca praticidade no dia a dia”, fica claro que a explicação tem que ser estruturada, e não somente a resposta final.

Role / Persona prompting

Outro recurso poderoso é atribuir um papel para a IA, uma persona (como professor, artista, consultor financeiro, etc) para orientar não só o conteúdo, mas o tom utilizado na resposta.

Por exemplo, “Você é um especialista em finanças para casais. Em linguagem acessível, elabore um passo a passo inicial para ajudar a evitar conflitos financeiros no casamento”. Ou ainda: “Você é professor de química do ensino médio. Explique aos seus alunos a diferença entre ácidos e bases utilizando dois exemplos cotidianos”.

Dependendo do tema, a persona faz com que a IA assuma um estilo mais próximo do que o usuário precisa.

Prompt com formato específico

Em algumas situações, a forma de apresentação é tão importante quanto o conteúdo, e ambos precisam do mesmo destaque visual. É o caso de listas, tabelas, resumos em tópicos ou mesmo um quadro pronto para colar no WordPress.

Exemplos de pedidos para a IA: “Monte uma tabela comparando três modelos de carros elétricos com colunas de autonomia, custo-benefício, infraestrutura de recarga e perfil de consumidor ideal”, ou “Liste em tópicos três benefícios do exercício físico, com frases de até 12 palavras”.

Quanto mais específico for o comando, mais direta será a resposta.

Prompt interativo ou refinado

Por fim, o refinamento do prompt nada mais é do que o ajuste que o usuário faz a cada resposta, até chegar ao resultado ideal

Basicamente, é um ciclo de teste e melhora: a cada avaliação, a pessoa diz para a IA o que deve manter e o que precisa modificar. Por exemplo: “Mantenha a introdução, mas reescreva a parte dos exemplos em linguagem mais acessível”.

Essa abordagem ajuda a refinar as respostas, e evita que a IA comece do zero a cada pedido de alteração no conteúdo.

Erros comuns ao criar prompts

Mesmo com todos os exemplos disponíveis, é fácil cair em armadilhas que podem comprometer a qualidade das respostas. Pensando nisso, selecionamos os cinco erros mais comuns na hora de criar prompts – e dicas para evitá-los.

1 – Fazer solicitações vagas

Imagine a situação: suas férias estão chegando, você quer viajar mas ainda não sabe para onde e não pode gastar muito.

Se você pedir para a IA simplesmente falar sobre viagens, ela pode trazer qualquer coisa relacionada ao tema: destinos, dicas de malas ou qualquer outro fato que pode não lhe interessar. Mas se você perguntar algo como: “Liste cinco destinos na América do Sul para quem pretende viajar em 2025 gastando até R$ 5.000”, terá uma resposta útil.

Para evitar prompts genéricos, pense em como explicar o seu objetivo de forma clara.

2 – Misturar muitas tarefas no mesmo pedido

Reunir várias demandas no mesmo prompt confunde a IA e aumenta a chance de respostas incompletas ou fora de contexto.

Um pedido como “explique o que é a taxa Selic, faça uma tabela mostrando como ela impacta a economia e depois traduza para o inglês”, pode resultar em algo mal formatado. Para obter uma boa resposta, peça a explicação primeiro, depois a tabela, e só no final a tradução.

3 – Não definir um tom ou público-alvo

Você pode obter a mesma resposta da IA de diferentes formas, e isso pode fazer toda a diferença em determinado contexto.

Se você diz somente: “Explique o que é fração”, a resposta pode vir técnica ou genérica demais. Mas se você incluir detalhes como “a explicação é para alunos de 10 anos e deve trazer exemplos visuais, como gráficos de pizza”, o resultado será bem mais eficaz.

4 – Ignorar limitação de tamanho ou formato

Outro erro frequente na criação de prompts é não indicar como a resposta deve ser entregue.

Se não há parâmetros, a inteligência artificial pode não entender direito como criar prompts e entregar um conteúdo diferente do que o usuário precisa. Por exemplo, em vez de simplesmente pedir um resumo do livro Dom Casmurro, especifique que o texto “deve conter até 1000 palavras, subtítulos com listas e linguagem narrativa”. Isso melhora a assertividade da IA e ajuda a evitar retrabalho.

5 – Não refinar o prompt

Em busca da resposta ideal, muitas pessoas acabam refazendo totalmente o prompt e desistem da IA no meio do caminho. Mas, na verdade, basta ajustar o comando a cada retorno, até chegar no resultado que se deseja.

Por exemplo, quem quer organizar os estudos para o Enem, pode primeiro pedir uma sugestão de agenda para 10 dias; depois, distribuir as matérias em 4 horas por dia com os respectivos simulados, e ir refinando até chegar no roteiro adequado.

Resumo das dicas sobre como criar prompts

Ao longo deste guia, vimos que os prompts são muito mais do que simples perguntas: eles têm o poder de acessar todo o potencial da IA – mas desde que elaborados da forma correta.

Para ter bons resultados e otimizar o tempo com a tecnologia, segue um resumo dos pontos essenciais sobre como criar prompts eficientes:

Ao observar todos esses itens, o usuário vai ganhando confiança ao longo do tempo e consegue se comunicar com a IA de forma cada vez mais produtiva.