Como montar uma carteira de dividendos com BDRs?

Especialistas recomendam avaliar regularidade dos pagamentos e projeções, além das variações do câmbio e a tributação

Katherine Rivas

(Crédito: Getty Images)

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Para o investidor que está pensando em montar uma carteira focada em BDRs (Brazilian depositary receipts, recibos de ações listadas no exterior) que pagam bons dividendos é preciso considerar algumas características.

Jennie Li, estrategista de ações da XP, recomenda observar primeiro o dividend yield, indicador que mede o retorno do papel com o pagamento de dividendos. Segundo ela, é importante o investidor monitorar o histórico de distribuição de dividendos das empresas nos últimos anos (pelo menos cinco) para entender se a companhia tem regularidade nas distribuições ou apresentou um retorno elevado em função de algum fator atípico.

Além do histórico, ela aconselha ter em consideração as projeções do mercado para os dividendos futuros – por exemplo, qual o dividend yield que a empresa pode entregar em 2022. “Por meio do dividend yield, o investidor consegue comparar segmentos e ações”, explica.

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Saiba mais em: Dez BDRs para quem busca dividendos em 2022

Há ainda os riscos. Jennie explica que em períodos de alta dos juros, ações estrangeiras que pagam dividendos costumam ser sensíveis. É o caso das utilities (prestadoras de serviços públicos), cujas cotações costumam cair quando os juros sobem. Os dividendos, no entanto, não são afetados.

Outro fator a ser levado em conta é a variação cambial, que tem impacto tanto no ganho de capital com o BDR quanto na distribuição de dividendos. Se o dólar subir em relação ao real, o investidor se beneficia com a valorização da ação e com um dividendo maior. “Porém, se o dólar cair, mesmo se a cotação da ação subir lá fora, o retorno do investidor diminui”, aponta Jennie.

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Tributação dos dividendos de BDRs

Dependendo do país onde se encontra listada a ação, o dividendo sofre tributação. Nos Estados Unidos, por exemplo, principal fonte de origem dos BDRs, o imposto sobre a distribuição de dividendos é de 30%, retido na fonte.

Além deste desconto, o dividendo está sujeito ainda a uma taxa da instituição responsável por emitir o BDR, que normalmente retém entre 3% a 5% do valor distribuído pela empresa. “Em média o investidor recebe 60% a 70% do dividendo pago no final”, explica Jennie Li.

Depois desses descontos, o investidor precisa levar em conta a variação cambial para saber quanto receberá no Brasil.

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No território nacional, os dividendos dos BDRs também estão sujeitos à tributação pela tabela progressiva do Imposto de Renda, que vai de 7,5% a 27,5%, explica Daniel Zugman, sócio das áreas Tributárias e de Planejamento Sucessório da BVZ Advogados. Confira as alíquotas na tabela abaixo:

Tabela progressiva do Imposto de Renda:

 
Base de cálculo R$  Alíquota (%)
Até 1.903,98 0%
De 1.903,99 até 2.826,65 7,50%
De 2.826,66 até 3.751,05 15%
De 3.751,06 até 4.664,68 22,50%
Acima de 4.664,88 27,50%

                                                                                                 

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Fonte: Receita Federal

Desta forma, Zugman explica que quando o rendimento é recebido de uma fonte estrangeira – como é o caso dos dividendos pagos por um BDR – o investidor terá a obrigação de declará-lo mensalmente, via carnê-Leão, gerando os respectivos DARF (documento de arrecadação federal) para realizar o pagamento.

Em caso de BDRs de ações dos Estados Unidos, existem acordos de bitributação nos quais se o valor do imposto retido lá fora for superior ao cobrado no Brasil, não ocorrerá o pagamento efetivo do imposto em território nacional. Nestes casos, a tributação se limitaria aos 30% descontados lá fora, além da taxa cobrada pela instituição responsável por emitir o BDR.

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“Isso pode gerar a falsa percepção de que o dividendo do BDR é isento no Brasil, o que, como visto, não é a realidade”, destaca Zugman.

Mas para BDRs que não são emitidos nos Estados Unidos, a regra segue a tributação progressiva. Zugman exemplifica: “Se o BDR não é dos EUA, e sofreu um imposto retido na fonte de 5%, a tributação da tabela progressiva brasileira poderá descontar mais até 22,5%”, diz.

A alíquota final dependerá do rendimento mensal com dividendos. Além disso, o investidor precisa lembrar que o ganho de capital dos BDRs sofre tributação de 15% no Brasil, diferente das ações, que são isentas no caso de vendas mensais de até R$ 20 mil na Bolsa.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.