Faturamento do ‘esquenta’ Black Friday cai 6,7% em 2023, mostra estudo

Volume de pedidos também caiu 13,5% nos primeiros 15 dias de novembro para 16,4 milhões, na comparação com 2022

Giovanna Sutto

(Getty Images)

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O faturamento do e-commerce nos primeiros 15 dias de novembro, período popularmente chamado de “Black Friday antecipada”, teve queda de 6,7% em relação a 2022, para R$ 6,92 bilhões, segundo dados da Neotrust, empresa de soluções de segurança e tecnologia para o varejo. A pesquisa conta com 2.500 empresas do varejo eletrônico, considera todos os meios de pagamentos e avalia cerca de 1,5 milhão de pedidos por dia.

O estudo da Neotrust também destaca, que nos primeiros 15 dias de novembro, foram realizados 16,4 milhões de pedidos, o que indica uma redução de 13,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando foram feitos 19 milhões de pedidos.

A edição da Black Friday deste ano enfrenta desafios. Se de um lado é o primeiro ano sem pandemia, eleições ou Copa do Mundo, como nos últimos três anos; do outro é um ano com nível de endividamento alto das famílias, de quase 77%, restrição ao crédito e de uma seca histórica na região Norte que promete impactar a logística das varejistas durante a data e o fim do ano.

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Sob este cenário, a expectativa é de uma Black Friday com um patamar de vendas mais conservador, segundo especialistas. Até o volume de fraudes deve cair, diante da menor quantidade de pedidos.

“Já estávamos prevendo uma queda neste balanço parcial. Nos quatro primeiros dias de novembro, a redução era ainda maior: 20% de baixa em pedidos e 15% em faturamento. Então, já prevíamos que a curva seria mais equilibrada, mas ainda em queda para o período pré-Black Friday”, explica Luis Cambraia, líder vendas da Neotrust.

Apesar da queda parcial, a expectativa da Neotrust é que a Black Friday em si, que a empresa considera como o período entre quinta e domingo desta semana, tenha um aumento de 12% no faturamento, para R$ 7,99 bilhões, na comparação com o mesmo período do ano passado.

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Outro destaque é que o ticket médio das compras teve um ligeiro aumento de 8%, para R$ 421, também nos primeiros 15 dias deste mês. Em 2022, quando o faturamento do comércio eletrônico no período atingiu a marca de R$ 7,42 bilhões, o ticket médio na primeira quinzena de novembro foi de R$ 390.

“O aumento do ticket médio vem crescendo desde o terceiro mês deste ano. Para as categorias em alta, como telefonia, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, é esperado que as pessoas aproveitem os descontos para fazer upgrades e adquirir modelos de produtos mais caros que a intenção original”, afirma Cambraia.

Veja os principais números da pesquisa abaixo:

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(Divulgação/ Neotrust)

Seca no Norte pode impactar resultados

Embora as projeções para a Black Friday em si sejam de melhora, há variáveis que podem impactar os resultados. A principal delas, destacada por Cambraia, é a seca na região Norte, que vem afetando o esquema logístico das varejistas — o tema vem sendo discutido em uma série de reportagens publicadas nesta semana pelo IM Business

“A crise no transporte, por conta da seca na região Norte, é um ponto de atenção. Realmente não estão chegando alguns produtos em São Paulo, por exemplo, e isso pode sim afetar o resultado da Black Friday. Com uma oferta menor que a demanda, o varejo vai colocar margem”, diz o executivo. Ou seja, há risco de aumento de preços ou descontos menores para essa edição. Itens como televisões, peças de telefonia e ar-condicionado são produzidos na região.

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O estudo da Neotrust também mostra que os descontos fornecidos nos primeiros 15 dias de Black Friday em novembro existem, mas sua disponibilidade varia de acordo com a categoria.

Do total de pedidos analisados, 34,4% apresentam descontos em relação aos preços de setembro de 2023, enquanto 24,2% tiveram aumento. Aqui foi comparado todo o mês de setembro, com os primeiros 15 dias de novembro.

“Comparamos os preços médios de produtos em setembro de 2023 com os dos primeiros 15 dias de novembro de 2023. A categoria telefonia destaca-se, com 46,9% dos produtos com preços reduzidos, seguida pela categoria Móveis, com 44,6%. Por outro lado, a categoria Ar e Ventilação notou um aumento nos preços de 64% dos produtos”, afirmou Cambraia.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.