Black Friday: veja como fazer o melhor uso de seu cartão de crédito nas compras e não cair em ciladas

Leia 4 dicas para tornar o cartão um recurso poderoso nas ofertas desta sexta (25)

Heloísa Brenha

Cartão de crédito

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Ele é aceito por praticamente todo o comércio, adia pagamentos em até 30 dias, serve para parcelar compras, monitorar despesas, e ainda pode reembolsar parte dos seus gastos via cashback e dar descontos através de programas de milhas ou pontos.

Se bem utilizado, o cartão de crédito pode ser um aliado das suas finanças e um recurso poderoso para aproveitar as ofertas da Black Fridaya grande festa promocional do varejo em novembro, que já está a todo vapor e neste ano culmina nesta sexta-feira (25).

Para fazer bom uso dele, porém, é preciso entender seu funcionamento e se planejar. Apesar de sua conveniência como meio de pagamento, o cartão pode custar caro quando utilizado na função crédito. Essa função, acionada quando a fatura não é paga em dia, gera uma dívida que cresce exponencialmente, a uma taxa de juros que, no Brasil, é de em média de 400% ao ano.

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Planejadores financeiros ouvidos pelo InfoMoney dizem que o segredo está em usar o cartão de crédito, e não o crédito do cartão – o chamado rotativo – para fazer suas compras seja na Black Friday, seja no dia a dia. A seguir, eles explicam como esse instrumento funciona e dão dicas de como fazer bom uso dele. Confira:

Dica #1 – O cartão de crédito não é uma extensão do salário

O cartão de crédito pode ser utilizado tanto como um meio de pagamento (a exemplo de DOC, TED, PIX) como outro qualquer, quanto como um instrumento de crédito. A função “meio de pagamento” se dá toda vez que você passa uma compra no cartão. Já a função “crédito” é acionada quando você não paga a fatura até a data do vencimento ou quando paga, mas numa quantia menor do que a total.

A partir daí, é como se você houvesse contraído um empréstimo: Você fica com uma dívida em aberto com o banco, a loja ou a financiadora que emitiu o cartão, e serão cobrados juros altos sobre o valor não pago já na próxima fatura.

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Para não entrar nessa “bola de neve”, o cliente deve lembrar que o cartão de crédito não é uma renda extra. Ele é um meio de comprar agora e pagar mais tarde, com seu salário ou reserva financeira.

Se pago em dia, o cartão de crédito mantém-se estritamente como um meio de pagamento que oferece algumas vantagens, como comprar hoje e poder pagar em até 30 dias, e oferecer um extrato com todos os produtos e serviços que você adquiriu no mês, podendo ajudar a planejar o seu orçamento.

“Quem usa bem o cartão de crédito costuma até concentrar as compras nele, porque ali você tem um controle mais fácil dos seus gastos”, ressalta Carlos Castro, sócio-fundador da consultoria SuperRico. “O problema é realmente se você não paga a fatura até a data do vencimento.”

No Brasil, cerca de 40% da população adulta – 65 milhões de pessoas – utilizam cartão crédito, principalmente para adquirir itens de necessidade básica, como alimentos e remédios. Esse dado, aliado à oferta cada vez maior de cartões de crédito por outros agentes financeiros que não os bancos – como fintechs, redes varejistas com seus “cartões de loja”, entre outros –, ajuda a entender por que 30% dos consumidores brasileiros hoje estão com faturas em atraso.

“O cartão de crédito aí se torna o vilão, porque o brasileiro, muitas vezes por necessidade, acaba acumulando vários cartões e utilizando a soma dos créditos disponíveis neles como uma extensão do salário”, afirma Castro.

Dica #2 – À vista ou a prazo, vai do gosto – e do colchão – do freguês

É muito pessoal: “Existem, de fato, pessoas que detestam comprar à vista, e pessoas que detestam comprar a prazo”, diz Isabella Brandão, sócia e diretora de alocação da consultoria patrimonial Oikos. A depender da situação, porém, uma forma de pagamento pode ser melhor do que a outra.

Comprar a prazo pode ser melhor se o consumidor se planejou para fazer a compra e separou dinheiro para isso. Ou se tem um “colchão” (reserva financeira) e o lojista ainda oferece desconto se o pagamento for imediato. No entanto, se não houver desconto ou se este não for tão grande, pode ser que as parcelas caibam melhor no bolso do que pagar tudo já na próxima fatura.

“Não adianta fazer uma compra à vista hoje e simplesmente usar todo o dinheiro que tenho na conta [para pagar a fatura], mesmo se houver desconto. Por exemplo, você vai comprar um produto de R$ 10 mil e você tem R$ 10 mil na conta. Você está simplesmente trocando sua segurança financeira por um bem de consumo”, diz.

Para Brandão, a avaliação deve ser a seguinte: “‘Se eu pagar à vista, eu ganho desconto?’ Não, não ganho desconto. ‘Se eu pagar à vista, toda a minha reserva [financeira] será consumida?’ Sim, toda ela ou grande parte. Então, é legal optar pelo parcelamento. Mas, novamente: Isso vai depender da forma como a pessoa gosta de organizar as suas contas domésticas”, diz.

Alguns sentem que o pagamento à vista ajuda a controlar as despesas, pois a cada mês já entra e sai tudo o que foi gasto. Outros sentem que, pagando parcelado, conseguem comprar mais produtos ou produtos de melhor qualidade, dividindo o custo ao longo dos meses.

Para o planejador financeiro Carlos Castro, o desconto e a capacidade de pagamento do cliente devem ser os fatores decisivos. “Normalmente, no Brasil, os produtos parcelados são ditos ‘sem juros’, mas na realidade não existe nada sem juros. Os juros são embutidos na parcela pelo lojista, que é quem está arcando com o financiamento”, explica.

Seguindo seu raciocínio, se o lojista não oferece desconto à vista, na verdade, está dando uma condição pior para quem paga nessa modalidade do que para quem paga a prazo. No entanto, o parcelamento só é uma opção se o cliente tiver segurança de que pode arcar com as parcelas.

“No cartão de crédito, o que não pode é você atrasar aquela parcela. Atrasar aquela parcela significa o seguinte: Parcelou no cartão, só que aí você não pagou a fatura em dia. Ou seja, você está pagando um juro embutido naquela parcela para o varejista, e ainda está pagando o juro no cartão de crédito para a instituição financeira. Vai ficando muito, muito caro”, diz.

Dica #3 – Procure linhas de crédito específicas para bens mais caros

Você pretende aproveitar a Black Friday para fazer uma compra mais cara, como uma moto ou mesmo material de construção para uma reforma, e de repente encontrou uma loja oferecendo ótimos preços e condições vantajosas de parcelamento. Vale a pena passar essa compra no cartão de crédito?

Castro considera que, para esse tipo de compra, o cartão de crédito não é a melhor opção: “Há o crédito que constrói patrimônio, e o que não constrói. O crédito do cartão de crédito normalmente não constrói, porque o juro é muito alto. Ele pode ser acionado em uma compra de emergência, para cobrir uma despesa imprevista e, mesmo assim, o foco tem que ser o de eliminar a dívida o quanto antes”.

Se você encontrou uma boa oportunidade na Black Friday para adquirir bens que servem como ativo financeiro, a recomendação do especialista é “buscar linhas de crédito desenhadas para isso, que são mais baratas.” Há linhas para construção civil e para a compra de veículos relativamente fáceis de acessar e que certamente dão condições de financiamento melhores do que as do crédito rotativo.

Dica #4 – Vá preparado para a Black Friday

A economista Isabella Brandão sugere três passos para quem quer usar o cartão de crédito nesta Black Friday sem preocupações:

  1. Pergunte-se: “Eu realmente preciso disso?”, antes de adquirir qualquer coisa. Preparar uma lista, separando o que a pessoa quer daquilo que ela precisa, ajuda a não comprar por impulso e a planejar a compra. “Você não vai chegar na Black Friday ansioso para achar o que comprar: Não, você já vai saber o que vai comprar antes, não durante o evento”, diz a economista.
  2. Pesquise: Uma vez definido o que você vai buscar na Black Friday, pesquise com antecedência o preço de cada produto em diferentes lojas. Vale tanto começar cedo como utilizar o serviço de sites e aplicativos que comparam e mostram o histórico de preços de cada produto. Para Brandão, isso ajuda o consumidor a evitar promoções fraudulentas do tipo “O dobro pela metade”.
  3. Reserve: Tendo uma ideia dos preços, comece a guardar dinheiro para essa compra (o ideal, é se preparar alguns meses antes) e avaliar se é melhor pagar à vista ou a prazo, como visto na Dica #2. “Quando a pessoa faz esse planejamento, ela já evita 95% dos problemas associados com o cartão de crédito, principalmente o de gastar mais do que deveria”, afirma Brandão.