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Rentabilidade ou vaidade?

Ford, GM, Honda e Toyota, por exemplo, estão atrás de rentabilidade. Já a VW parece que está atrás de vaidade (leia-se, market share)
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras: encerrado o mês de setembro, o mercado automotivo começa a voltar à sua “normalidade”.

Nesse mês que passou, tivemos 198,8 mil carros vendidos, o que representou um crescimento de 14,5% sobre o mês anterior, quando tivemos 173,6 mil veículos comercializados.

Essa retomada gradual nas vendas é um dos principais pontos que devemos comemorar. O resultado de setembro consolida o quinto mês consecutivo de crescimento do mercado (o mês de outubro será o sexto) e esse já é o melhor resultado de vendas do ano.

Também é verdade que essa pandemia quebrou as pernas de muita gente, e isso também ocorreu no mercado automotivo. No acumulado deste ano, temos 1,299 milhão de carros vendidos contra 1,936 milhão no mesmo período do ano passado, o que representa uma queda de 32,9%

O que podemos comemorar com o resultado das vendas de setembro é que o setor voltou a apresentar resultados pré-pandemia. Ou seja, estamos naquela situação que já foi muito bem descrita por Winston Churchill: “Entre mortos e feridos, salvaram-se todos!”

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Um dos destaques para essa retomada do crescimento é a oferta de crédito. Os bancos – por mais incrível que pareça – neste momento extremamente turbulento, continuarão a oferecer crédito. Cada vez mais com taxas menores e prazos maiores.

Mas não abordaremos sobre isso agora. Vamos esperar a B3 divulgar as suas informações no final desta semana/começo da outra para dar um enfoque maior!

O foco deste post é mostrar a dança das cadeiras. E aí, vamos nos centrar nas 20 principais marcas, que correspondem a 99,1% do mercado.

BMW

Entre todas as marcas de volume, a BMW, com seus produtos oscilando entre R$ 200 mil e R$ 900 mil, registrou queda de 4,7% no acumulado. Essa queda foi 7 vezes menor do que a média do mercado, cujas vendas caíram 32,9%.

O mercado de luxo é praticamente imune à crise. Outras marcas que compõem nosso Top 20, como Volvo e Land Rover, estão com retração média de 10,5%. Mas até o momento, os alemães da BMW são os que estão tendo o melhor resultado deste ano.

CAOA-CHERRY

O que é o mais interessante da CAOA-Chery é que eles possuem os melhores comerciais “DO MUNDO”. Brincadeiras à parte, a CAOA-Chery já está mais do que estabelecida como a 11ª marca mais vendida do Brasil. Neste ano, o seu desempenho é de retração de menos de 9%. Ela já ultrapassou marcas como Mitsubishi, Citroen e Peugeot, que possuem muito mais tempo de Brasil do que ela.

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FORD

A Ford, neste ano, registra queda nas vendas de mais de 41% e se encontra na sexta posição do ranking, perdendo a quarta e a quinta posição para a Hyundai e Toyota, respectivamente. E a Renault já entrou no vácuo dela pela briga da sexta posição.

A marca americana anunciou no mês passado que não vai vender mais para as locadoras. A empresa, que possuía uma grande quantidade da sua produção (no caso, o Ford Ka) dirigida a esse público, decidiu (por enquanto) encerrar as vendas feitas por meio desse canal.

Essa decisão da Ford vem alinhada com a tomada de decisão de sua matriz em busca de rentabilidade e não mais de market share. Pois, afinal de contas, todos sabem que o que vale mesmo é dinheiro no bolso.

VOLKSWAGEN

Ahhh… o pessoal do chucrute! Já não bastasse a BMW ser a marca (de volume) com um dos melhores resultados, a VW voltou a ser líder do mercado depois de 20 anos!

Acho que o pessoal lá de São Bernardo está pensando mais em seu bônus de final de ano, e talvez o pessoal da matriz mande alguns milhares de “curry bock wurst” como recompensa (se quiserem mandar alguns para o estagiário, agradecemos!).

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Já abordamos aqui a ascensão da “nova VW”: a empresa se reinventou entrando com tudo no mercado de SUVs com o T-Cross (que virou o SUV mais vendido do país), o Nivus e, para o ano que vem, o Taos.

Que a VW iria liderar as vendas de veículos, a gente já sabia e tinha até cantado a bola, mostrando que o campeonato da indústria automobilística estava com todas as posições em aberto. Mas o ponto central deste feito, é que a VW decidiu ir para o “lado negro da força”.

Se a Ford (SABIAMENTE) decidiu não vender mais carros para as locadoras (nos moldes atuais), a VW fez o caminho inverso nos últimos dois meses: somente em agosto e setembro, quase 25% das vendas da marca foram lá para o pessoal de Belo Horizonte:

Assim como a Ford, a GM (segunda colocada no ranking nacional) também vem diminuindo as vendas por esse canal.

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A grande pergunta que a gente faz é: quanto vale ter o título da marca mais vendida no Brasil?

Montadoras como a Ford e as asiáticas (Honda e Toyota), sabem que é uma roubada descomunal vender seus veículos – do jeito que é feito hoje – para as locadoras.

A GM – nitidamente – tirou o pé deste mercado de março/abril para cá, momento em que a VW aumentou (significativamente) suas vendas para as locadoras.

Ford, GM, Honda e Toyota, por exemplo, estão atrás de rentabilidade. Já a VW parece que está atrás de vaidade (leia-se, market share).

Já as locadoras estão na delas. Elas enxergam as montadoras como “alça de caixão”: quando um sai, sempre tem outro para carregar!

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A VW é a nova líder de mercado. Mas, se retirarmos TODAS as vendas diretas feitas pelas montadoras, o cenário muda bem!

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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