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Como o Volkswagen T-Cross se tornou o carro mais vendido do Brasil

A grande sacada da VW foi colocar o T-Cross na faixa de veículos para o público PNE. Ele está vendendo mais que pãozinho quente
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras, julho acabou de terminar, e o setor automotivo comemora mais uma vitória.

No mês passado, houve a comercialização de 163 mil veículos no Brasil, um crescimento de quase 33% sobre o mês de junho, quando 123 mil carros foram comercializados.

É lógico que o caminho até a plena retomada do mercado é extremamente árduo, já que toda indústria se planejou para produzir/vender 5,5 milhões de carros no ano e, em 2020, nem com reza braba chegaremos aos 2 milhões.

Podemos afirmar que 2020 está sendo um ano um tanto quanto “atípico”… e, parafraseando Drummond, para melhor entendimento:

“…No meio do caminho tinha uma PANDEMIA
tinha uma PANDEMIA no meio do caminho
tinha uma PANDEMIA
No meio do caminho tinha uma PANDEMIA
Nunca me esquecerei desse acontecimento…”

Mas, como diria Milton Leite: segue o jogo!

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Comparando o atual volume de vendas com o mesmo período do ano passado (julho/2019) o mercado registra queda de quase 30% – naquele mês tivemos 232 mil carros vendidos.

No acumulado deste ano, registramos a venda de 926 mil carros, contra 1,481 milhão do período de janeiro a julho do ano passado. Isso implica uma retração de 37%.

Mas é interessante registrarmos que o mercado vem se recuperando, depois da paralisação do final de março até maio.

Em resumo, se compararmos o atual volume de vendas com o resultado do primeiro bimestre, estamos hoje comercializando 13% a menos do que vendemos nos meses de janeiro e fevereiro.

MÊSQUANTIDADE VENDIDA
JANEIRO184.131
FEVEREIRO192.625
MARÇO155.758
ABRIL51.362
MAIO56.593
JUNHO122.696
JULHO163.062

Se “graficarmos” essas informações, teríamos um gráfico em formato de V. Uma forte queda, seguida de uma forte recuperação (toc, toc, toc, bata três vezes na madeira).

Mas qual foi o grande destaque do mês de julho? Ele veio lá do pessoal da Volkswagen.

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Como a sede da VW fica lá em São Bernardo do Campo (SP) e utilizando a fala do morador mais “ilustre” (?) da cidade: “…nunca antes na história deste país…” um SUV apareceu como carro mais vendido!

Isso mesmo! No mês de junho, o carro mais vendido foi o T-Cross, com 10.211 unidades. O SUV da Volkswagen conseguiu neste mês vender 500 carros a mais do que o onipresente, Onix da Chevrolet.

Nós já tínhamos cantando a bola desde o mês passado, mostrando mais uma vez que era GOL DA ALEMANHA, quando a marca tinha cravado o seu T-Cross como o SUV mais vendido do Brasil.

E, novamente, para os alemães da VW colocarem o seu T-Cross como o carro mais vendido, volto àquele clássico momento: “Agora eu SE consagro!”.

Pois, afinal de contas, não estamos falando do Gol, que ficou por alguns milênios como o carro mais vendido no mercado automotivo, mas sim de um SUV (carro de alto valor agregado). Rolou aqui um senhor UPGRADE para o pessoal da VW.

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E como o pessoal deve estar comemorando essa marca, e com o chucrute rolando solto lá em São Bernardo, vou aproveitar e colocar um pouco de água no chopp da galera.

Qual foi o motivo deste grande acontecimento?

Bom… dos mais de 10 mil T-Cross vendidos, percebemos que quase 80% foram de vendas diretas realizadas pela VW, sendo que 90% desse total foi para pessoas físicas.

Em resumo: dos 10 mil T-Cross vendidos, quase 7,5 mil foram venda direta da montadora para uma pessoa física.

E quem é a pessoa física que pode comprar da montadora?

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Temos: produtores rurais, taxistas, funcionários da empresa e o PÚBLICO PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS (PNE).

A grande sacada da VW foi colocar o T-Cross na faixa de veículos para o público PNE. Ele está vendendo mais que pãozinho quente.

E esse resultado do T-Cross é um reflexo da PANDEMIA. Oi?

Explico: o processo para obtenção de toda a documentação para a liberação dos benefícios de isenção fiscal, demora por volta de três a cinco meses. Por exemplo, se eu der entrada HOJE em toda a documentação necessária para a aquisição de um veículo PNE, devo pegar o meu carro só em janeiro do ano que vem.

Os processos, por mais demorados que sejam, contaram com a ajuda da paralisação da fábrica por quase dois meses.

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Neste cenário, quando a fábrica voltou, ela tinha – mais que garantida – a venda destes veículos. E aí, só foi dar o escoamento para a produção.

Para vocês terem noção: se excluirmos da base os veículos que foram vendidos diretamente pela montadora, o líder de vendas volta a ser o onipresente Onix (8 mil carros) e o T-Cross cai para a 13° colocação, perdendo também para: HB20; Ka, Argo, Onix Sedan, Kwid, Polo, Tracker, Corolla, Creta, HR-V e Mobi.

Isso implica em dizer que o resultado do T-Cross neste mês (e até para os próximos) é um reflexo dessa demanda de pedidos que ficou represada. Ou seja…. daqui a pouco o balão vai estourar.

Novamente, parabéns para o pessoal da VW pela marca e pela grande sacada de colocar um excelente veículo para o público PNE. Porém, vamos esperar para ver até quando vai a bonança da VW neste mercado.

Pois, amiguinhos, podem apostar que as outras montadoras estão indo atrás dessa fatia de mercado – e o consumidor PNE agradece!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui. Ou me segue lá no Facebook, Instagram, Linkedin e Twitter.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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