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Gol da Alemanha!

Apita o árbitro e termina o primeiro tempo de 2020: assim como foi em 2014, ainda não chegamos no 7 x 1 - mas lembre-se que o primeiro tempo daquele jogo terminou em 5 x 0. O sofrido mercado automotivo segue a lógica “rodriguiana”: ele se encontra “assim, assim”...
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras: apita o árbitro e termina o primeiro tempo de 2020.

Assim como foi em 2014, ainda não chegamos no 7 x 1 – mas lembre-se que o primeiro tempo daquele jogo terminou em 5 x 0.

O sofrido mercado automotivo segue a lógica “rodriguiana”: ele se encontra “assim, assim”…

Ou seja, o tombo deste ano é mais do que certo, e vamos tentando nos reerguer mês após mês.

Em junho, foram 122,7 mil carros vendidos, o que representou um crescimento excepcional de 116,8% sobre o mês anterior (maio), quando foram vendidos 56,5 mil veículos. Essa é a visão do copo “meio-cheio”.

Contudo, se compararmos os dados com o mesmo período do ano passado, registramos uma forte retração de 42,5%: em junho de 2019, foram comercializados 213,4 mil carros. Essa é a visão do copo “meio-vazio”.

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No acumulado deste ano, temos o total de 763 mil carros vendidos, contra 1,249 milhão no primeiro semestre de 2019. Queda de 38,9%.

O ponto para comemorarmos aqui é o crescimento gradativo que o setor vem registrando no seu volume diário de vendas:

Sabemos que esse volume em junho ainda tem resquícios do que foi vendido nos meses anteriores, quando os consumidores postergaram o prazo de emplacamentos. Porém, o movimento atual nas concessionárias de veículos vem gerando otimismo ao setor.

Além disso, a recuperação é sustentada pela demanda de crédito. Pode-se falar horrores sobre os “malvadões” dos bancos. Mas o fato é que a oferta de crédito para o setor automotivo continua muito aquecida.

Neste ano, segundo a B3, 43,4% de todos os carros vendidos no Brasil foram financiados. Esse é “só” o melhor resultado desde 2011.

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Acreditamos que ainda teremos “bons” meses de vendas em julho e agosto. Porém, quando o ritmo do desemprego e o quebra-quebra das empresas começar a aumentar (provavelmente entre o fim de agosto e o começo de setembro), teremos novamente muitas oscilações.

O pessoal da economia chamaria isso de crescimento em “W”. Mas o estagiário aqui acha que podemos ter um crescimento em Phi “𝜑”.

Ou seja, estávamos no alto, chegamos ao fundo, nos recuperamos e agora vamos procurar o fundo do poço, novamente…

Mas, como diria Milton Leite: SEGUE O JOGO!

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E qual foi o grande destaque deste primeiro semestre?

Bom… tecnicamente, o grande destaque do ano começou no primeiro minuto do segundo tempo – foi registrado no dia 01/07.

A quase septuagenária (aqui no Brasil) Volkswagen, chegou a uma impressionante marca: a montadora passou a ter o SUV mais vendido do Brasil.

Com 20.913 T-Cross vendidos no primeiro semestre, ela ultrapassou o Jeep Renegade, que registrou volume de 20.863 unidades vendidas entre 1º de janeiro e 1º de julho.

Amiguinhos… se nós entrássemos num De Loren, e voltássemos uma década no tempo, não existiria um Cristo que poderia cravar esse acontecimento: imaginar que logo a produtora do Fusca, da Kombi e do “highlander” Gol seria a líder num dos segmentos mais cobiçados, no qual tecnologia e luxo andam juntos.

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O ponto aqui para explorarmos é de quais foram as mudanças que a VW sofreu ao longo do tempo.

A marca, durante muitos anos, sempre foi líder e ponto de referência no mercado automotivo brasileiro. Basta verificar que a VW deve ter vendido uns 5 milhões do “quase” cinquentenário Gol.

Mas ela também pisou demais na bola, mantendo o Gol quase como seu único carro, assim como a saudosa Kombi.

Além disso, praticamente asfixiou e matou os seus fornecedores, até o ponto deles não possuírem mais peças para produção e terem que parar toda as suas fábricas. Isso sem contar o “dieselgate” lá fora.

E tudo isso deve ter dado muito ruim lá para os alemães da VW.

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Afinal de contas, ninguém pode negar de que, quando eles se predispõem a fazer alguma coisa (independentemente de ser boa ou ruim), o fazem com afinco – basta ver que quase fizeram o socialismo funcionar, na antiga Alemanha Oriental.

E foi isso que fizeram… traçaram um plano lá em 2016 (o Transform 2025+) e, de lá pra cá, a mudança da marca foi brutal! A “nova Volkswagen”, com direito a um novo logotipo, veio coroar essa nova fase da marca.

O ressurgimento da VW aqui no Brasil começou com o lançamento de uma série de novos produtos, como o UP; o novo Polo, o Virtus, o T-Cross e, mais recentemente, o Nivus.

A marca é uma das que mais investe na conectividade e digitalização de seus processos. Para vocês terem uma ideia, quando falamos em “concessionária digital”, ela é a que se encontra num estágio mais avançado entre todas as montadoras, já operando.

Além disso, a marca vem realizando altos investimentos para o desenvolvimento de veículos elétricos – aqui no Brasil, teremos mais rapidamente (e acessivelmente) os caminhões da VW. A Ambev, inclusive, já vem testando esses veículos há alguns anos.

Com tudo isso, o sucesso do T-Cross no mercado brasileiro, para o pessoal da VW, é igual aquele momento: agora eu “se” consagro!

Mas vale fazer duas GRANDES ressalvas.

A PRIMEIRA: o bom resultado do T-Cross vem do público PCD (já que ele é um dos carros “menos pelados” para esse perfil).

A SEGUNDA: o pessoal de “Belzonte” parou de comprar carro e, com isso, o resultado do Renegade foi impactado.

Mas… o segundo tempo do ano mal acabou de começar e já está 6 x 0 para os alemães.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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