Urânio resistiu ao coronavírus sem nenhum movimento dos compradores finais; o que esperar a partir de agora?

Nossa análise mostra que o preço do urânio tem que dobrar para incentivar a retomada de projetos antigos
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Como gestor de recursos, estou sempre buscando assimetrias no mercado e/ou em investimentos que possam funcionar como hedge para posições que mantenho.

Como os que acompanham meus artigos sabem, urânio é uma commodity com a qual estou bastante envolvido e que conheço com certa profundidade. É surpreendente saber que a commodity que acredito ter o maior potencial de alta é também o melhor hedge contra a volatilidade do mercado.

De 2011 a 2018, ativos de todos os tipos (ações, bonds, imóveis, criptomoedas, arte, commodities) subiram todos os anos– todos, menos o urânio. Em 2018, vimos uma reversão: o urânio subiu quase 30%, enquanto todos os outros ativos sofreram bastante, principalmente em dezembro.

Em 2019, a reversão ocorreu novamente, com todos os ativos subindo, menos o urânio. Já em 2020, ano do crash mais famoso da nossa geração, todos os ativos caíram, até o ouro, no ápice do selloff, mas não o urânio.

O urânio não só não caiu nos piores momentos do crash, como subiu, e subiu bem. O metal saiu de pouco mais de US$23/lb no começo do ano para mais de US$34/lb na semana passada. Isso tudo sem a intervenção dos compradores finais, as utilities, que ainda devem entrar no mercado com mais força.

As utilities, no momento, estão focadas em resolver seus próprios problemas ocasionados pela pandemia, além de quererem se assegurar de que a alta observada no metal é sustentável, antes de assinar contratos de longo-prazo com as mineradoras.

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Infelizmente, para as utilities, elas não terão muita escolha e os contratos devem começar a ser assinados em breve, já que a maior parte dos contratos de longo-prazo vence até o final de 2022.

Como o ciclo do urânio é bem mais longo do que o de qualquer outra commodity, acredito que esses contratos devam começar a ser assinados no final desse ano. Assistimos a uma alta no preço da commodity de quase 50% em apenas algumas semanas, sem que nenhum comprador final fizesse um movimento.

No final do ano, quando eles tiverem que voltar à mesa de negociação para comprar o metal essencial para a geração de energia limpa e barata, descobriremos realmente onde o preço está.

Fizemos um mapeamento de todas as minas de urânio do mundo e ficou claro para nós que apenas uma das empresas consegue produzir o metal de forma sustentável nesse nível de preço.

Nossa análise mostra que o preço do urânio tem que dobrar para incentivar a retomada de projetos antigos e o começo da produção de novas minas. E o preço vai subir nos próximos anos, na minha opinião, já que o urânio não tem substituto e o custo dele para a operação de um reator nuclear é irrisório.

Estamos vendo uma grande oportunidade de ganhos assimétricos nessa tese de investimento que está se mostrando ainda melhor do que imaginávamos há apenas alguns meses.

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Apesar de algumas ações já terem subido 200% ou 300% desde as mínimas registradas há algumas semanas, ainda vejo valor e enorme potencial de alta. Assim, além de o urânio ter se comportado como um excelente hedge contra o crash vivido em março, ele ainda está se mostrando um investimento sem paralelo.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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