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Demanda por urânio aumentou, mas investimento na produção diminuiu: está dada a receita para uma disparada no preço

É um caso de demanda aumentando, oferta diminuindo e comprador final praticamente indiferente ao preço
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Mais uma vez, tivemos a oportunidade de ouvir o management da Cameco, segunda maior mineradora de urânio do mundo, falar sobre o mercado na sua conferência trimestral.

O tom da conversa não poderia ter sido mais animador. Já conversei diversas vezes com o CFO, pessoalmente e por telefone, e ele sempre foi bastante comedido, mas não dessa vez.

O CEO salientou já de início que a demanda por energia limpa continua crescendo, em função dos apelos por redução de emissões e da crescente adoção de veículos elétricos, ao mesmo tempo em que a oferta está sendo reduzida. Claro, ele lembrou que não há substituto para o urânio.

Mas foi Grant Isaac, o CFO, que realmente empolgou. Ele destacou que as transições de ciclos da commodity se dão normalmente por meio de choques, nunca somente por meio de racionalização. Grant lembrou o que aconteceu em 2007 (choque de oferta) e também em 2010 (choque de demanda) e disse que agora espera um overshooting no preço do urânio.

Os dois executivos lembraram o mercado de que vários investimentos deveriam estar sendo feitos agora para garantir a oferta no futuro, mas justamente o contrário está acontecendo, ou seja, o investimento está sendo reduzido em razão do baixo preço, mesmo após a alta de cerca de 30% esse ano.

Eles também disseram que a produção futura deve desapontar muita gente, já que eles acreditam que várias empresas que se dizem futuras produtoras de urânio não chegarão realmente a produzir o metal.

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Aparentemente, várias utilities ao verem as apresentações dessas empresas chamadas “juniors”, não se preocupam em comprar urânio agora, porque ficam com a impressão, ou até mesmo ilusão, de que o metal será produzido quando elas precisarem.

Além disso, o carry trade, que expliquei na última carta aos cotistas e que corresponde à contratação de médio prazo, foi afetado e está sofrendo uma enorme redução, especialmente com o fechamento de mais duas minas logo no primeiro trimestre do próximo ano.

A Cameco anunciou que ainda está comprando material no mercado spot (à vista) e deve continuar com esse movimento por um bom tempo, até que a mina de McArthur River volte a produzir.

Mais uma vez, vale lembrar: é um caso de demanda aumentando, oferta diminuindo, comprador final praticamente indiferente ao preço, que, por sinal, está muito baixo – abaixo até do custo de produção da maioria dos mineradores.

Disclaimer: Esse texto reflete a opinião do autor e não constitui uma sugestão, recomendação, indicação e/ou aconselhamento de investimento. Nenhuma decisão de investimento deve ser tomada com base nas informações ora apresentadas, cabendo unicamente ao investidor a responsabilidade sobre qualquer decisão que venha a tomar.

O autor detém e negocia ativos ligados ao assunto abordado em sua carteira proprietária e/ou na de clientes sob sua gestão remunerada.

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Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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