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Cãmbio: é hora de mandar recursos para fora?

Bom, hoje o câmbio na Venezuela está 70.000 bolívares para 1 dólar. Aqueles que tiveram a chance de proteger seu patrimônio quando o câmbio estava 200 para 1 e não o fizeram, devem olhar para trás e ter o remorso do século. E não precisamos ir muito longe. Em 2002, o peso argentino valia 1 dólar. Hoje são precisos 25 pesos para adquirir 1 dólar. E isso porque o governo lá vem fazendo reformas, privatizando e tentando melhorar o país. Imagina se os Kirchners ainda presidissem, quanto não estaria o peso hoje?
Por  Marcelo López
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Então acabou a greve dos caminhoneiros no Brasil, que paralisou o país e criou o caos em pouquíssimo tempo. E como acabou (se é que acabou)? Com uma classe se beneficiando e todo o país pagando a conta – de certa forma, voltamos para o lulismo. Aliás, nunca saímos dele, já que Temer foi eleito pelos próprios petistas.

Fatos como esse não são exatamente exceção em países em desenvolvimento. Eles acontecem corriqueiramente e é por isso que faz sentido uma real diversificação dos ativos. Não estou falando em ter um pouco do dinheiro em Bolsa, um pouco na renda fixa, alguns fundos multimercado e imóveis no Brasil. Refiro-me a uma real diversificação, com ativos no exterior que protegem nosso patrimônio e o de nossas famílias contra desvalorizações (como a que vem ocorrendo no país) e nos proporcionam a oportunidade de investir em várias classes de ativos que simplesmente não existem no Brasil.

Imagina um investidor que acha que tem uma diversificação na sua carteira porque tem papéis da Petrobras e acredita que eles lhe dão exposição à commodity (óleo e gás). Pois é que, apesar do razoável desempenho do setor esse ano, as ações da Petrobras desmoronaram 15% em apenas um dia na semana passada devido à intervenção do governo. A tese de diversificação foi pro espaço rapidamente.

Obviamente, em dólar, o prejuízo é ainda maior. Esse ano o real já perdeu quase 20% do seu poder de compra frente à divisa norte-americana. É o crash silencioso, que nos torna mais pobres sem que notemos. Na Venezuela, há apenas 5 anos, era possível trocar 1 dólar por cerca de 8 bolívares. Conversei com alguns investidores naquele país e me contaram que, há cerca de 3 anos, muitos venezuelanos acharam que a situação já tinha chegado ao fundo do poço e que iriam esperar mais um pouco para enviar recursos para o exterior, afinal o câmbio tinha se depreciado bastante e não era esperado mais nenhuma mudança brusca. Nessa época, a relação dólar x bolívar estava em cerca de 200 para 1.

Bom, hoje o câmbio na Venezuela está 70.000 bolívares para 1 dólar. Aqueles que tiveram a chance de proteger seu patrimônio quando o câmbio estava 200 para 1 e não o fizeram, devem olhar para trás e ter o remorso do século.

E não precisamos ir muito longe. Em 2002, o peso argentino valia 1 dólar. Hoje são precisos 25 pesos para adquirir 1 dólar. E isso porque o governo lá vem fazendo reformas, privatizando e tentando melhorar o país. Imagina se os Kirchners ainda presidissem, quanto não estaria o peso hoje?

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Os exemplos acima nos mostram que os governos fazem o que é melhor para eles, quase nunca fazem o que é melhor para a população e prosperidade do país. E quando optam por fazer esse último, o volume de coisas que podem dar errado é tão grande, que quase nunca obtém-se o efeito desejado. Nós temos a obrigação de nos proteger financeiramente da fome inesgotável por recursos dos governos e de desvalorizações absurdas que nos tornam mais pobres. Recursos no exterior mantêm o governo longe e são isentos de IR até o momento da repatriação. Esse é um grande benefício do qual não podemos nos esquecer.

Além de conseguirmos uma real diversificação, melhores retornos e segurança jurídica, recursos no exterior nos agraciam com isenção de impostos até o repatriamento. E, enquanto as pessoas aqui discutem se devem ter exposição a uma empresa ou outra no Brasil (com forte ingerência política – como já dizia Roberto Campos, uma empresa privada é aquela controlada pelo governo e uma empresa pública é aquela que ninguém controla), acreditando que isso é diversificação, investidores com recursos no exterior podem aproveitar milhares de oportunidades que só estão disponíveis fora do país.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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