A Reforma da Previdência poderá reduzir o desemprego?

O mercado de trabalho só tende a melhorar com a mitigação do risco de um calote fiscal e retomada da confiança na atividade econômica

Alan Ghani

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Carteira de trabalho (Foto: Wikimedia Commons)
Carteira de trabalho (Foto: Wikimedia Commons)

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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores.

Nesta coluna, tenho defendido que a reforma da Previdência seria a chave para a retomada da confiança dos empresários, fundamental para reativar os investimentos e fazer o Brasil voltar a crescer. Enquanto não for afastado o risco real de colapso das contas públicas (calote na população), a classe empresarial continuará avessa ao risco, retendo investimentos e contratações de pessoal.

Embora a aprovação da reforma esteja como certa, ainda sobra um grau de incerteza, que será mitigado após a aprovação definitiva do texto no Senado, conforme argumentei no texto da semana anterior (aqui).

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De certa forma, a expectativa de aprovação da reforma já trouxe alguma melhora no setor real da economia. No último mês, foram criados 157.213 empregos formais – maior número desde setembro de 2013 – e a expectativa de de crescimento do PIB para 2020 está em 2,0%.

É claro que o objetivo principal da reforma não é a gerar crescimento econômico, mas melhorar as contas públicas e permitir a sustentabilidade do sistema para as próximas gerações. No entanto, é óbvio que, ao minimizar o rombo fiscal, a reforma da Previdência traz também uma melhora na atividade econômica do país.

Geralmente, quem se opõe a reforma da Previdência costuma dizer que a reforma trabalhista não trouxe geração de empregos e a população “comprou gato por lebre”. Quem argumenta dessa maneira comete dois erros: desconhece os dados e acredita que o mundo é estático, influenciado por apenas uma variável.

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Em primeiro lugar, após a aprovação da reforma trabalhista, o desemprego caiu, conforme gráfico abaixo.  Portanto, é uma mentira dizer que o desemprego não caiu.

(Elaboração/Alan Ghani)

É claro que seria desonestidade intelectual argumentar que a redução do desemprego foi fruto exclusivamente da reforma trabalhista. Para poder afirmar isso, seria necessário encontrar a relação estatística entre reforma trabalhista e redução do desemprego, controlando por demais variáveis, como a atividade econômica, por exemplo.

No entanto, dizer que, com a reforma trabalhista, o desemprego aumentou, não se sustenta.  Os dados provam o contrário: após a reforma trabalhista – coincidência ou não -, o desemprego diminui. Mas não dá para saber se essa redução decorreu dos efeitos da reforma no mercado de trabalho ou melhora na atividade econômica, ou ambos.

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O ponto é que enquanto a Nova Previdência não for aprovada, fica complicado medir os efeitos de outras reformas, diante de um clima muito grande de incerteza. Nesse sentido, como já argumentado em outro texto (aqui), é por isso que a Nova Previdência é a mãe de todas as reformas.

Por enquanto, só podemos afirmar que o desemprego caiu após a reforma trabalhista e que não existe nenhum motivo para ele aumentar após a aprovação, em definitivo, da Nova Previdência. Pelo contrário, o mercado de trabalho só tende a melhorar com a mitigação do risco de um calote fiscal e retomada da confiança na atividade econômica.

Alan Ghani é economista, PhD em Finanças e professor de pós-graduação.

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Alan Ghani

É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.